sábado, 28 de dezembro de 2013

ANA DE ÁUSTRIA - RAINHA DE FRANÇA


 
Vida Medieval (Dublado HD Completo) The History Channel -88min.

Sinopse: Neste especial, Mike Loades, historiador e especialista em armas, vai nos levar através do mundo medieval, em uma viagem cheia de ação e emoção. Separaremos os mitos da realidade e teremos a experiência de viver, trabalhar e lutar durante esta época extraordinária.

Documentário completo The History Channel
Vida Medieval (Dublado HD Completo)


Ana de Áustria, rainha de França

Ana de Áustria, rainha de França.
Ana de Áustria, rainha da Polónia e Suécia.
Ana de Áustria pode-se referir a:
Ana de Áustria
Rainha Consorte de França e Navarra
Infanta de Espanha
AnnaofAustria01.jpg
Governo
Consorte Luís XIII de França
Casa Real Habsburgo
Vida
Nascimento 22 de setembro de 1601
Valladolid, Espanha
Morte 20 de janeiro de 1666 (64 anos)
Paris, França
Sepultamento Basílica de Saint-Denis, Paris, França
Filhos Luís XIV
Felipe d’Orléans
Pai Felipe III de Espanha
Mãe Margarida de Áustria

Ana Maria Maurícia de Habsburgo (Valladolid, 22 de Setembro de 1601 - Val-de-Grâce, 20 de Janeiro de 1666), foi uma infanta da Espanha e de Portugal, Arquiduquesa da Áustria e Princesa da Borgonha e dos Países Baixos. Filha primogênita do rei Filipe III de Espanha e de sua mulher, a arquiduquesa Margarida da Áustria, casou-se em 1615 com Luís XIII de França, sendo mãe de Luís XIV e de Felipe I d'Orleães.

Infância


Infanta Ana Maria Mauricia
Ana de Áustria nasceu no Palacio de Benavente, em Valladolid, Espanha, e foi batizada Ana María Mauricia. Foi a filha mais velha de Felipe III e de Margarida da Áustria. Era Infanta de Espanha e de Portugal, Arquiduquesa da Áustria, Princesa de Borgonha e dos Países Baixos.
Aos 10 anos, ficou noiva do futuro rei Luís XIII de França, filho de Henrique IV. Aos 14 anos, casou-se por procuração em Burgos, no dia 24 de novembro de 1615. Enquanto os espanhois entregavam, Ana para casar-se com Luís XIII, os franceses por sua vez entregavam Isabel de França, irmã de Luís XIII, para casar-se com Felipe IV de Espanha, irmão de Ana de Áustria. Este duplo casório era uma prenda de paz e amizade entre a Espanha e França. Entretanto as duas princesas tiveram de renunciar aos seus direitos à coroa.

Na França


Ana de Áustria a cavalo
Nos primeiros anos como consorte, foi ignorada pelo marido e pela sogra, Maria de Médici, que ocupava sua possível esfera de influência. Ana e Luís eram pressionados para consumar o casamento, mas Luís XIII via em sua esposa apenas uma espanhola, ou seja, uma inimiga. Enquanto isso, Maria de Médici continuava a agir como Rainha de França, sem se importar com a nora. Solitária, Ana de Áustria cercou-se de damas de companhia espanholas e continuou a viver e a vestir-se de acordo com a etiqueta espanhola, não conseguindo melhorar seu francês.

Em 24 de abril de 1617, Luís XIII trama a morte de Concino Concini, primeiro-ministro de Maria de Médici. Acontece um golpe de Estado, Luís sobe ao trono e exila sua mãe no castelo de Blois. Na verdade, Luís XIII substituiu Concini por seu próprio favorito, o duque de Luynes, que acumula títulos e fortuna, o que cria discórdia entre alguns, pois é um péssimo estadista. Enquanto esteve no poder, o duque de Luynes tentou remediar a distância formal entre Luís e sua rainha. Substituiu as damas espanholas de Ana de Áustria por damas francesas, entre as quais Marie de Rohan-Montbazon, sua esposa. Ana começou a se vestir à maneira francesa e, em 1619, Luynes pressionou o rei a consumar o casamento com ela. O rei desenvolveu alguma afeição pela rainha.

