segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

ESTRELA DE BELÉM - e OUTROS PRODÍGIOS


Conjunções, eclipses e outros prodígios

Uma conjunção ocorre quando dois ou mais astros atingem coordenadas celestes muito próximas, parecendo cruzar-se no céu. As conjunções são fenómenos relativamente frequentes e podem mesmo ter uma periodicidade mensal, como é o caso da conjunção que se dá entre o Sol e a Lua em cada Lua Nova, mas de uma maneira geral o período é um intervalo de tempo mais alargado.


Conjunção entre Júpiter e Vénus a 19 de Fevereiro de 1999. Cortesia: NIAC – Núcleo de Investigação em Astronomia da Cidadela – Cascais 
 
Em 1986, Roger Sinnott, astrónomo e colaborador da Sky and Telescope, escreveu o artigo Computing the Star of Betlehem, que relacionava a Estrela de Belém com uma conjunção entre Júpiter e Vénus que ocorreu no ano 2 A.C. Na realidade, esta conjunção deve ter sido espectacular, uma vez que o disco de Vénus chegou a ocultar parcialmente o de Júpiter e, durante algum tempo, terá parecido que os dois astros se estavam a fundir num só. Tudo isto aconteceu na constelação do Leão que, segundo algumas interpretações, estaria relacionada com o povo da Judeia pela seguinte passagem do Génesis (49:9):

Judá é um leãozinho, da presa subiste, filho meu; encurva-se, e deita-se como um leão, e como um leão velho; quem o despertará?

Esta teoria levanta o problema de Jesus ter nascido depois do ano que tem sido adoptado para a morte de Herodes, o ano 4 A.C.

Existem alguns estudos que pretendem dar a volta a este obstáculo, argumentando que houve uma confusão na edição de 1544 do Antiguidades, de Flavius Josephus, o que terá levado os investigadores a fazerem o cálculo errado para o ano da morte de Herodes. Segundo os autores dos estudos, qualquer manuscrito de Josephus anterior a 1544 aponta para que Herodes tenha morrido no ano 1 A.C.

Este ponto de vista é também defendido pelo teólogo Ernest L. Martin, no seu livro The Star that Astonished the World, 1996. No entanto, Martin apresenta uma teoria mais complexa que associa mais do que um fenómeno. A 11 de Setembro (dia que marca o início do ano hebraico) de 3 A.C., Júpiter, o planeta rei, entrou em conjunção com a estrela Régulo (pequeno rei), a mais brilhante da constelação do Leão. O Sol estava na constelação da Virgem. Temos, pois, dois reis que se encontram quando a Virgem é protegida pelo Sol, uma conjugação de factores que certamente não deixaria indiferentes os Magos do Oriente e que Martin considera ter sido o sinal que os levou a partir. 

O 11 de Setembro foi, segundo ele, a data do nascimento de Jesus Cristo. 

Além do mais esta conjunção foi tripla, isto é, Júpiter entrou em movimento retrógrado e depois prosseguiu o seu movimento natural, o que o levou a cruzar-se três vezes com Régulo. Um dos pontos estacionários de Júpiter aconteceu a 25 de Dezembro do ano 2 A.C. e teve a duração de uma semana, período que Martin sugere para a chegada dos magos a Belém.

Algumas análises propõem ainda que se alie a conjunção entre Vénus e Júpiter a esta tripla conjunção de Júpiter e Régulo (como é o caso da que é apresentada por Frederick A. Larson, no site Star of Bethlehem, que os interessados poderão consultar).

Como se pode depreender do que tem sido dito até aqui, hoje em dia existe um considerável número de trabalhos e obras publicadas sobre este assunto. Mesmo assim, julgo que pode ser interessante destacar duas investigações, que deram origem a dois livros que têm conseguido bastante aceitação, quer por parte da comunidade científica, quer pelos interessados por estes temas, em geral.

O primeiro livro, The Star of Bethlehem – An Astronomer’s View (Princeton University Press, Novembro de 1999), foi escrito pelo inglês Mark Kidger, astrónomo do Instituto de Astrofísica das Canárias.

Kidger parte da hipótese, já apresentada no capítulo 2 deste trabalho, segundo a qual o rei Herodes terá morrido entre 13 de Março e 11 de Abril do ano 4 A.C.. Defende também que os Magos seriam de origem persa, iniciados na tradição messiânica do zoroastrismo, alegando que, devido à grande rivalidade existente entre os persas e os romanos, os primeiros ter-se-iam certamente interessado pela possibilidade de vir a surgir um Rei libertador dos judeus, que iria sem dúvida causar dificuldades aos romanos na luta pelo controlo da Judeia.


Júpiter, o planeta rei, visto pelo Hubble. Crédito: NASA
 
Kidger sugere que os Magos observaram uma conjunção tripla, ocorrida entre Júpiter e Saturno e que se prolongou por sete meses, de Maio a Dezembro, no ano 7 A.C. – a conjunção calculada por Kepler, referida na primeira parte deste tema. Este terá sido o primeiro sinal, pois Júpiter, o planeta rei, reunia-se a Saturno na constelação de Peixes, que estaria astrologicamente associada aos judeus. Todavia, este evento não foi suficiente para convencer os Magos de que algo acontecia, ou estava para acontecer. Estas conjunções eram relativamente frequentes e houve mesmo algumas mais espectaculares em anos anteriores, por exemplo, em 146-145 A.C.

Mas vieram outros sinais, como o agrupamento entre Júpiter, Saturno e Marte, que ocorreu a 20 de Fevereiro de 6 A.C., também na constelação de Peixes. Kidger lembra que, sendo Marte o rei da guerra, uma interpretação possível para este evento poderia ser o nascimento de um Rei, que traria a libertação para os judeus. Porém, estamos perante mais um fenómeno relativamente frequente e Kidger indica ainda mais dois sinais. Um deles é uma ocultação de Júpiter pela Lua, a 17 de Março de 6 A.C., na constelação do Carneiro. 

A este caso voltaremos mais à frente, pois tem a ver com a teoria de outro astrónomo. O outro fenómeno, e esse, sim, teria sido a Estrela que orientou a viagem dos Magos, é a «nova» que apareceu em Março do ano 5 A.C. a norte de Alfa e Beta Capricórnio, ou a sul de Águia, e que os chineses registaram. Dizem os Anais chineses que a nova brilhou durante 70 dias. Kidger considera que teria sido tempo suficiente para os Magos realizarem a sua viagem, desde a Pérsia até Jerusalém, com a estrela que tinham visto no Oriente, ao romper da aurora, «seguindo» à sua frente, num movimento aparente (que se deve ao movimento aparente da esfera celeste), para depois parecer «estacionar» a sul, na direcção de Belém.

Jesus Cristo teria assim nascido por volta de meados de Abril de 5 A.C., o que não só se encaixa no Evangelho segundo Mateus, mas também está de acordo com as palavras do Evangelho segundo Lucas, que parecem referir-se à Páscoa. Cada um dos sinais apresentados por Kidger é, segundo ele, por si só, insuficiente, mas o conjunto pode fazer algum sentido.

