quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

ADEUS A RAZÃO - Paul Feyerabend

 

Feyerabend desafia os dogmas da ciência em obra clássica

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Adeus a razão

















Em Adeus à razão, mais uma obra polêmica de um dos principais filósofos da ciência, Paul Feyerabend desafia os grandes dogmas do mundo contemporâneo para defender os benefícios da diversidade e das mudanças culturais frente às certezas uniformes e homogeneizantes da racionalidade científica, baseada nos ideiais da razão e da objetividade. Reunindo ensaios publicados nos anos 80, este lançamento da Editora Unesp discute de Xenófanes a Einstein e a mecânica quântica, passando por uma análise surpreendente do conflito entre Galileu e a Igreja Católica e aproximando a ciência da arte.

Feyerabend deixa claro que a variedade cultural que defende não está em conflito com a ciência, desde que esta seja entendida como uma investigação livre e irrestrita e não o monótono domínio ideológico que a tradição ocidental chama de racionalismo. Isso porque, mesmo problemas altamente técnicos, como os do controle de armamentos nucleares, nunca são totalmente “objetivos” e são sempre permeados pelos componentes “subjetivos”, ou seja, culturais.

Como o próprio autor coloca, “a imposição de escolas, alfabetização e informação ‘objetiva’, separada das preferências e dos problemas locais, tirou da existência seus ingredientes epistêmicos e tornou-a árida e sem sentido”. 

Deste modo, não é um mundo fragmentado e caótico o que temos, mas complexo, cuja multiplicidade não cabe em um conjunto imutável de regras. Do mesmo modo que critica o método que busca uma abordagem homogeneizante, seu texto se volta contra a primazia de uma visão totalizadora.
O seu adeus à razão é assim a rejeição de uma “imagem congelada e distorcida da ciência para obter aceitação para suas próprias crenças antediluvianas”.

Sobre o autor – O austríaco Paul Feyerabend 1924-1994 foi professor de Filosofia na Universidade da Califórnia, em Berkeley, e de Filosofia da Ciência no Federal Institute of Technology, em Zurique. Antes de se dedicar à filosofia estudou física, matemática, astronomia, teatro e produção de óperas.
Entre seus livros mais notáveis estão Against Method Contra o método, publicado em português pela Editora Unesp em 2007, Science in a Free Society 1978, Philosophical Papers 1981 e Killing Time Matando o tempo, publicado pela Editora Unesp em 1996.

Paul Feyerabend


Paul Feyerabend em Berkeley.
Paul Karl Feyerabend (Viena, 13 de janeiro de 1924 - Zurique, 11 de fevereiro de 1994 ) filósofo da ciência que ao longo de sua vida tem experimentado uma evolução constante (popperiano, antirracionalista, empirista, antiempirista, antipositivista, relativista), sempre com um alto grau de anarquismo e critério crítico; criador do anarquismo epistemológico

É um dos dois autores da Tese da Inconmensurabilidad.
Em seus ensaios utilizou uma linguagem clara e expresivo que influísse no leitor, afastando da linguagem frio e aséptico que é uma das limitações que, segundo Feyerabend, sofre um cientista. Emprega com frequência citas de filósofos marxistas (Lenin, Mao Zedong, Rosa Luxemburgo, etc.) seleccionadas quiçá por sua linguagem directa. 

Escreveu com uma paixão difícil de encontrar em nenhum outro filósofo da ciência. As críticas negativas iniciais que recebeu seu livro Contra o método lhe custaram, como narra em seu autobiografía (Matando o tempo), uma profunda depressão. 

Biografia

Paul Feyerabend participou na Segunda Guerra Mundial no exército alemão, atingindo o grau de tenente. Ao finalizar esta começou estudos de canto, cenografia, história e sociologia, mas cedo dirigiu seu interesse para a física. Publicou seu primeiro artigo, que versava sobre a ilustração na física moderna, no que se mostrava profundamente positivista, na linha do Círculo de Viena

Se doctoró em 1951 e recebeu uma bolsa de um ano para estudar com Ludwig Wittgenstein, mas este morreu dantes da chegada de Feyerabend ao Reino Unido, pelo que escolheu a Karl Popper como supervisor, na London School of Economics. Ao acabar a bolsa regressou a Viena , onde traduziu ao alemão A sociedade aberta e seus inimigos, de Popper. Em 1955 transladou-se à Universidade de Bristol . Publicou diversos artigos nos que se detectam claras influências do racionalismo popperiano. 

