terça-feira, 17 de agosto de 2010

Canal Livre - Miguel Nicolelis - Parte 4

Miguel Nicolelis


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Canal Livre - Miguel Nicolelis - Parte 3

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.Miguel Nicolelis

Canal Livre - Miguel Nicolelis - Parte 2

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Canal Livre - Miguel Nicolelis - Parte 1

Miguel Nicolelis é premiado pelos NIH

Neurocientista brasileiro recebe Pioneer Award dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), nos Estados Unidos. Auxílio de US$ 2,5 milhões permitirá avançar pesquisas sobre interface cérebro-máquina (foto: Agencia FAPESP)

Divulgação Científica

Miguel Nicolelis é premiado pelos NIH

29/7/2010

Agência FAPESP – O neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, professor da Universidade Duke, foi anunciado como um dos ganhadores em 2010 do Director’s Pioneer Award, programa de apoio a pesquisas dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), nos Estados Unidos.

O programa financia pesquisas consideradas de “criatividade excepcional e com propostas pioneiras” para desafios importantes na pesquisa médica e comportamental.

O auxílio de US$ 2,5 milhões em cinco anos possibilitará expandir o trabalho de pesquisa do grupo liderado por Nicolelis em interfaces cérebro-máquina.

Nicolelis, codiretor do Centro de Neuroengenharia de Duke, passa a integrar uma seleta lista de 81 pesquisadores premiados pelo Pioneer Award desde o início do programa, em 2004. É o primeiro brasileiro a receber a honraria, a principal concedida pelo governo norte-americano a cientistas na área de biomedicina.

Há mais de 20 anos o pesquisador estuda os princípios neurofisiológicos básicos que permitem que circuitos neurais no cérebro de mamíferos produzam comportamentos sensoriais, motores e cognitivos. Tem desenvolvido abordagens experimentais e inovadoras que combinam enfoques computacionais, genéticos, eletrofisiológicos, farmacológicos e comportamentais.

O conhecimento resultante tem possibilitado a evolução da tecnologia cérebro-máquina, um campo revolucionário no qual Nicolelis é pioneiro, em uma ampla variedade de terapias clínicas.

Por meio da tecnologia cérebro-máquina, o grupo do brasileiro tem demonstrado que humanos e outros primatas podem usar efetivamente a atividade elétrica derivada de seus cérebros para controlar diretamente o movimento de dispositivos artificiais e complexos, como próteses e ferramentas computacionais.

Nicolelis planeja usar o Pioneer Award para desenvolver o primeiro ambiente em realidade virtual controlado pelo cérebro e projetado para investigar as propriedades dinâmicas de atividades cerebrais em grande escala. Outra aplicação do auxílio será no desenvolvimento de alternativas para o tratamento de distúrbios neurológicos.

“A pesquisa em interface cérebro-máquina até hoje apenas tocou o enorme potencial biomédico que as tecnologias ativadas pelo cérebro deverão ter no futuro, tanto na neurociência básica como na clínica”, disse Nicolelis.

Nicolelis graduou-se em medicina pela Universidade de São Paulo (1984), onde fez o doutorado em ciências-fisiologia geral (1989), com Bolsa da FAPESP. É também professor do Instituto Cérebro e Mente da Escola Politécnica Federal de Lausanne e fundador do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS). Em abril, o cientista foi eleito para a Academia Francesa de Ciências.

Art and Science Collide to Reveal Matisse Mysteries

O Mistério de Matisse




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domingo, 15 de agosto de 2010

A LENDA DO LOBISOMEM


A LENDA DO LOBISOMEM
 

JÁ la vão muitos anos… Sabe-se lá… talvez séculos!… 

Pelas ruas de Segura, a desoras, nas intermináveis noites de inverno, surgia estranho ser em desordenado tropel que a todos amedrontava.
à sua aproximação, mesmo os mais animosos, sentiam levantar-se os cabelos!… Sol posto, já ninguém saía à rua. E o alegre povo raiano sofria e passava um verdadeiro castigo.
Um dia, um mocetão, valente e destemido, tomou a resolução de averiguar a causa de tão extraordinário fenômeno.
E colocou-se entre o postigo e a porta da casa de seus pais.

Chovia a potes,
O vento era medonho com os seus estridentes jussobios. Parecia impelido pelo demo.
E o mocetão, valente, firme em seu posto, espetou uns momentos; o bastante para se enregelar.
O tropel não se fez esperar e uma sombra negra surgiu.