O segundo livro, também de 1999, é do astrónomo estado-unidense Michael Molnar, e tem por título: The Star of Bethlehem: The Legacy of the Magi (Rutgers University Press).


As primeiras moedas de Antioquia mostrando o Carneiro, de 5-11 D.C. – Crédito: Molnar Collection RPC 4265. http://www.eclipse.net/~molnar/pix.html
 
Molnar, tendo como passatempo coleccionar moedas antigas, adquiriu, na Primavera de 1990, uma moeda de bronze de Antioquia, provavelmente do ano 6 D.C. e que mostrava um carneiro olhando para uma estrela. Mais tarde acabou por descobrir que, segundo o Tetrabilos de Ptolomeu, obra que é considerada a «bíblia da astrologia», o Carneiro era o signo do zodíaco que representava o reinado de Herodes (Judeia, Idumeia, Suméria, Palestina e parte da Síria). Molnar consegue coligir uma série de provas que sustentam esta ideia e diz ainda que o costume de relacionar o signo de Peixes com os judeus é apenas cristão. Repare-se que a palavra grega para peixe é ichtus, um acrónimo de Iesus Christos Theou Uios Soter – Jesus Cristo Filho de Deus o Salvador.

Para Molnar a astronomia e a astrologia confundiam-se durante a época em questão, pelo que qualquer abordagem deve ter em conta o significado astrológico do fenómeno. Como tal, baseia-se em Mathesos (334 D.C), de Firmicius Maternus, um astrólogo de Constantino o Grande, para descrever as condições que seriam favoráveis ao nascimento de um rei de natureza divina. Partindo destes pressupostos, Molnar explica como, a 17 de Abril do ano 6 A.C., se deu um fenómeno astronómico que não terá sido de modo algum espectacular, mas que terá tido um enorme significado para os astrólogos da época.

Nesse dia, Júpiter nasceu a leste pela manhã, na constelação do Carneiro. O sol estava igualmente na constelação do Carneiro. Além disso, Saturno também estava presente em Carneiro. A Lua estava em conjunção próxima com Júpiter de tal modo que houve uma ocultação. A ocultação de Júpiter pela Lua terá sido ofuscada pelo Sol e, como tal, não terá sido visível, no entanto os astrólogos poderiam ter suspeitado de que ela iria acontecer e encontrado assim condições auspiciosas para o nascimento de um grande Rei na Judeia.


Áries, o Carneiro – Pintura de artista desconhecido em Villa Farnese, Caparola, Itália (~1573) – The Glorious Constellations – Giuseppe Maria Sesti. Crédito: http://www.ufrsd.net/staffwww/stefanl/myths/stories.htm
 
Estes Magos, astrólogos, seriam mais uma vez sacerdotes zoroastrianos, provavelmente Partas, que se terão deslocado à capital das terras governadas por Herodes, Jerusalém, para tentar descobrir onde poderia ter nascido o novo Rei. É, segundo Mateus, Herodes quem lhes fornece a pista, depois de ter ouvido a profecia dos seus sacerdotes conselheiros. O início do movimento retrógrado de Júpiter, a 19 de Dezembro de 6. AC., terá servido para explicar o facto da «estrela» ter ficado estacionária no céu e assim parecer ter parado, sobre Belém, como dizem os textos de Mateus.

Molner não contesta o ano de 4 A.C como o mais provável para a morte de Herodes. E, quanto à contradição entre Mateus e Lucas, sugere que, uma vez que estes textos só foram escritos por volta do ano 80 D.C, o autor do último pode ter sido induzido em erro pelas moedas de Antioquia. Estas foram provavelmente cunhadas durante o censo de Quirinus, que Molnar aceita ter acontecido em 6 D.C., mas não na altura do nascimento de Jesus Cristo. A representação que as moedas exibem, a estrela e o carneiro, podia, no entanto, aludir a esse acontecimento e Lucas, simplesmente, deve ter associado as duas datas.

Chegamos assim ao final deste Tema do Mês de Dezembro.

A Estrela de Belém é uma história com 2000 anos que ainda exerce fascínio sobre muitas pessoas, entre as quais diversos historiadores, teólogos, filósofos, astrónomos e todos os que procuram encontrar a explicação para um fenómeno do qual, na realidade, não existem quaisquer provas concretas. Puro capricho? Julgo que não. O trabalho tanto pode valer por aquilo em que se acredita, como por tudo o que se pode descobrir e aprender com ele, mesmo não acreditando. Por esta razão, creio que qualquer investigação séria e empenhada é legítima. Este é apenas um resumo de alguns artigos e livros que fui descobrindo e que me pareceram curiosos. Não dispensa, de modo algum, a leitura dos mesmos pelos interessados.

Desejo a todos Boas Festas! E, já agora, neste Natal não se esqueçam de olhar para as estrelas!
 Fonte:
Portal do Astrónomo - Portugal
http://www.portaldoastronomo.org/tema_pag.php?id=11&pag=2

ESTRELA DE BELÉM - UM SINAL NO CÉU

À procura de um sinal no céu

Autoria:Teresa Direitinho

Como foi dito, na primeira parte deste tema, a Estrela de Belém pode ter sido apenas uma imagem simbólica que o autor do Evangelho segundo Mateus utilizou para exaltar o carácter sagrado do nascimento de Jesus Cristo, de acordo com a mensagem messiânica das antigas escrituras. Mas debrucemo-nos agora sobre a hipótese de a estrela ter sido verdadeiramente um fenómeno astronómico, uma vez que esta suspeita motivou, e continua a motivar, muitos investigadores.

Voltemos às palavras de Mateus, capítulo 2:

1 E, tendo nascido Jesus em Belém de Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém,
2 Dizendo: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo.


Nesta tradução portuguesa da Bíblia lê-se que os Magos terão dito «estrela no oriente». Porém, nos textos em grego o que se encontra é algo como astera en tê anatole, o que pode traduzir-se como «estrela a despontar». A última interpretação faz mais sentido, pois, como muito bem assinalam alguns autores, se os Magos, no Oriente, tivessem avistado uma estrela a oriente, porque razão se teriam deslocado para ocidente, na direcção de Jerusalém?

Já em Jerusalém e sob orientação dada por Herodes, recolhida dos sacerdotes e dos escribas do povo, que evocaram Miquéias (5:2), os Magos dirigem-se a Belém. Mateus diz o seguinte:

9 E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela, que tinham visto no oriente, ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino.
10 E, vendo eles a estrela, regozijaram-se muito com grande alegria.


Belém fica a sul de Jerusalém, a menos de 10 quilómetros. Durante este percurso, os Magos terão seguido uma estrela que os orientou para sul e aí se terá «detido».