Em 1959 se nacionalizó estadounidense. Começou a escrever artigos nos que fazia uma revisão crítica do empirismo. Introduziu em sua filosofia o conceito de inconmensurabilidad (ainda que o termo em si foi fixado posteriormente), que também encontramos em Wittgenstein e Kuhn, para se referir a teorias científicas disjuntas, isto é, aquelas cujos universos conceptuais são totalmente incompatíveis e intraducibles entre si.

Para finais dos 60 seus artigos começam a revelar seu giro para uma espécie de pluralismo teórico segundo o qual o melhor mecanismo para o progresso passa por introduzir o maior número possível de hipótese alternativas, tal como publicou em um longo artigo em 1970 (Contra o método). Feyerabend planeou com Imre Lakatos, amigo seu, uma colaboração em forma de um livro de debate que chamar-se-ia For and against method (A favor e contra o método). Ainda que a morte de Lakatos acabou com o projecto conjunto, Feyerabend publicou sua parte como seu primeiro livro baixo o título Tratado contra o método (1975).

Em seus seguintes livros Ciência em uma sociedade aberta (1978), Ciência como uma arte (1987) e Adeus à razão (1987), puntualizó e desenvolveu sua epistemología. Estes significaram um claro respaldo ao relativismo, chegando a afirmar que em realidade a ciência sofre mudanças, mas não progresso. Morreu em consequência de um tumor cerebral para o que não existia tratamento eficaz. Seu autobiografía Matando o tempo publicou-se a título póstumo em 1995 .

Filosofia

Primeira época

Os primeiros escritos mostram uma clara influência popperiana. Afirmava que a função da epistemología não era descrever como actuam os cientistas, senão como deveriam actuar. Seu epistemología era totalmente metodológica, sem nenhuma preocupação metafísica. Defendia a multiplicação de teorias como o melhor caminho para o progresso.

Contra o método (1975)

Contra o método é uma crítica da lógica do método científico racionalista, apoiada em um estudo detalhado de episódios finques da história da ciência. Conclui que a investigação histórica contradiz que tenha um método com princípios inalterables, que não existe uma regra que não se tenha rompido, o que indica que a infracção não é acidental senão necessária para o avanço da ciência. Feyerabend denuncia que, apesar disso, há um esforço contínuo para encerrar o processo científico dentro dos limites do racionalismo, de maneira que um especialista acaba sendo uma pessoa submetida voluntariamente a uma série de restrições em sua maneira de pensar, de actuar e inclusive de se expressar. 

A educação científica concebe-se hoje como uma simplificação da racionalidad que se consegue mediante a simplificação das pessoas que participam na ciência. 

Uma parte essencial de todas as teorias de indução é a regra que diz que os factos medem o sucesso de uma teoria. Feyerabend sugere proceder inductivamente, mas também contrainductivamente, isto é, introduzindo hipótese inconsistentes com teorias, ou com factos bem estabelecidos. Justifica a contrainducción dizendo que há teorias nas que a informação necessária para as contrastar só seria patente à luz de outras teorias contradictorias com a primeira. 

A história da ciência proporciona exemplos da contrainducción em acção. Por exemplo, Galileo teve que recorrer à contrainducción para falsear os razonamientos com os que os físicos aristotélicos negavam o movimento da Terra. Por tanto o uso da contrainducción seria, simplesmente, aproveitar de uma maneira consciente da própria forma de ser da ciência.

A terra oca é uma teoria instância. 

Feyerabend afirmava que nenhuma teoria seria nunca consistente com todos os factos relevantes. Por exemplo, uma teoria da gravitación da entidade da de Newton tem tido desde o princípio sérias dificuldades de desvios cuantitativas com os factos observados. Isto não tem impedido que seja a dominante durante séculos e se considere um modelo de teoria científica. 

Nestes casos, em lugar de eliminar a teoria por seu desacordo com os factos recorre-se a uma aproximação ou bem se inventa uma hipótese ("uma hipótese ad hoc", diz Feyerabend) que cubra a inconsistencia. A atitude habitual em filosofia da ciência é desprezar estas hipóteses ad hoc por ir contra o método racionalista. No entanto, segundo Feyerabend, é um facto que tais hipóteses são abundantes no corpo da ciência. 