As pedras da calçada chispavam lume. sombra horrenda resvalava pelas valetas, escoucea va para um e outro lado, fazendo que as próprias ombreiras dos portados deitassem lume.
E o rapaz, agora um tanto assustado, colou-se bem à porta. Parecia petrificado!
O estranho fenômeno avançava cada vez mais em correria vertiginosa, e o rapaz, embora, como se disse, um tanto amedrontado, pôde verificar que se tratava de um monstro horrendo, metade cavalo. metade homem, ferrado de pés e mãos! Estava quási a arrepender-se da sua temeridade!…

Mas, o monstro, seguindo seu caminho, desa pareceu…
Que fazer depois do que vira?
Calar-se ?
E se contasse tudo a pessoas experimentadas sabedoras e consideradas pela sua idade e saber?
Procurou de fato um dos homens mais idosos da sua terra.
E expôs-lhe minuciosamente o que vira.
E o bom velho respondeu-lhe:
 O que tu viste, meu amigo, é um encanto que só se desfará, se alguém tiver coragem de, es condido atrás de uma das cruzes das ruas da nossa aldeia e munido de uma vara com aguilhão, picar o monstro por forma que o faça lançar de si muito sangue.
 Pois deixe o caso comigo. Se aí está o medio… picá-lo-ei eu mesmo, respondeu o rapaz.
 Pois então, toma cuidado, que, se o não pi cares bem, grande perigo corres!…

O rapaz, forte e valente, como se disse, dis posto a dar mais uma prova do seu valor e a livrar a povoação de tão grande desassossego, logo que anoiteceu, recolhidos todos os moradores e fechadas todas as portas, foi colocar-se, por entre vendaval formidável, atrás de uma das cruzes, tendo bem apertada na mão direita forte vara de grande aquiilhão.

Começou a ouvir-se o tropel, pondo-se em breve à vista a infernal figura. O rapaz tremia!
Perdera quási a noção de si mesmo! Fugir?
Bem se lembrava êle do conselho do velho: — Toma cuidado, que se o não picares bem, í/rande perigo corres!… Recobrou ânimo.
Estava ali para vencer ou morrer! Já agora levaria ao fim a sua empresa. Esperou! O monstro avançava a todo o galope.
lobisomem fotos, lobisomem vídeo, lobisomem filme, lobisomem imagensE passou; e, na passagem, o heróico mocetão cravou-lhe bem a grande aguilhada!
E o monstro, como por encanto, desapareceu. O valente moço respirava; mas tremia ainda. O seu coração batia desordenadamente. Foi-se deitar, mas não podia conciliar o sono. Que iria suceder?
Passaram algumas noites e o tropel não mais se ouviu.
 Que estranho fato se terá passado? inqui ria a povoação.

O rapaz (ninguém sabe até onde vai o poder de encantos e bruxarias) contara o seu feito, muito em segredo, só aos mais íntimos.
Passaram dias e passaram noites, e a povoação, de segredo em segredo, veio a saber o que se passara.
E perguntava:
 Mas que figura seria, essa, horrenda e disforme ?
 Seria um lobisomem?
 E quem seria o infeliz?

Passaram ainda mais alguns dias, até que um dos mais considerados moradores de Segura, que havia desaparecido do convívio da povoação, apareceu sem um dos olhos.
Se êle era são e escorreito, se não constara na povoação qualquer desastre, como e onde perderia êle a vista? — perguntavam todos os moradores de Segura.
Fora, evidentemente, o rapaz da aguilhada!. . .
E o povo passou, desde logo, a afirmar como verdade incontestável que o monstro, semi-homem e semi-cavalo, que tanto o incomodara, era por artes do demo ou mercê de encanto, o bom homem que aparecera sem um dos olhos.

 História da Lenda do Lobisomem

Jaime Lopes Dias, "Etnografia da Beira", III, 37- 41. Lisboa, 1929. Mito universal, registaram-no Plínio-o-Antigo, Heródoto, Pompônius Mela, Plauto, Varíão, Santo Agostinho, Isócrates, Ovídio, Petrônio, etc. Articulam a crendice às Lupercais, realizadas em fevereiro em Roma para onde foram levadas da Grécia pelo árcade Evandro. Os colégios dos Lupercos Quintiliares e Fabiano, tiveram um terceiro, Lu perci Julii, onde Marco Antônio era sacerdote-chefe. Em 494 Gelásio proibiu-a, mudando-lhe feição para a solenidade cristã da "festa da Purificação".