Há mais um facto curioso, no texto segundo Mateus: Herodes não sabia da estrela. Na realidade, no versículo 7, ele pergunta aos Magos quando a tinham visto:

7 Então Herodes, chamando secretamente os magos, inquiriu exactamente deles acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera.

Os sábios conselheiros de Herodes falaram-lhe da profecia de Miquéias e do local onde o novo Rei deveria surgir, mas não referiram o sinal do céu. Ou não o teriam visto, ou teriam tido receio de lhe falar nesse assunto. Então podemos considerar três hipóteses: ou a «estrela», a que os Magos se referem, começou por ser visível apenas na Babilónia ou na Pérsia, locais mais prováveis para a origem dos Magos, e mais tarde de Jerusalém a Belém – e, sendo assim, temos de admitir que foi um fenómeno bem estranho; ou tratava-se de um sinal celeste complexo, mas não muito manifesto e que apenas os entendidos em astronomia poderiam compreender; ou então foi mais do que um sinal.

Analisemos, como hipótese, alguns fenómenos naturais conhecidos:

Um cometa:

Os cometas são objectos celestes de pequenas dimensões, compostos essencialmente por gelo e poeiras, que orbitam o Sistema Solar. Embora existam inúmeros cometas, só alguns são suficientemente brilhantes para ser possível observá-los a olho nu. Durante muito tempo pensou-se que a estrela de Belém pudesse ter sido um objecto deste tipo e o principal candidato foi, sem dúvida, o cometa Halley.


Fotografia do Cometa Halley de 8 de Março de 1986 -W. Liller, Ilha da Páscoa, obtida para o International Halley Watch (IHW) Large Scale Phenomena Network (Foto LSPN-1725). Crédito: National Space Science Data Center Photo Gallery, NASA
 
Edmond Halley (1656-1742), usando as leis do movimento de Newton, foi capaz de prever, em 1705, que um cometa que tinha sido por ele observado, em 1682, era o mesmo que tinha sido observado, em 1531, por Apian e, em 1607, por Kepler. Conseguiu prever que o astro se voltaria a avistar em 1758, o que foi verdade, embora Halley já não estivesse neste mundo para o confirmar. Já Giotto, em 1301, teria avistado o cometa Halley, o que certamente o inspirara a pintar a Estrela de Belém com uma cauda.

O período médio da órbita do Halley foi estimado como sendo de 75 ou 76 anos e, por essa razão, durante muito tempo, acreditou-se que este cometa tivesse passado perto da altura do nascimento de Jesus Cristo. No entanto, hoje sabe-se que a sua órbita é variável, devido, entre outros factores, à acção gravitacional dos planetas gigantes do Sistema Solar e calcula-se que o Halley tenha passado no ano 12 A.C., portanto, fora da margem considerada para o nascimento de Jesus Cristo.

Mas existe uma outra razão forte para pormos de parte os cometas e que tem a ver com o significado que lhes era atribuído: os cometas estavam relacionados com presságios de desgraça. Seria, pois, muito estranho que fosse um cometa a «estrela» que vinha anunciar a chegada do Salvador.

Um meteoro ou uma chuva de meteoros:


Chuva de meteoros das Perseidas em 1999 – Wally Pacholka, Long Beach. Crédito: NASA
 
De uma forma muito simplificada, um meteoro é um pequeno objecto celeste que entra na atmosfera da Terra, onde se vai desintegrando, deixando atrás de si um rasto brilhante de poeiras. A linguagem comum dá aos meteoros o nome de «estrelas cadentes». Ora, como se sabe, um fenómeno deste tipo é visível apenas durante um pequeno instante, por vezes uma fracção de segundo – o tempo necessário para pensarmos em pedir um desejo, mas nunca suficiente para o pronunciarmos! Para todos os que já viram «estrelas cadentes», e serão uma boa parte da população mundial, não deverá ser muito difícil pôr de parte este fenómeno como candidato a Estrela de Belém. Por muito grande que fosse o objecto, dificilmente algum dos Magos teria dado por ele, muito menos os três.

Uma chuva de meteoros chegou a ser uma ideia apontada por diversos astrónomos, entre eles o astrónomo inglês Sir Patrick Moore, no seu livro The Star of Bethlehem. Um fenómeno deste tipo teria de ser mais espectacular do que as Perseidas ou as Leónidas, que tão bem conhecemos, provavelmente semelhante a um singular evento a que se deu o nome de Cirílidas e que ocorreu no princípio do sec. XX. Porém, não só não se enquadra com o texto segundo Mateus, como não existem quaisquer relatos que indiquem ter acontecido, na altura, algum fenómeno deste tipo.

Um planeta:


Vénus vista pela Galileu, 1990. Crédito: NASA, JPL
 
Vénus é sem dúvida o planeta mais brilhante que podemos observar. Principalmente quando se encontra baixo no horizonte, ao amanhecer ou ao entardecer. No entanto, é difícil acreditar que um planeta como Vénus, por si só, tão conhecido pelos astrónomos e astrólogos do Oriente, fosse a estrela reveladora da vinda do Messias.

O mesmo argumento se pode apresentar para Júpiter que, nessa altura, tinha um simbolismo muito forte.

Uma supernova ou uma nova:

Uma supernova é uma explosão violenta que ocorre no final da vida de uma estrela, quando se esgota todo o seu combustível e se dá a eclosão das suas camadas externas. Sucede a uma estrela de massa muito elevada (superior a quatro vezes a massa do Sol), ou então a uma anã branca, de um sistema binário, que vai roubando matéria à sua companheira até atingir um limite em que explode. É um fenómeno muito brilhante que pode permanecer visível no céu durante bastante tempo.


Remanescente da Supernova de Kepler, 2004 – Crédito: NASA, ESA, R. Sankrit and W. Blair (Johns Hopkins University).
 
Uma nova acontece igualmente num sistema binário, com uma anã branca que vai roubando matéria à sua companheira. Mas, neste caso, após a explosão das camadas exteriores, a estrela fica quase intacta e o evento pode repetir-se. Dependendo da quantidade de matéria acumulada, este fenómeno será visível por mais ou menos tempo e será mais ou menos brilhante.

Os Anais chineses registam muitas das «estrelas novas» que foram observadas na antiguidade e noticiam o seu aparecimento nos anos 4 e 5 A.C.. Em Março de 5 A.C. referem algo a que deram o nome de hui hising e que terá sido visível, na constelação do Capricórnio, por mais de 70 dias. Não parece ser muito claro se os chineses se estão a referir a uma nova ou a um cometa (as traduções apontam para algo como: «estrela que aparece no céu»), mas não indicam que tenha tido algum movimento com respeito às estrelas fixas.

Embora seja pouco provável que o fenómeno tenha sido uma explosão de supernova, cujos vestígios de rádio ainda hoje seriam fortemente identificáveis, a hipótese de a Estrela de Belém ter sido esta «nova», referida pelos chineses, ainda não foi completamente posta de parte, como teremos oportunidade de ver.