Uma série de abortos desencantou o rei e esfriou as relações entre o casal real. Em 14 de março de 1622, enquanto brincava com suas damas, Ana caiu de uma escada e sofreu seu segundo aborto. Luís XIII culpou a Sra. de Luynes por ter incentivado a rainha. Depois disso, o rei passou a ser intolerante com a influência que a duquesa de Luynes exercia sobre Ana. A situação piorou após a morte do Duque de Luynes (dezembro de 1621). A atenção do rei foi monopolizada por sua guerra contra os protestantes, enquanto a Rainha defendia o casamento de Maria de Rohan com o amante, o Duque de Chevreuse.

Luís XIII nomeou o Cardeal de Richelieu seu conselheiro. A política externa de Richelieu baseava-se na luta contra os Habsburgos, o que causou tensão entre o rei e a rainha, que permaneceu sem filhos por mais dezesseis anos. Entretanto, Luís XIII dependia cada vez mais de Richelieu, que em 1624 era já seu primeiro-ministro.

Alta e bonita, devota, teimosa, de pouca cultura, Ana recebeu do marido provas de pouca afeição. Teria sido cortejada pelo Duque de Buckingham, o que custou a este a expulsão de França e a aversão de Luís XIII e de Richelieu. Sob a influência da Duquesa de Chevreuse, a rainha envolveu-se em várias intrigas contra as políticas de Richelieu e foi acusada de participar na conspiração do Duque de Chalais e na conspiração da amante de Luís XIII, Cinq Mars. Em 1635, a França declarou guerra à Espanha, colocando a rainha em uma posição insustentável. Ana correspondia-se em segredo com seu irmão Filipe IV de Espanha. Em 1637, tornou-se suspeita de traição, e Richelieu passou a verificar toda a sua correspondência. A Duquesa de Chevreuse foi exilada e a rainha foi mantida sob constante vigilância. Richelieu mandava espioná-la e falava constantemente mal dela ao rei.


Ana de Áustria com seus dois filhos: Luís XIV e Filipe d'Orleães

Ana de Áustria com seu filho Luís XIV

Nasce um herdeiro

Surpreendentemente, é neste clima de desconfiança que a rainha fica grávida. Uma tempestade impediu o rei de regressar a Paris e obrigou-o a dormir com a rainha no Castelo de Saint-Germain-en-Laye. Em 5 de setembro de 1638, nasce o delfim Luís Dieudonnè, garantindo a linha sucessória dos Bourbon. Este nascimento conseguiu restabelecer a confiança entre o casal real. Em 1640, nasce o segundo filho de Ana de Áustria e de Luís XIII, Felipe d'Orleães. Mesmo após estes nascimentos, Luís XIII tentou impedir que Ana conseguisse a regência da França após sua morte, o que aconteceu em 11 de maio de 1643, pouco tempo depois da morte do Cardeal de Richelieu.

Regente da França

Foi regente em 1643, obtendo do Parlamento cassar o testamento do marido, que limitava seus poderes. Morto em 1642 Richelieu, ela entregou o poder como Primeiro Ministro a Jules Mazarin, cardeal Giulio Mazarino, que se tornou seu favorito, no difícil período da Fronda. Quando terminou a Fronda parlamentar, em 11 de março de 1649, em Rueil, Ana e Mazarino concluíram a paz com o Presidente do Parlamento de Paris, Mathieu Molé.

Na época da monarquia, os magistrados exerciam a justiça, tendo também por missão registrar os editos reais. Em 1648, Ana governava como regente por ser mãe do jovem rei Luís XIV, uma criança de nove anos, e se beneficiava dos úteis conselhos do Cardeal. O país teve guerras externas contra os Habsburgos, que forçaram ao aumento dos impostos. Bastou isso para que os privilegiados se rebelassem. Em 13 de maio de 1648, o Parlamento de Paris convidou seus colegas provinciais a reformar o que estimava serem abusos do Estado. Ana fingiu submeter-se, depois mandou prender o chefe dos rebeldes, como se conhecia, os frondeurs, que era o popular Pierre Broussel. Paris se levantou em armas, o conselheiro teve que ser libertado.

Tendo a França ganhado a guerra, assinado os tratados de Westfália, Mazarino e a Regente decidiram dar fim à Fronda. Em 5 de janeiro de 1649, com o jovem rei, fixaram residência em Saint-Germain-en-Laye enquanto o exército real, comandado pelo príncipe de Condé, apelidado le Grand Condé, sitiava Paris. Os parlamentares, que detinham muitos privilégios graças à monarquia, não tinham vontade de uma revolução. Preferiram entregar as armas, apesar do ódio que tinham ao estrangeiro italiano, Mazarino.