Licantropo na Grécia Versiopelio em Roma, Volkdlak eslavo, Werwolf saxão, Wahwolf germano, Oboroten russo, Hamramr nórdico, Loup-garou francês, lubishomem, Lobo-homem, lubizon, luvizom, labishomem em Espanha. Portugal e todo continente americano. N’Africa sobrevive a tradição sagrada das transformações animais. Henri A. Junod conta, ouvido ao preto S. Gana Nkuna, que um marido, desconfiado que a mulher era feiticeira, feriu-a com a azagaia, durante o sono. Mal o golpe atingiu a perna da adormecida, ouviu-se o uivo da hiena e foi este animal que se avistou, no lugar da esposa. No outro dia o marido deparou a mulher dormindo na floresta. Estava ferida na perna. "The Life of a South African Tribe", 2, p. 263-264. Na Ásia sobrexiste o mesmo. Citando o folclore chinês de Leon Wieger Gustavo Barrozo narra que no distrito de Tcheng-Ping, do Kian-Tcheu, um aldeão fora atacado por um lobo, subindo a uma árvore para livrar-se do assalto. O animal ainda abocanhou-lhe a calça mas fugiu, alcançado por uma machadada na cabeça. Depois soube que um seu velho amigo estava ferido na cabeça e com fiapos da calça na dentuça, "O Sertão e o Mundo", p. 57-73.

No "Cancioneiro de Resende", o poeta fidalgo Álvaro de Brito Pestana fala: "Sois danado Lubishomem". Estudei longamente este mito no meu "Geografia dos Mitos Brasileiros", analisando-, com a documentação antiga e m derna, depoimentos populares, sua evolução modificação. No "Satyricon", cap. LXII (trad. de H. Héguin de Guerle), na conhecida narra tiva de Niceros, Petrônio repete o episódio. Um lobo assaltou o redil e foi ferido no pescoço Niceros encontra o seu companheiro de viagem a quem assistia o encantamento, tratando-se, pela mão do médico. Intellexi illum versipellem esse. Compreendi que era lobishomem. No Brasil o desencantamento é o mesmo de Portugal, fonte de mito, talqualmente registou o sr. Jaime Lopes Dias, o etnógrafo da Beira.
Fontes: 
Os melhores contos Populares de Portugal. 
Org. de Câmara Cascudo. Dois Mundos Editora.
Gentileza: CONSCIENCIA:.ORG

A BELA ADORMECIDA - Perrault


A BELA ADORMECIDA NO BOSQUE

UM príncipe amava a caça de tal sorte que viva sempre nas florestas e tapadas, procurando peças. Uma vez perdeu-se num bosque e caiu a noite antes que lograsse sair dele. Lá pela noite cerrada encontrou a cabala de um lavrador que agasalhou como pôde, dando-lhe de cear e conver sando. Pela manhã, o príncipe viu por cima do arvoredo as torres de um castelo desconhecido e perguntou quem ali morava. 0 lavrador respondeu que era história velha do tempo antigo. O príncipe insistiu para saber e o velho Ilha contou.

Era ali o palácio de um rei que não tinha filhos quando muito os desejava ter. Finalmente a rainha deu à luz e houve muita festa, convidando o rei todas as fadas para o batizado, mas esqueceu de convidar a fada mais velha porque não se ouvia mais falar nela, julgando todos que houvesse morri do. No dia do batizado as fadas compareceram e também a fada velha que vinha zangada por não ter sido chamada também. As fadas foram para perto do berço da menina que nascera e deram os dons de ser bonita, alegre, agradável, trabalhadora, prudente, fiel, etc. Quando acabaram, a fada velha fadou que a menina havia de meter às unhas uma pua de roca e morreria aos quinze anos. Todos ficaram muito tristes mas apareceu a fatela mais moça, que se escondera, dizendo que não podia desman char os fados já dados mas fadava a menina para que dormisse cem anos sem ficar velha e fosse despertada por um príncipe com quem casaria, sendo muito feliz.