Uma estrela variável:


Imagem de Mira em luz visível, pelo Telescópio Espacial Hubble. Credito: Margarita Karovska (Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics) e NASA
 
Alguns investigadores colocam a hipótese de a Estrela de Belém poder ter sido uma estrela variável, como é o caso de Mira, na constelação da Baleia. Esta estrela apresenta um brilho variável, periódico, com máximos de magnitude alternando com períodos em que deixa de ser observável a olho nu.

Um cálculo recentemente efectuado, por Constantino Sigismondi, do Observatório Astronómico de Roma, mostra que a probabilidade de se ver Mira brilhante é de aproximadamente 4,2%, o que dá uma média de uma vez em cada 22 anos. No entanto, Sigismondi refere duas observações sucessivas desta estrela, que foram efectuadas pelo astrónomo David Fabricius (1564-1617), uma entre Agosto e Setembro de 1604 e outra em Fevereiro de 1609. Estas observações foram relatadas a Kepler, através de cartas que este incluiu no seu volume De Stella Nova in Pede Serpentarii.

Fabricius terá dado pela presença da estrela enquanto observava Júpiter e as suas vizinhanças, pelo que a hipótese apresentada por Sigismondi aponta para a possibilidade de os Magos terem descoberto Mira, no Oriente, enquanto estavam a observar Júpiter ou algum fenómeno com ele relacionado. Com efeito, Mira estava próxima da primeira ocorrência da conjunção tripla entre Júpiter e Saturno, no ano 7 A.C.. Se a estrela voltasse a ser visível num curto período de tempo, como aconteceu na altura das observações de Fabricius, então os Magos poderiam ter voltado a vê-la, já na Palestina, a caminho de Belém. Sigismondi acrescenta ainda o facto de os movimentos atribuídos à Estrela de Belém poderem ser apenas reflexos dos movimentos dos observadores.

Uma conjunção de planetas:

A hipótese de a Estrela de Belém estar relacionada com uma conjunção de planetas, ou mesmo com uma ocultação, é aquela que está a ter mais aceitação ultimamente. Como tal, será este o tema do próximo capítulo.

 Fonte:
Portal do Astrónomo - Portugal
http://www.portaldoastronomo.org/tema_pag.php?id=11&pag=2


OS MAGOS DO ORIENTE EM BELÉM


E um dia chegaram os Magos do Oriente...


Festejamos o nascimento de Jesus Cristo a 25 de Dezembro.
Nesta data celebrou-se, durante muito tempo, o solstício de Inverno (que agora sabemos ocorrer a 21 de Dezembro). No calendário solar dos celtas marcava a meia-noite do ano, isto é, o período de maior escuridão. Era uma celebração pagã, tal como o são muitas das tradições que ainda hoje fazem parte dos festejos natalícios da civilização ocidental, como o azevinho, os presentes e a própria ceia de Natal. Porém, era uma celebração especial, que marcava o ponto de viragem a partir do qual a luz teria de voltar, com o aumento gradual do tamanho dos dias. Uma espécie de renascimento, pois o Sol morria, mas voltava a nascer, e o novo Sol era tido como um deus salvador. Se pensarmos como o cristianismo teve de se impor perante as religiões mais antigas é fácil percebermos a escolha deste dia para o nascimento do Messias.

Mas, para além de toda a motivação simbólica, Jesus Cristo não pode ter verdadeiramente nascido a 25 Dezembro do ano zero. E isto acontece por uma simples razão: o ano zero não existiu!

O culpado deste facto parece ter sido um monge do séc. VI, de nome Dionysius Exiguus (Dionísio o Pequeno – nome que o próprio terá escolhido), que resolveu alterar a forma de calcular as datas que se utilizava na altura e que era um método romano. Na verdade, os romanos contavam o tempo a partir da data da fundação de Roma, ab urbe condita, e Dionísio achou que era conveniente passar a haver uma referência mais cristã. Sendo assim, decidiu-se pela data do nascimento de Jesus Cristo que calculou ter acontecido no ano de 753 ab urbe condita, contando, para trás no tempo, os reinados dos imperadores romanos.

Julga-se que Dionísio terá cometido vários erros. O mais conhecido foi o de não ter considerado o ano zero e de ter logrado passar de 1 A.D. para 1 D.C., o que o terá levado à habilidade de datar o nascimento de Cristo no ano 1 depois de Cristo! Este facto, que agora nos parece, no mínimo, incrível, justifica-se se nos lembrarmos de que na numeração romana não existe qualquer representação para o zero. Mas, ao que parece, Dionísio não se ficou por aqui. Na contagem dos governos dos imperadores, esqueceu-se de que César Augusto governou 4 anos sob o seu nome próprio, Octávio. Temos então, ao que consta, assegurados, 5 anos de erro, mas podemos, sem dificuldade, imaginar que tenha havido mais alguns. Por esta razão, para conseguirmos obter uma data presumivelmente mais correcta para o nascimento de Jesus Cristo, teremos de tentar descobrir o ano da morte de Herodes.


Flavius Josephus – Gravura de The Genuine Works of Flavius Josephus, traduzido por William Whiston em 1737
 
A maioria dos investigadores baseia-se nos textos, Antiguidades e Guerras Judaicas, de um historiador judeu, Flavius Josephus (37 D.C. ~100 D.C.)., dos quais se depreende que Herodes conquistou Jerusalém e subiu ao trono em 37 A.C., reinando durante 34 anos, e que terá morrido no ano 4. A.C. Este ano é quase universalmente aceite para a sua morte, embora haja quem pense de outra forma. Há ainda, em Josephus, referências que apontam para que a morte de Herodes tenha acontecido depois de um eclipse lunar - o de 13 de Março do ano 4 A.C - e antes da Páscoa. (Estas referências podem encontrar-se em Antiquities, Livro VII, cap. 6,4 a cap. 9,3, traduzido para o Inglês por William Whiston em 1737). Se a Páscoa a que Josephus se refere foi a desse ano – o que alguns, mas não todos, os investigadores sugerem – então Herodes terá morrido entre 13 de Março e 11 de Abril (Páscoa) do ano 4 A.C.

Segundo as palavras de Mateus, Herodes, pouco antes de morrer, terá ordenado a matança dos inocentes, para se livrar de um possível novo rei dos judeus, pelo que todo este encadeamento de suposições leva a que Jesus Cristo tenha nascido antes do ano 4 A.C. No entanto, é Lucas o evangelista que descreve de forma mais pormenorizada as circunstâncias em torno do nascimento de Jesus Cristo. Nos primeiros versículos do capítulo 2 do seu evangelho, Lucas diz:

1 E aconteceu naqueles dias que saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo se alistasse
2 (Este primeiro alistamento foi feito sendo Quirino presidente da Síria).
3 E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade.
4 E subiu também José da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de Davi, chamada Belém (porque era da casa e família de Davi),
5 A fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida.
6 E aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz.