O Cardeal e a Regente lutaram depois contra a Fronta dos Príncipes, mais violenta mas atrapalhada. Depois de ter tomado o partido do rei contra os parlamentares Condé, o antigo vencedor de Rocroi, descontente porque Mazarino se mantinha no poder, intrigará com outros grandes aristocratas: seu irmão, o Príncipe de Conti, o duque e a duquesa de Longueville, o Cardeal de Retz. Preso, Condé foi detido em Vincennes por 13 meses. Diante da anarquia célere, Ana se resignou a libertá-lo, fingiu separar-se de Mazarino. Condé tomou a chefia da Fronda. Combateu na rua de Santo Antônio (o faubourg Saint-Antoine) em 12 de julho de 1652 contra seu eterno rival, Turenne, que voltara ao partido do rei. Entrou mesmo em Paris, mas sua falta de habilidade, sua aliança com os espanhóis, causarão a derrota de seus partidários e ao retorno de Mazarino. Luís XIV poderá penetrar então em sua capital. Lembrando seus temores de menino, guardará rancor contra os parisienses e mais tarde escolherá abandonar o palácio do Louvre, residência da corte há quatro séculos, e construir um novo palácio em Versailles.

A monarquia francesa sairá mais forte das provas da Fronda, enquanto a Inglaterra experimentará a República depois de ter executado seu rei Carlos I. A França evoluirá para uma monarquia absoluta e a Inglaterra para uma monarquia constitucional.

Ultimos Anos

Em 1659, a guerra com a Espanha, terminou com o Tratado dos Pirinéus. No ano seguinte, a paz foi cimentado pelo casamento do jovem rei com a sobrinha de Ana, a infanta espanhola Maria Teresa de Espanha.
Em 1661, com a morte de Mazarin, Ana, tornou-se a principal padroeira da Compagnie du Saint-Sacrament. Foi também nesse ano que nasceu seu primeiro neto Luís de França. Muitas outras crianças nasceram, mas nenhuma sobreviveu à infância. Algum tempo depois, Ane retirou-se para o convento de Val-de-Grâce, que mandara construir, e foi lá, onde mais tarde ela morreu de câncer de mama. Sua dama de companhia, Madame de Motteville escreveu a história da vida da rainha em suas Mémoires d'Anne d'Autriche. Ana foi vista como uma mulher brilhante e astuta, era também uma das figuras centrais no romance de Alexandre Dumas, pai, Os Três Mosqueteiros.

Posteridade

  1. Luís XIV (St-Germain-en-Laye 1638-1715 Versailles); le Roi-Soleil.
  2. Filipe I d'Orleães (St-Germain-en-Laye 1640-1701 castelo de Saint-Cloud). Em 1643 chamado Monsieur; Duque de Anjou 1640-1660; Duque de Orleans, de Valois, de Chartres (1660-1671), Duque de Nemours em 1672; Duque de Montpensier em 1693. Príncipe de Joinville. Duque de Beaupréau, Duque de Châtellerault, Duque de Chartres, Príncipe des Dombes, Delfim do Auvergne, Marquês de Mézières, Conde d'Eu, Conde de Saint-Fargeau, Barão de Beaujolais. Foi o tronco da III Casa de Bourbon-Orléans.
Precedida por:
Maria de Médici
Rainha de França
Blason France moderne.svg

24 de Novembro de 161514 de Maio de 1643
Sucedida por:
Maria Teresa de Habsburgo
Precedida por:
Filipe de Habsburgo
Princesa herdeira de Portugal
Armas principe herdeiro portugal.png

22 de setembro de 16018 de abril de 1605
Sucedida por:
Filipe de Habsburgo



 Fonte:
Wikipédia 
Publicado em 27/12/2013-Licença padrão do YouTube












sábado, 21 de dezembro de 2013

RENÉ GUÉNON : MENTOR UNIVERSALISTA

 

René Guénon


René Guénon nasceu em Blois, no famoso Vale do Loire, na França dos castelos de contos de fadas, e morou e estudou por vários anos no Quartier Latin – centro da agitação cultural parisiense. Mas foi no Oriente que ele encontrou inspiração e suporte intelectual para sua vasta obra (27 livros, publicados nas principais línguas, inclusive o Português), especialmente na filosofia do Vedanta da Índia, na sabedoria chinesa e no sufismo, cujos princípios universais ele tratou de reelaborar em estilo acessível aos ocidentais. Ele foi, assim, o mais oriental dos filósofos europeus no século XX; tão oriental, de fato, que viveu com a família seus últimos 20 anos no Cairo.