O rei proibiu que se fiasse no reino, para que a menina não cumprisse a sina, mas foi debalde porque, com quinze anos, a princesa encon-ou uma roca e querendo-a mexer, meteu uma pua nas unhas e caiu como morta. Todos que estavam O castelo adormeceram também e os pais da meni na já morreram; o reino mudou-se para longe fe só ficou o castelo que é aquele que se vê todo cercado pela floresta.
0 príncipe ficou ansioso para verificar a ver-ade e, despedindo-se do lavrador, dirigiu-se ao caseio, atravessando com dificuldade a mata de espinhos que o cercava. Encontrou um palácio grande e bonito e cheio de gente dormindo por todos os cantos, criados, camareiros, soldados, oficiais, cozinheiros, até os animais dormiam no estábulo e cavalariça. O príncipe subiu e passou por muitas salas douradas onde as damas estavam adormecidas e, num quarto muito adornado, viu uma moça linda dormindo numa cama. Aproximou-se, tomou-lhe a mão, beijou-a e a moça abriu os olhos, sorrindo.
Logo todo palácio acordou e foi um barulho de ordens e passos, vozes de animais e músicas. O príncipe ficou muitos dias com a princesa, sem ter coragem de deixá-la.

Voltou para casa e sempre que podia vinha ter ao castelo para ver sua mulher e no correr dos anos, dois filhos vieram, um menino de nome Cravo e uma menina chamada Rosa. A rainha velha vivi desconfiada por seu filho não mais querer ficar n corte, mas nada descobriu. Quando morreu o rei o príncipe foi coroado e mandou buscar a princes e os dois filhos, recebendo-a como rainha soberana A rainha velha ficou furiosa e pensou em mandar matar a nora logo que pudesse.

Sucedeu que o rei foi para a guerra e a rainha velha resolveu fazer mal à inocente princesa. Chamou um criado de sua confiança e mandou que agarrasse o menino Cravo e fizesse dele um guisado! para ela comer. O criado furtou o menino mas não teve coragem de o matar; escondeu-o na sua casa, j matou um cabrito e guisou-o para a rainha velha, que o comeu todo, dizendo estar muito gostoso. Dias depois fez a mesma cousa com a princesa ! Rosa e novamente o criado escondeu a menina em sua casa e a rainha velha comeu uma ovelha pensando que comia a neta.

Faltava a nora que vivia chorando com a perda dos filhos. A rainha velha acusou-a de ser falsa ao filho e mandou prendê-la, condenando-a a ser queimada viva na praça pública. Arrumaram a fogueira e a princesa já estava amarrada ao poste e o carrasco com o archote na mão para pôr fogo a tudo, quando apareceu o rei, correndo a brida solta, em socorro de sua mulher, cuja sorte lhe fora comunicada pelo criado que fugira para ir ao seu encontro. O rei agradou muito a mulher, e a rainha velha, logo que o viu, saltou pela janela, quebrando o pescoço nas lajes do pátio. O criado foi buscar Cravo e Rosa e os entregou aos pais, contando o que fizera. O rei o recompensou muito bem, trazendo-o sempre perto a si, e todos viveram felizes.

E’ versão do Porto. Teófilo Braaga regista uma do Algarve, que deve ser secular pela construção, A saia de esquilhas, onde a princesa é salva por seu marido ouvir o rumor dos guisos que enfeitavam sua saia. A versão que colhi mantém, fielmente, a tradição clássica de Perrault, que lhe deu forma, ouvindo-a das doces vozes familiares. Dessa saia de esquilhas sei apenas de sua presença figurando entre os vestidos que a menina pede ao pai para não casar-se com êle, Pele de Asno, Pele de Burro, Cara de Pau, que têm no Brasil a versão Bicho de Palha, incluída por mim no Contos Tradicionais do Brasil, F. 821.1.5 no "Motif-Index de Stith Thompson. (III, 175).

A versão do Porto é a mesma de Perrault. O Mt. 410 de Aarne-Thompson, Sleeping Beauty, não regista, nos elementos, a antropofagia da sogra da princesa. De indispensável leitura, tratando de conto de Charles Perrault, é o volume de P. Saintyves, Les contes de Perrault et les récits parallèles, leurs origines, costumes primitives et liturgies populaires. Paris, 1923, corn as naturais ressalvas às suas interpretações meteorológicas.
 Fonte: CONSCIENCIA:.ORG