Então, numa primeira análise, Lucas leva-nos a crer que Jesus Cristo terá nascido em Belém, quando ocorria um censo decretado pelo imperador César Augusto e numa altura em que Quirino governava a Síria.

Para tentarmos conciliar as palavras de Lucas com as de Mateus, consideremos que o censo a que o primeiro se refere é um que foi proclamado por César Augusto no ano 8 A.C.. O censo pode ter sido decretado nesse ano e ter-se realizado mais tarde, durante os anos que se seguiram, chegando a Belém em 5 ou 6 A.C., o que estaria de acordo com a data de nascimento de Jesus Cristo que se pode inferir das palavras de Mateus. Mas acontece que, segundo Josephus e outros historiadores, Quirino só foi governador da Síria a partir do ano 6 D.C., e supostamente nessa altura Herodes já teria morrido. Estamos assim perante uma evidente contradição entre os autores dos dois evangelhos, que resulta estranha se tivermos em conta que a maioria dos investigadores afirma que Lucas e Mateus terão utilizado a mesma fonte para elaborar os seus relatos. Para resolver este imbróglio há quem avance com a conjectura de que a contradição pode ser apenas aparente, pois Quirino, embora só tenha chegado a ser imperador da Síria no ano 6 D.C., já era legado do imperador desde 5 ou 6 A.C., e Lucas ter-se-á equivocado entre os dois ofícios. Como se pode confirmar, com um bocado de boa vontade, muitas incongruências podem ser resolvidas!

Pode ser que Lucas se tenha enganado no ano, mas é ele quem nos traz a pista mais clara em relação à quadra em que o nascimento terá acontecido. Nos versículos seguintes do capítulo 2, diz:

7 E deu à luz a seu filho primogénito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.
8 Ora, havia naquela mesma comarca pastores que estavam no campo, e guardavam, durante as vigílias da noite, o seu rebanho.
9 E eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor.
10 E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis que aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo:
11 Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor.


Não havia lugares na estalagem, pelo que Maria terá deitado o seu filho numa manjedoura. Além disso, os pastores da comarca passavam a noite no campo vigiando os seus rebanhos. Estas duas referências parecem indicar a época da Páscoa, a festa mais importante dos judeus, que deslocava muita gente às povoações (daí as estalagens estarem cheias) e que acontecia, tal como ainda acontece, no início da Primavera, quando as noites já não eram tão frias e os pastores podiam passá-las ao relento guardando os seus rebanhos.

A conclusão a que se pode chegar, compatibilizando as escrituras de Mateus e Lucas, é que Jesus Cristo terá nascido durante a Primavera e entre os anos 7 e 5 A.C.

Mas cogitemos agora um pouco sobre a origem dos Magos de Mateus. O evangelho diz apenas que os Magos vieram do Oriente. A fonte do evangelho mais antiga que se conhece é a grega. O historiador grego Heródoto de Halicarnasso (séc.V), conhecido como «o pai da História», deixou escrito que «magos» (no texto grego a palavra referida é magoi e vem no plural) era o nome dado a uma casta de sacerdotes eruditos que estudavam os livros sagrados e observavam os céus e que viviam na região de Média, na Pérsia, que é hoje o Irão. Considera-se que uma grande parte da Pérsia seguia a religião zoroastriana, fundada por Zaratustra há mais de 3500 anos. Esta religião tinha tradições messiânicas e seguia ideias de dualismo moral, como o céu e o inferno, semelhantes às da religião judaica, pelo que algumas teorias apontam para que os Magos tenham sido uma espécie de sacerdotes astrólogos, seguidores do zoroastrismo.


Os três Reis Magos aproximando-se de Jesus com presentes – Mosaico da Basílica de San Apollinare Nuovo (séc. VI D.C.) – Ravena, Itália. Crédito: The Cyber Hymnal
 
A ideia de que os Magos terão vindo da Pérsia é bastante antiga. Na Basílica de San Apollinare Nuovo, em Ravena, os bonitos mosaicos do séc. VI mostram imagens dos três Magos em vestes persas, levando presentes ao menino. Marco Pólo (1254-1324), nos relatos das suas célebres viagens, faz uma referência aos vestígios dos Reis Magos, em Saveh, na Pérsia (ver, por exemplo, a tradução para o inglês das Viagens de Marco Pólo, de Ronald Latham - The Travels of Marco Polo - Penguin Books - 1958) e conta-nos como terá descoberto a sua origem e o seu sepulcro.

Mas existe uma crença, que vem da Idade Média, quando abundava a procura de santas relíquias, que atribui aos restos mortais dos Reis uma outra localização: uma urna dourada, situada no altar-mor da catedral de Colónia!

Algumas das mais recentes investigações atribuem aos Magos origem babilónica. A cidade da Babilónia, hoje território iraquiano, situava-se a oriente de Jerusalém, a uma distância de apenas 900 quilómetros. Os babilónios eram um povo que remontava ao terceiro milénio A.C. e que possuía grandes tradições astronómicas. No Museu Britânico, encontram-se placas de barro, de origem babilónica, com caracteres cuneiformes, designadas por «almanaques», contendo registos astronómicos da época próxima ao nascimento de Cristo. Embora esses registos não mencionem directamente um fenómeno que possa ser candidato a Estrela de Belém, este argumento pode pesar bastante a favor da Babilónia para lugar de origem dos Magos. Principalmente quando se acredita que a estrela que os terá guiado pode ter sido um fenómeno astronómico visível ou previsível.

Podemos ainda acrescentar outra razão, que tem a ver com a existência de uma grande colónia de raiz judaica na Babilónia, o que sem dúvida teria permitido o conhecimento das profecias messiânicas dos judeus. Com efeito, no ano de 586 A.C., sob o comando de Nabucodonosor II, a Babilónia invadiu Jerusalém, destruindo o Templo de Salomão e levando para o chamado «exílio babilónico» milhares de prisioneiros hebreus - o compositor italiano Guiseppe Verdi celebrizou este acontecimento na ópera Nabuco (1842). Alguns estudiosos pensam que os Magos poderão ter sido judeus diásporas vindos da Babilónia.

Em qualquer dos casos, persas ou babilónios, falamos de Magos e não de reis. Aliás, Mateus não fala de reis. Julga-se que terá sido Tertuliano de Cartago quem no início do sec. III D.C. terá escrito que os Magos do Oriente eram reis. Mais uma vez, o motivo pode vir de algumas referências do Antigo Testamento, como é o caso do Salmo (68:29):

Por amor do teu templo em Jerusalém, os reis te trarão presentes.


A Natividade com os Magos – Imagem da Catacumba de Santa Domitilla, Roma. Crédito:www.catacombe.domitilla.it
 
O número dos Magos é variado, nas representações dos primeiros tempos. Algumas imagens mostram apenas dois, mas na catacumba de Santa Domitilla, em Roma, aparecem quatro e podem chegar a doze em representações da Idade Média. Pensa-se que o número três terá a ver com as prendas oferecidas: ouro, incenso e mirra, e também com o facto de se ter estabelecido, talvez por razões populares, que cada um tivesse uma cor de pele diferente.