René Guénon foi o mentor do método ‘universalista’ de estudo dos legados intelectuais das diferentes civilizações, tendo sido um dos primeiros a apontar para a solidariedade substancial dos patrimônios culturais das distintas tradições e para seus fundamentos filosóficos comuns, por trás das diferenças de doutrinas, ritos, moralidades e formas artísticas. Ao mesmo tempo, foi um crítico severo do exclusivismo religioso e de todo ‘comunalismo’ e fundamentalismo extremista. Foi também um pioneiro da crítica da mentalidade materialista e individualista de nossos tempos. Para ele, o moderno Ocidente vive em profunda crise de valores e de sentido porque se separou de suas raízes espirituais e esqueceu as dimensões mais profundas da existência.

Guénon foi, ainda, incomparável na exposição e explicação dos símbolos e mitos nas diversas culturas. Seu livro Símbolos da Ciência Sagrada (S. Paulo, Pensamento, 1993) é uma prova disso.

Nas primeiras décadas do século XX – quando começou a publicar seus livros e artigos – ele por assim dizer se ergueu, praticamente sozinho, para expor com precisão ‘matemática’ as contradições do mundo e da mentalidade de então. Mundo o qual a grande maioria dos homens acreditava ter um futuro róseo e radiante, cegados que estavam pelo encanto do ‘culto’ da ciência e da tecnologia, que a todos os problemas, afinal, resolveria. O pensamento quase unânime de então era que tudo ia se tornar cada vez melhor, graças ao progresso da técnica, e que o homem finalmente estava se encaminhando para o paraíso.

Como um João Batista do século XX, ele foi a voz que clamava no deserto do racionalismo europeu. Como um Atanásio, lutou sozinho contra os erros e as ilusões de uma mentalidade que ele considerava materialista, relativista e racionalista. Racionalista por crer na razão individual como a única fonte e como a única legitimadora de toda forma de conhecimento. Materialista por crer, do mesmo modo, que só a matéria, o que pode ser pesado, mensurado e tocado, é real; que por não poder ser quantificado, o espírito não é real. Relativista por negar o conceito do Absoluto, seja no campo filosófico, religioso, ou mesmo ético, moral e social; por pretender relativizar tudo que é objetivo, tornando , portanto, tudo subjetivo e instável.

Guénon surgiu como um autor singular por tratar destas profundas questões de uma perspectiva puramente intelectual e objetiva; em seus escritos, as dimensões moral e sentimental, a despeito de seu valor, não constituem o principal vetor, que é, ao contrário, representado pela inteligência e o discernimento.

A despeito de sua importância e do impacto causado pela força de suas idéias, os biógrafos de Guénon ressentem-se da carência de informações acerca de sua vida pessoal. Pois o autor francês sempre foi extremamente reservado e não tinha o menor interesse pela individualidade, nem a sua, nem a de outros. Característica esta diametralmente oposta ao de nossos dias, nos quais a curiosidade ilimitada das pessoas e o furor dos meios de comunicação de massa em saciá-la colocam as informações mais reservadas e privadas de determinado indivíduo praticamente ao alcance de todos. Guénon considerava-se apenas um transmissor da sabedoria perene, e não reivindicava em absoluto qualquer ‘originalidade’ . Ele fazia tanta questão do anonimato que um leitor de seus livros – que era seu vizinho no Cairo – ficou perplexo ao descobrir, quando de sua morte, que a pessoa em questão era ninguém menos que o famoso René Guénon!

O que se sabe da vida do indivíduo é, assim, inversamente proporcional à profundidade e influência de sua obra; quanto a este último ponto, basta dizer que ao longo da última década dezenas de livros foram publicados sobre ele e também que, se consultarmos um desses buscadores eletrônicos na Internet, como o Google, por exemplo, centenas de páginas aparecerão ao digitarmos o nome de Guénon. Seja como for, sabemos ao certo que René-Jean Marie Joseph Guénon nasceu em Blois, no Vale do Loire, na França, em 15 de novembro de 1886. Seu pai, Jean-Baptiste Guénon, era arquiteto; sua mãe, Anna-Leontine Jolly, dona de casa; ambos católicos piedosos, deram ao filho uma educação religiosa tradicional. (Isto, contudo, não impediu que ele manifestasse certa incompreensão acerca de alguns aspectos da perspectiva cristã, assunto que discutiremos mais adiante.)

Profundamente interessado por filosofia e matemática desde a juventude, Guénon mudou-se para Paris em 1904, aos 18 anos de idade, para prosseguir seus estudos no Collège Rollin.

Na capital francesa, envolveu-se com o movimento ocultista que então agitava parcela do mundo intelectual e artístico parisiense. Foi, por exemplo, admitido numa ‘ordem martinista’, a qual seria um suposto ramo da ‘cavalaria cristã’, e também na ‘Fraternidade Hermética de Luxor’, bem como em algumas obediências maçônicas e na ‘Igreja Gnóstica’. Chegou mesmo a assumir posições de destaque nessas organizações, algo que lhe propiciou informações preciosas para a sua posterior e radicalmente crítica postura anti-ocultista. Sua intensa participação nessas sociedades foi, neste sentido, providencial. Rompeu com o ocultismo, considerando-o uma contrafação, desprovida de qualquer ensinamento sério: “O equívoco da maior parte dessas doutrinas pseudo-espiritualistas é o de ser não mais do que materialismo transposto a outro plano, e de querer aplicar ao patrimônio do espírito os métodos que a ciência ordinária emprega para o estudo do mundo material”, ele escreveu em dezembro de 1909.

Sobre o ocultismo em geral, escreveu livros como L'Erreur Spirite, publicado originalmente em Paris em 1923, e Le Théosophisme - Histoire d'une pseudo-religion, de 1921, obras que não perderam sua relevância e que continuam sendo publicadas, lidas e debatidas. Desnecessário dizer que, por causa delas, granjeou visceral oposição de parte do submundo ocultista em geral. A este respeito, é interessante reproduzir aqui o que Mircea Eliade escreveu:

“A crítica mais erudita e devastadora de todos esses assim chamados grupos ocultistas foi feita, não por um observador externo racionalista, ‘de fora’, mas por um membro do círculo interno, alguém devidamente iniciado em algumas de suas ordens secretas e familiarizado com suas doutrinas ocultas; ademais, esta crítica foi feita, não a partir de uma perspectiva cética ou positivista, mas a partir do que ele chamou ‘esoterismo tradicional’. Este crítico culto e inteligente foi René Guénon.” (Ocultismo, Bruxaria e Correntes Culturais. Belo Horizonte, Interlivros, 1979. p. 59.)

Nesta mesma época, nas primeiras décadas do século XX, Guénon entrou em contato com hindus da escola Advaita-Vedanta, com quem aprofundou seus conhecimentos da metafísica não-dualista de Shankara – o principal formulador desta doutrina –, os quais utilizaria em toda a sua obra subseqüente. Vem daí também seus contatos com o meio católico francês, no qual pontificavam figuras como o filósofo neo-tomista Jacques Maritain e o padre Sertillanges, entre outros.

Guénon passou a escrever então, década de 1920, para a revista católica Regnabit. Contudo, a reivindicação para a Igreja, por parte de alguns desses intelectuais, da posse exclusiva da verdade, forçou Guénon – em razão de sua postura ‘universalista’ e não exclusivista – a deixar seu quadro de colaboradores. Alguns mais exaltados, não contentes com isto, chegaram a levar ao Vaticano um pedido para incluir seus livros no famoso Index. Mas o papa de então, Pio XI (1922-1939), bem como seu sucessor, Pio XII (1939-1958), negaram o pedido, demonstrando compreensão pela essência dos seus ensinamentos.