Quanto aos nomes de Gaspar, Melchior e Baltazar aparecem, ao que se julga pela primeira vez, nos já mencionados mosaicos da Basílica de San Apollinare Nuovo, em Ravena, e começam a ser referidos numa

 Fonte:
Portal do Astrónomo - Portugal
http://www.portaldoastronomo.org/tema_pag.php?id=11&pag=2

ESTRELA DE BELÉM

Quem conta um conto...


Autoria:

Teresa Direitinho

Toda a gente sabe, ou calcula, que a estrela de Belém tem uma origem bíblica.

O que talvez pouca gente saiba é que a sua origem bíblica se resume apenas a uma pequena referência, de 12 versículos e que se pode encontrar no Evangelho segundo Mateus, capítulo 2. Assim relata o autor:

1 E, tendo nascido Jesus em Belém de Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém,
2 Dizendo: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo.
3 E o rei Herodes, ouvindo isto, perturbou-se, e toda Jerusalém com ele.
4 E, congregados todos os príncipes dos sacerdotes, e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo.
5 E eles lhe disseram: Em Belém de Judeia; porque assim está escrito pelo profeta:
6 E tu, Belém, terra de Judá, De modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá; Porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo de Israel.
7 Então Herodes, chamando secretamente os magos, inquiriu exactamente deles acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera.
8 E, enviando-os a Belém, disse: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino e, quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore.
9 E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela, que tinham visto no oriente, ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino.
10 E, vendo eles a estrela, regozijaram-se muito com grande alegria.
11 E, entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra.
12 E, sendo por divina revelação avisados em sonhos para que não voltassem para junto de Herodes, partiram para a sua terra por outro caminho.



O sonho dos Magos – Gislebertus – (1120-30) – Capitel da Catedral de Autun, Musée Rolin, Autun. Crédito: © Web Gallery of Art
Como se pode comprovar, a referência é breve e nenhum dos outros evangelistas faz qualquer alusão à estrela ou aos Magos do Oriente. Nos anos que se seguiram à morte de Jesus Cristo, a estrela aparece apenas mencionada num escasso número de textos. Um deles é o evangelho apócrifo de Tiago, que faz parte de um grupo de textos não incluídos nas Sagradas Escrituras por não terem sido considerados, pela igreja, como de "inspiração divina". A referência é enfatizada, como podemos ver, em Tiago (21:2):

2 [...] Que sinal vistes indicando o nascimento desse rei?" Responderam os magos: "Um grande astro brilhou entre as demais estrelas de forma a ocultar-lhes [a luz].

No entanto, os textos de Tiago não são tão conhecidos como os de Mateus.

Não deixa, por isso, de ser curioso analisar como uma passagem tão pequena dos evangelhos pode chegar a ter tanta influência e a tornar-se mesmo numa das crenças mais enraizadas da nossa cultura.

Porém, se recuarmos no tempo, já no Antigo Testamento os profetas falavam na vinda do Messias e algumas passagens podem ser interpretadas considerando que esse advento seria indicado por um sinal celeste. No Livro dos Números, por exemplo, o mago Balaão é chamado pelo rei dos Moabitas, Balaque, para amaldiçoar Israel, mas por ordem de Deus acaba por fazer exactamente o contrário. Balaão profetiza:

Vê-lo-ei, mas não agora, contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó e um ceptro subirá de Israel, que ferirá os termos dos moabitas, e destruirá todos os filhos de Sete.
Números(24:17)


Este texto, que muitos interpretam identificando a estrela com o rei David, foi várias vezes decifrado como um presságio da Estrela de Belém.

Podemos admitir que a crença na estrela tem origem nas antigas profecias e assim talvez faça mais sentido. Mas a única profecia que se encontra referida nestes versículos é a de Miquéias (5:2), que os sacerdotes de Herodes mencionam e que não refere qualquer estrela. Mateus não evoca as escrituras a este respeito em particular e relata apenas o que os Magos teriam visto.

Não me parece nada estranho que se possa sugerir que, numa altura em que o império romano e a sua cultura pagã dominavam e qualquer nascimento ou morte de rei era acompanhado por um "fenómeno" que o pressagiava, Mateus tivesse querido estender o alcance da história de Jesus Cristo, como o enviado de Deus, o mais possível e por isso tivesse referido esta imagem, que pode ser apenas simbólica. A chave da questão pode estar simplesmente relacionada com a beleza de uma apologia, composta no estilo certo, utilizando símbolos que chegaram às culturas romana e judaica, um astro celeste, como Vénus ou Júpiter, ou então uma luz ou um resplendor, que já nas antigas escrituras representavam a glória de Deus. Tudo isto evidenciando a atitude de humildade dos homens, reis ou magos prestando vassalagem, perante o Messias. E depois, tal como diz o velho provérbio: quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto.

Tenha ou não sido simbólica, a imagem funcionou e chegou até nós.



Fresco A Adoração dos Magos – Giotto (1303-1305) – Capela Scrovegni, Pádua. Crédito: © Web Gallery of Art
 
A Estrela de Belém aparece em muitas das representações da Natividade que foram sendo criadas ao longo dos séculos. As mais antigas mostram uma estrela simples, de seis, sete ou oito pontas, como é o caso de algumas, do séc. IV, encontradas em sarcófagos no Vaticano, ou, do séc. VI, em mosaicos de Ravena. O capitel do séc. XII, de Gislebertus, da catedral de Autun, que se pode ver na primeira imagem, exibe também uma estrela de oito pontas.

Mais tarde, surgem as famosas pinturas de Giotto (1267-1337): o fresco A Adoração dos Magos (1303-05), da Capela Scrovegni, em Pádua, e também A Epifania (1320), um painel pertencente a uma série de sete sobre a vida de Cristo. Nestas duas obras a estrela surge com uma cauda, tal como um cometa, o que não resulta muito estranho se nos lembrarmos de que em 1301 se registou uma passagem do cometa Halley, que Giotto certamente terá observado.

Aliás, esta ideia, de que a estrela poderia ter sido semelhante a um cometa, já vem referida nos escritos de Origen de Alexandria, filósofo e teólogo que viveu entre 185 e 254 D.C. e um dos primeiros a procurar uma interpretação natural para o fenómeno. Origen fala de uma nova estrela diferente das conhecidas no céu e que poderia ter sido um cometa. Os cometas costumavam prever mortes e não nascimentos, mas Origen chega a referir um texto de um filósofo egípcio que dizia exactamente o contrário.


A Epifania (possivelmente de 1320) – Giotto – Fund. John Stewart Kennedy, 1911 (11.126.1) – Museu Metropolitano de Arte de Nova Iorque. Crédito: www.metmuseum.org
 
Todavia, para a maioria dos teólogos dos primeiros séculos D.C., tal como Santo Agostinho (354-430), a estrela terá sido um milagre, uma força divina que terá tomado a forma de uma estrela. Ainda hoje muita gente acredita nesta justificação.

Mas a partir dos séculos XIV e XV, com o Renascimento e as Descobertas, assistiu-se a um desabrochar do conhecimento, o que viria a trazer à luz alguns paradoxos religiosos. Começou a surgir a necessidade de se encontrar uma explicação mais clara e natural para este género de prodígios, de forma a compatibilizá-los com os dados empíricos.

O contributo mais importante para se começar a pensar na estrela como um fenómeno astronómico real terá sido dado, já no séc. XVII, pelo astrónomo alemão Johannes Kepler.

Antes do Natal de 1603, Kepler observou uma conjunção entre Júpiter e Saturno. Os planetas estavam muito próximos, separados apenas por um arco de grau, na constelação de Peixes. Kepler fez então uma série de cálculos que lhe permitiram concluir que uma conjunção semelhante teria ocorrido no ano 7 A.C.. Mas essa conjunção tivera uma particularidade, fora uma conjunção tripla, ocorrida entre Maio e Dezembro desse ano remoto.

Uma conjunção tripla é um fenómeno raro, que ocorre devido ao movimento retrógrado aparente de um dos dois planetas, que faz com que eles se cruzem no céu três vezes durante um período de poucos meses.


Constelação de Ofiúco com a Nova (N) – Gravura de De Stella nova in pede Serpentarii - Johannes Kepler, Praga, 1606. Cortesia: The Golden Age of the Celestial Atlas, Colecção da Linda Hall Library.
 
No ano seguinte, Kepler observou um evento ainda mais raro: um agrupamento entre Júpiter, Saturno e Marte. Calculou então a frequência deste fenómeno e aferiu que ela era de 805 anos. Sendo assim, teria acontecido no ano 799 D.C., mas também no ano 6.A.C. (perto da data provável para o nascimento de Cristo). Se continuarmos a contar os anos para trás chegamos a 811 A.C. (presumível tempo do profeta Isaías), depois a 1616 A.C., (período de Moisés)... Demasiada coincidência para Kepler? Talvez, porque parece que se continuarmos a retroceder chegamos a 4031 A.C., altura em que se considerava, imagine-se, que Adão tivesse sido criado!

Kepler achou que a conjunção tripla e o agrupamento poderiam ser indícios de algo, mas não relacionou directamente qualquer um destes fenómenos com a Estrela de Belém. O melhor estava ainda para vir. Em Outubro de 1604, observou uma supernova que se manteve visível no céu durante um ano e cujo aparecimento relatou no volume De Stella nova in pede Serpentarii (Praga, 1606). Teria sido este o sinal.

O que Kepler fez a seguir, erradamente, foi relacionar a conjunção dos três planetas com o aparecimento da nova estrela. Uma coisa teria sido consequência da outra. Depois julgou que no tempo do nascimento de Cristo se teria dado um fenómeno semelhante.

Foi desta forma que, durante muitos anos, se pensou que a estrela de Belém poderia ter sido uma "nova".

          

 Fonte:
Portal do Astrónomo - Portugal
http://www.portaldoastronomo.org/tema_pag.php?id=11&pag=1

www.teresadireitinho.com

CLEÓPATRA E ARSÍNOE - Rainhas do Egito



Após a análise de detalhes e símbolos de uma coroa egípcia original, um novo estudo concluiu que a Cleópatra pode não ter sido a única rainha (“faraó do sexo feminino”) do antigo Egito.

O estudo da coroa e a reinterpretação de relevos egípcios levou pesquisadores suecos a questionar a linha de dominação masculina tradicional da realeza do Egito.

A coroa estudada foi usada pela Rainha Arsínoe II (316-270 a.C.), uma mulher que concorreu e ganhou eventos olímpicos. Ela teria sido a primeira rainha do Egito, cerca de 200 anos antes de Cleópatra. Arsínoe II pertencia à família de Ptolomeu, dinastia que governou o Egito por cerca de 300 anos, até a conquista romana de 30 a.C.

Enquanto muitos pesquisadores concordam com o destaque de Arsínoe – ela foi deificada durante a sua vida e honrada por 200 anos após sua morte -, o novo estudo sugere que ela era de fato uma faraó egípcia, com um papel semelhante ao das mais famosas Hatshepsut e Cleópatra VII.

Uma das grandes mulheres do mundo antigo, Arsínoe era filha de Ptolomeu I (366-283 a.C.), um general macedônio abaixo de Alexandre, o Grande, que mais tarde se tornou governante do Egito e fundador da dinastia de Ptolomeu, a qual Cleópatra pertencia.

Com uma vida marcada por assassinatos dinásticos, intrigas, sexo e ganância, Arsínoe pode ter sido a mais notável das predecessoras de Cleópatra. Segundo os pesquisadores, ela não era uma mulher comum. Além de lutar nas batalhas, participou das Olimpíadas, onde ganhou três eventos.

Arsínoe se casou com 16 anos, com Lisímaco da Trácia, um general de Ptolomeu I que tinha 60 anos. Ela conquistou grande riqueza e honrarias durante sua estadia na Grécia. Quando, 18 anos depois, Lisímaco morreu, ela se casou com seu meio-irmão, Ptolomeu Keraunus. O casamento terminou abruptamente depois que Keraunus matou dois dos três filhos de Arsínoe.

Arsínoe, em seguida, retornou ao Egito e se casou com seu irmão oito anos mais novo, o Rei Ptolomeu II. Uma coroa, que nunca foi encontrada, mas está representada em estátuas e relevos esculpidos em pedra, foi criada especialmente para ela.

Os pesquisadores analisaram 158 cenas em relevo datadas desde a vida Arsínoe até o Imperador Trajano, abrangendo cerca de 400 anos. Eles estudaram cada detalhe da coroa, incluindo títulos em hieróglifos e outras cenas.

Os pesquisadores descobriram que a coroa difere da habitual coroa real egípcia, como a khepresh (ou coroa azul), a coroa branca, a coroa vermelha, a coroa dupla, a pluma dupla e a coroa de penas de avestruz.
Em vez disso, a coroa de Arsíone era composta por quatro elementos principais: a coroa vermelha, simbolizando comando do Baixo Egito, os chifres de carneiro, ligados principalmente com o deus carneiro do Egito, Amon, o disco solar entre chifres de vaca, simbolizando a deusa Hathor e a harmonia entre masculino e feminino, e a pluma dupla, outro símbolo importante de Amon.

Segundo a interpretação dos pesquisadores, esses símbolos indicam que a coroa de Arsínoe foi criada para a rainha enquanto ela ainda vivia; era uma rainha que deveria ser uma sacerdotisa, uma deusa e a governante do Baixo Egito, ao mesmo tempo. Arsíone usou a coroa durante sua própria vida, em vista do público, com os símbolos compreensíveis para todos.