Pouco antes disso, em 1917, foi nomeado professor de filosofia na Argélia, onde viveu cerca de um ano; foi seu primeiro contato direto e prolongado com o mundo do Islã. Após a morte de sua primeira mulher, Bherta Loury, ele abandonou Paris, em 1930, com destino ao Cairo. Seu objetivo era pesquisar e traduzir textos da mística islâmica. Consumado poliglota, sabia também o latim, o grego, o hebraico, o sânscrito, o alemão e o espanhol. Habitou numa casa simples, situada nos arredores da capital do Egito, até 1951, quando faleceu. Seu cotidiano era totalmente dedicado ao estudo e à escrita, além da manutenção de uma espantosa correspondência com interlocutores em quase todas as partes do mundo, inclusive o Brasil. Seu primeiro tradutor para o português, Fernando Guedes Galvão, de São Paulo, correspondeu-se com ele por mais de duas décadas, de 1929 a 1950. No Egito, Guénon se casou novamente, com Fátima, filha de um cheikh da centenária confraria mística Qadiriah, e teve quatro filhos.
Guénon é autor de livros até hoje considerados importantes para se entender a crise de valores do mundo contemporâneo, algo que tem sido admitido mesmo por aqueles que não esposam suas idéias; o prêmio Nobel de literatura de 1947, André Gide (1869-1951), por exemplo, escreveu em seu diário:
“O que me teria sucedido se eu tivesse lido os livros de René Guénon em minha juventude? Nesta altura, porém, eles ainda não haviam sido escritos. Agora é demasiado tarde, os dados já estão lançados. Mantive-me e mantenho-me ao lado de Descartes e de Bacon. Não importa! As obras de Guénon são notáveis e aprendi nelas muita coisa.” (Journal, 1942-1949)

Em vida, publicou 17 livros; postumamente, mais uma dezena de obras vieram à luz, abordando uma vasta gama temática. Da importância dos símbolos para se entender a sabedoria das distintas civilizações ao legado do pensamento chinês, da concepção político-religiosa de Dante Alighieri à história do ocultismo moderno, da Cabala à maçonaria, passando pela alquimia, a mística islâmica, a filosofia indiana e a matemática, sempre tendo como pano de fundo a filosofia perene.

O professor Kenneth Oldmeadow dividiu a obra guenoniana em cinco categorias, advertindo ao mesmo tempo que se trata de uma classificação algo arbitrária, mas que não obstante ajuda a melhor entendê-la. As categorias correspondem grosso modo a períodos da vida de Guénon. A primeira é a dos escritos ocultistas, abrangendo até a primeira década do século XX; vem em seguida a fase de crítica do ocultismo; a terceira categoria é a dos escritos sobre a metafísica oriental; a quarta, sobre a iniciação; e a quinta e última abrangendo a crítica da mentalidade materialista e relativista.

Entre estes últimos escritos, destacam-se A Crise do Mundo Moderno (Lisboa, Vega, 1977, publicado originalmente na França em 1927) e O Reino da Quantidade e os Sinais dos Tempos (Lisboa, Dom Quixote, 1989, cuja primeira edição francesa é de 1945). Duas obras hoje consideradas visionárias por anteciparem a situação de perplexidade hoje experienciada por muitos, mostrando que, se o mundo moderno avançou do ponto de vista material e tecnológico, isto teve e tem um alto custo em termos de degradação intelectual, cultural, moral, ambiental e, na verdade, de toda a ambiência que cerca o homem, por exemplo em termos de explosão da violência nos centros urbanos, da expansão de formas mecanizadas e repetitivas de trabalho, da existência desprovida de sentido, da cultura estupidificante etc. Critica a crença num progresso indefinido e na evolução como uma lei inexorável, ‘dogmas’ modernos desprovidos de base verdadeiramente intelectual.

A doutrina tradicional dos ‘ciclos cósmicos’ é outro tema importante abordado; como transmitida por exemplo pelas tradições da Antigüidade Ocidental – como a antiga religião romana e também celta, ou pelo Hinduísmo –, ensina que um ciclo humano completo abrange quatro eras – e não um ‘progresso’ em linha reta –, indo da mais excelente à mais degradada, da ‘Idade de Ouro’ à de ‘Ferro’, passando pelas de ‘Prata’ e de ‘Bronze’. Guénon mostra que, segundo a doutrina hindu, estamos atualmente na última das quatro eras, e na fase final desta, a qual a cosmologia da Índia denomina Kali Yuga, ou ‘Idade Sombria’, na qual os princípios que normatizam a vida humana estão obscurecidos, esquecidos ou são abertamente contestados.

Em O Reino da Quantidade e os Sinais dos Tempos, propõe por assim dizer uma continuação à A Crise do Mundo Moderno, detalhando e aprofundando os temas tratados, partindo de dois pilares: a teoria dos ciclos e a tendência verificada no mundo moderno de tudo reduzir ao quantitativo, daí a designação de ‘reino da quantidade’, que seria justamente a nossa época. A partir desta base comum, aborda assuntos diversificados, que vão do caráter enganoso das ‘profecias’ às contradições e limitações da psicanálise, da ‘ilusão das estatísticas’ à ‘ilusão da vida comum’ e à ‘degenerescência da moeda’.

Símbolos da Ciência Sagrada é outro livro seminal, no qual expõe a ciência do símbolo e mostra que este não é algo arbitrário, ou fruto da convenção, mas sim que deriva da própria natureza das coisas. Ao partir do dado sensível e concreto, o símbolo aponta para uma realidade mais elevada do que aquela aparente aos sentidos. O não entendimento do simbolismo, no caso da exegese dos escritos sagrados, resulta no literalismo; este por sua vez pode desembocar no chamado fundamentalismo. Se outrora relativamente inofensivo, o ‘fundamentalismo moderno’ é potencialmente explosivo em seu desprezo do rico legado filosófico, cultural e artístico de sua própria tradição e em sua intolerância para com visões e interpretações diferentes das suas, podendo levar às ações extremistas e violentas nos mais ‘militantes’.

Símbolos da Ciência Sagrada inclui ainda artigos publicados entre 1925 e 1950 em diversas revistas francesas, versando sobre o simbolismo das diversas tradições – céltica, islâmica, hindu, cristã, romana, chinesa. Interpretações penetrantes são dadas para diversos tipos de símbolos, do centro e do mundo, símbolos espaciais e geográficos – como a montanha, a caverna, a planície, o labirinto –, símbolos zoológicos, arquitetônicos, paisagísticos, corporais etc. A riqueza simbólica da árvore, só para dar um exemplo, é explorada a fundo, em todas as tradições. As raízes representam os princípios universais; os ramos, a manifestação desses mesmos princípios no tempo e no espaço. Os vários níveis da árvore simbolizam as ‘dimensões’ da realidade. Os frutos são imagem da misericórdia e a sombra, da clemência. Nos galhos, aninham-se os pássaros (símbolos dos estados superiores). Finalmente, a árvore é a imagem por excelência do axis mundi, o tronco representando o eixo vertical e os galhos o horizontal, exatamente como ocorre em outro símbolo fundamental, a cruz.


Os textos que Guénon escreveu originalmente para a revista Regnabit constituem um dos principais interesses de Símbolos da Ciência Sagrada, por mostrá-lo aplicando o método ‘perenialista’ à interpretação de aspectos da tradição cristã. Uma de suas intenções era mostrar a concordâncias das ideias fundamentais desta com as das demais perspectivas. Entre estes textos, incluem-se ‘O Sagrado Coração e a legenda do Santo Graal’, ‘O Verbo e o Símbolo’,
‘A ideia do Centro nas tradições antigas’, e ‘A reforma da mentalidade moderna’. Neste último, lamenta a desconfiança com a qual o simbolismo tem sido visto nos meios católicos e critica a falta de uma visão integralmente intelectual de parte da maioria daqueles que se dizem católicos, os quais muitas vezes encaram a religião fundamentalmente como apenas uma moral e como assunto do sentimento – como uma vaga 'religiosidade' em suma.

O Homem e seu devir segundo o Vedanta e Introdução Geral ao Estudo das Doutrinas Hindus são outras obras importantes de Guénon, com sua abrangente exposição da filosofia antiga.

Em seus livros, Guénon não se limita a apontar as contradições e limitações da mentalidade moderna, mas também as saídas e soluções para as perplexidades e os impasses vividos pela consciência contemporânea, respostas as quais, para ele, estão justamente na mensagem da Philosophia Perennis.

Guénon foi, assim, um dos primeiros a dizer conscientemente não à euforia que tomava conta do mundo nas primeiras décadas do século XX, quando a crença nos poderes 'mágicos' da ciência e tecnologia estava em seu apogeu. Ele representou para muitos a objetividade em pessoa, vendo talvez melhor do que ninguém os perigos e males do subjetivismo e do individualismo, e as conseqüências longínquas destes e de outros pilares da weltanschauung predominante, como o culto à indústria (que levou à caótica situação ecológica atual, que ameaça a própria sobrevivência do gênero humano) e ao assim chamado 'progresso', puramente material. Seu agudo discernimento o fez ver exatamente o que estava errado com nosso mundo; ele foi assim um dos primeiros a desafiar intelectualmente, com pleno conhecimento de causa, as crenças do status quo.

Não se pode negar, contudo, que há aspectos problemáticos no legado guenoniano, que têm de ser vistos com olhos críticos. Entre eles, aponta-se a hipervalorização do Oriente, e a consequente subvalorização do patrimônio intelectual e espiritual ocidental. Seu equívoco mais grave tem relação com este ponto, pois diz respeito à incompreensão com relação a aspectos da tradição cristã.