Os pesquisadores acreditam que Arsíone foi proclamada rainha (faraó) durante sua vida. Ela co-governou o Egito, como rainha do Baixo Egito, ao lado de seu irmão-marido Ptolomeu II, rei do Alto Egito.

Arsíone foi considerada uma deusa, do mesmo nível que as antigas deusas Ísis e Hathor. Ela foi homenageada por 200 anos após a sua morte, que ocorreu aos 45 anos. Um santuário especial, o Arsinoëion, foi construído em sua honra em Alexandria, e um festival, o Arsinoëia, foi criado especialmente para ela.

Encontrada em pelo menos 27 variações, a coroa simbólica de Arsínoe foi mais tarde usada pelas rainhas ptolomaicas Cleópatra III e Cleópatra VII, e usada também como modelo por vários descendentes masculinos de Ptolomeu.

Segundo os pesquisadores, o estudo abre um novo campo de pesquisa e mostra que outras rainhas da linha de Ptolomeu, especialmente as Cleópatras, tenderam a imitar Arsínoe II em seus elementos iconográficos. [MSN]

 Fonte:
HypeScience
http://hypescience.com/cleopatra-pode-nao-ter-sido-a-unica-rainha-do-egito/

sábado, 4 de dezembro de 2010

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

BIODIVERSIDADE - SciELO


Acesso livre à biodiversidade
SciELO lança portal que disponibiliza obras, artigos e documentos 
históricos sobre a biodiversidade brasileira (WIkimedia)

Especiais

Acesso livre à biodiversidade

3/12/2010
Por Alex Sander Alcântara 

Agência FAPESP – O conhecimento produzido no Brasil sobre a sua biodiversidade ganhará mais visibilidade. O motivo é o Portal BHL ScieLO, que disponibiliza com acesso livre milhares de obras, artigos, mapas e documentos históricos sobre a biodiversidade brasileira.

Lançado oficialmente na quarta-feira (1º/12), o serviço é parte do projeto “Digitalização e publicação on-line de uma coleção de obras essenciais em biodiversidade das bibliotecas brasileiras”, conduzido pelo programa SciELO, biblioteca eletrônica virtual de revistas científicas mantida pela FAPESP em convênio com o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme).

O projeto conta com a participação do programa Biota-FAPESP, da Biblioteca Virtual do Centro de Documentação e Informação da FAPESP, do Ministério do Meio Ambiente, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação de Apoio à Universidade Federal de São Paulo.
De acordo com Abel Packer, coordenador operacional do programa SciELO, a BHL SciELO possibilitará o fortalecimento da pesquisa científica em biodiversidade.

“O Brasil tem uma produção científica de destaque nessa área, mas que hoje assume também uma dimensão política e econômica internacional com todas as discussões sobre mudança climática e preservação de espécies”, disse à Agência FAPESP.

Segundo Packer, o novo portal já reúne volume suficiente de arquivos para atender às demandas de pesquisadores e demais interessados. “Contamos até o momento com cerca de 110 mil registros digitalizados: artigos, mapas e obras de referências históricas da biodiversidade brasileira”, explicou.

O portal integrará a rede global The Biodiversity Heritage Library (BHL), consórcio que reúne os maiores museus de história natural e bibliotecas de botânica no mundo, como a Academy of Natural Sciences e o American Museum of Natural History, nos Estados Unidos, e o Natural History Museum, na Inglaterra.

“A Austrália acabou de entrar e, agora, tanto a BHL Brasil como a BHL China farão parte dessa rede mundial que já conta com cerca de 130 mil obras e mais 32 milhões de páginas digitalizadas”, dise Packer.

No Brasil, a rede será composta por instituições como Biblioteca Nacional, Museu Nacional, Jardim Botânico do Rio Janeiro, Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Butantan, Centro de Referência em Informação Ambiental (Cria), Bireme, Fundação Zoobotânica, Instituto de Botânica do Estado de São Paulo, Museu Paraense Emílio Goeldi e a USP.

“O objetivo é seguir o mesmo modelo da SciELO com a modalidade de acesso aberto com múltiplos sistemas de busca e indicadores bibliométricos, que tem propiciado maior visibilidade à produção científica dos países em desenvolvimento, principalmente os localizados na América Latina e Caribe. A ideia da BHL SciELO é que se estenda também para a América Latina”, contou Packer.

O portal também traz notícias da Agência FAPESP
e da revista Pesquisa FAPESP.

Produção brasileira
Ao levantar dados sobre a produção científica brasileira na área de zoologia, Rogério Meneghini, coordenador científico do Programa SciELO, disse ter ficado surpreso com a posição do Brasil na produção de artigos na área.
Com base no cruzamento de informações da Web of Science, base de dados da empresa Thomson Reuters, foram produzidos no mundo, entre 2007 e 2008, 23.903 artigos em zoologia. “O que mais chama a atenção é que o Brasil fica na quarta posição com 1.762 artigos, perdendo apenas para os Estados Unidos (7.649), Japão (2.233) e Inglaterra (1.762)”, disse.

Meneghini está concluindo a pesquisa “Projeto para avaliação do impacto de programas brasileiros de ciência e tecnologia”, que tem o apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular.
Outro destaque do estudo é que, entre as instituições globais de pesquisa na área de zoologia, a USP é a primeira da lista, seguida das academias de ciência da Rússia e da China e da Universidade de Kyoto, no Japão. “Existem áreas em que a produção brasileira está competindo em pé de igualdade. Um exemplo é a zoologia”, disse, destacando a Revista Brasileira de Zoologia.

Tiago Duque Estrada, gestor executivo do Biota-FAPESP na Universidade Estadual de Campinas, falou da experiência do Programa e novos desafios na nova fase do programa. Segundo ele, uma das frentes é disponibilizar dados sobre as pesquisas.

“A linha de base do Biota foi a publicação de sete volumes temáticos e da revista Biota Neotropica, do Atlas e também do Sistema de Informação Ambiental (SinBiota), que tiveram a função de mapear e divulgar o que já está disponível para a sociedade, governos e demais pesquisadores”, disse.

Em pouco mais de dez anos, o Biota contabilizou cerca de 113 mil registros, sendo 12 mil de espécies. “Um dos desafios agora é entender como a biodiversidade produz elementos e componentes químicos que podem ser patenteados e associados à cadeia produtiva existente na sociedade, mas ainda precisamos reunir mais dados”, disse ao falar do Biota Prospecta.

Participaram também do lançamento do portal Sueli Mara Ferreira, diretora do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP, que falou dos desafios do acesso aberto na universidade, Dora Ann Lange Canhos, do Cria, que contou sobre a experiência da Lista de Espécies da Flora do Brasil, e Tiago Duque Estrada, gestor executivo do Biota-FAPESP na Universidade Estadual de Campinas, que falou das publicações do programa, da revista Biota Neotropica e do Sistema de Informação Ambiental (SinBiota).
 

 Fonte:
Agência FAPESP