Metafísico universalista e adepto da perspectiva ‘sapiencial’, Guénon acabou por subestimar a mística devocional – amplamente majoritária no Cristianismo. Ele parecia também desconhecer Mestre Eckhart, que não obstante é um dos autores fundamentais da perspectiva sapiencial no Cristianismo. Errou igualmente ao procurar encaixar a tradição cristã dentro da mesma estrutura que é característica do Islã e do Judaísmo, a qual separa as dimensões ‘exotérica’ (legal, moral, convencional) e ‘esotérica’ (contemplativa). Ao passo que nela estas duas dimensões estão por assim dizer ‘fundidas’.

Estas limitações foram, contudo, corrigidas e amplamente superadas pela obra de um ilustre companheiro de Guénon, o filósofo suíço-alemão Frithjof Schuon (1907-1998), que é considerado o outro grande expositor da Philosophia Perennis. Seja como for, a penetração e amplitude excepcionais da obra de Guénon, com sua apresentação e explanação de ideias cruciais, primam sobre estas lacunas. Ao longo deste último meio século, ela conquistou um amplo espectro de seguidores em todo o mundo, em grande parte devido à sua severidade e objetividade, e também – como estimou a Enciclopédia Chambers (Edimburgo, 1991. p. 73) – pela ‘natureza algo profética de suas colocações’.
Recolher texto

(Mateus Soares de Azevedo)
 
Apreciação por Frithjof Schuon

sexta-feira, 19 de julho de 2013

MANTRAS MUSIC RELAX MEDITATION - MEDITACION MUSICA RELAJACION - RELAXAME- 4:08:17



MANTRAS MUSIC RELAX MEDITATION 

- MEDITACION MUSICA RELAJACION - RELAXAMENTO MUSIC MEDITAÇÃO



Mantras para aquietar la mente y enriquecer el espíritu.
Mantras to quiet the mind and enrich the spirit.
Mantras para acalmar a mente e enriquecer o espírito.

MANTRAS MUSIC RELAX MEDITATION
MEDITACION MUSICA RELAJACION
RELAXAMENTO MUSIC MEDITAÇÃO
Meditation Music ENTSPANNUNG
Релаксация МЕДИТАЦИЯ музика
Meditacija glazbe OPUŠTANJE
Meditation Musik AFSLAPNING
Meditačné hudby RELAXÁCIA
MEDITACIJA GLASBA SPROSTITEV
MEDITAATIO MUSIC RENTOUTUMINEN
DETENTE MUSIQUE MEDITATION
ΔΙΑΛΟΓΙΣΜΟΣ ΧΑΛΑΡΩΣΗ ΜΟΥΣΙΚΗ
ध्यान संगीत छूट
Meditatie Muziek ONTSPANNING
MEDITÁCIÓ RELAXÁCIÓS ZENE
MEDITASI RELAKSASI MUSIK
Hugleiðsla MUSIC SLÖKUN
MEDITAZIONE MUSICA RELAX
MEDITACIJOS MUZIKA RELAXAČNÍ
МЕДИТАЦИЈА МУЗИКА релаксација
Meditasi MUSIC kelonggaran
Rilassament mużika Meditazzjoni
Meditasjonsmusikk AVSLAPNING
مدیتیشن آرامش موسیقی
RELAKS Muzyka medytacyjna
MEDITATIA muzica de relaxare
ОТДЫХ медитативной музыки
МЕДИТАЦИЈА МУЗИКА РЕЛАКСАЦИЈА
Meditationsmusik AVKOPPLING
การผ่อนคลายสมาธิ
MEDİTASYON MÜZİK RELAXATION
THIỀN MUSIC THƯ GIÃN


 Fonte:
Pedro J. Pérez  
Publicado em 18/05/2012- Licença padrão do YouTube
 
Sejam felizes todos os seres.Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.
 

terça-feira, 25 de junho de 2013

COMO FAZER CAIXA DE DOBRADURA - FABIANO




Como fazer uma caixa com a técnica de dobradura de papel - FABIANO


Visite o meu site http://www.sm.giachini.com/
How to make a box with the technique of folding paper - FABIANO
 Sandra Meyer Sandra Meyer·36 vídeos
Licença padrão do YouTube -Enviado em 20/01/2009