Também Lakatos, um dos principais seguidores de Popper , opina que qualquer nova teoria que se proponha para substituir a uma teoria refutada, no fundo não é mais que (e não poderia ser de outra maneira) uma teoria ad hoc.

A ciência em uma sociedade livre (1978)

Continua com sua análise da ciência e do método que esta utiliza, criticando o estatus mítico que tem atingido na sociedade ocidental como a melhor forma de adquirir conhecimento. A última parte do livro é uma autodefensa em frente à péssima acolhida entre os académicos que teve Contra o método, onde acusa aos críticos de não o ter entendido. 

Adeus à razão (1987)

Feyerabend apoia-se em Soren Kierkegaard e em diversos filósofos: românticos e existencialistas para negar a racionalidad do mundo, ou mais bem a existência de uma Razão abstrata dominante. A ciência é como a arte no sentido de que não há um "progresso" nem uma "verdade" senão simples mudanças de estilo. Proclama as virtudes do pluralismo cultural.

As ideias ocidentais não são as melhores nem também não o ideal ao que deve aspirar a humanidade. Em seu livro Adeus à Razão, 1987 Cap. 3-7,[1] adverte que não se podem desprezar como inúteis sistemas de crenças como a astrología ou a medicina alternativa, aos que atribui um status equiparable ao da ciência.

Artigos dos 80

Durante esta década publicou um grande número de artigos. Neles opina que a Razão e a Ciência têm deslocado as crenças prévias por um simples jogo de poderes, não por ter ganhado nenhuma argumentación. 

A ciência é em realidade uma aglomeración de ideias, 
não um conjunto unificado. 

Inclui grande quantidade de componentes que procedem de disciplinas não científicas que são parte vital do processo, e em realidade não há razão para supor que o mundo possui uma sozinha natureza. Pelo contrário, apresenta-se-nos profundamente plural.



Título: Adeus à razão
Autor: Paul Feyerabend
Número de páginas: 399
Formato: 16 x 23 cm
Preço: R 56
ISBN: 978-85-393-0045-7

Os livros da Fundação Editora da Unesp 
podem ser adquiridos pelo telefone 11 3107-2623 
ou pelos sites: www.editoraunesp.com.br ou www.livrariaunesp.com.br
Feyerabend apoia-se em Soren Kierkegaard e em diversos filósofos: românticos e existencialistas para negar a racionalidad do mundo, ou mais bem a existência de uma Razão abstrata dominante. A ciência é como a arte no sentido de que não há um "progresso" nem uma "verdade" senão simples mudanças de estilo. Proclama as virtudes do pluralismo cultural. As ideias ocidentais não são as melhores nem também não o ideal ao que deve aspirar a humanidade. Em seu livro Adeus à Razão, 1987 Cap. 3-7,[1] adverte que não se podem desprezar como inúteis sistemas de crenças como a astrología ou a medicina alternativa, aos que atribui um status equiparable ao da ciência.

Paul Feyerabend


Paul Feyerabend em Berkeley.
Paul Karl Feyerabend (Viena, 13 de janeiro de 1924 - Zurique, 11 de fevereiro de 1994 ) filósofo da ciência que ao longo de sua vida tem experimentado uma evolução constante (popperiano, antirracionalista, empirista, antiempirista, antipositivista, relativista), sempre com um alto grau de anarquismo e critério crítico; criador do anarquismo epistemológico

É um dos dois autores da Tese da Inconmensurabilidad.
Em seus ensaios utilizou uma linguagem clara e expresivo que influísse no leitor, afastando da linguagem frio e aséptico que é uma das limitações que, segundo Feyerabend, sofre um cientista. Emprega com frequência citas de filósofos marxistas (Lenin, Mao Zedong, Rosa Luxemburgo, etc.) seleccionadas quiçá por sua linguagem directa. 

Escreveu com uma paixão difícil de encontrar em nenhum outro filósofo da ciência. As críticas negativas iniciais que recebeu seu livro Contra o método lhe custaram, como narra em seu autobiografía (Matando o tempo), uma profunda depressão. 

Biografia

Paul Feyerabend participou na Segunda Guerra Mundial no exército alemão, atingindo o grau de tenente. Ao finalizar esta começou estudos de canto, cenografia, história e sociologia, mas cedo dirigiu seu interesse para a física. Publicou seu primeiro artigo, que versava sobre a ilustração na física moderna, no que se mostrava profundamente positivista, na linha do Círculo de Viena. Se doctoró em 1951 e recebeu uma bolsa de um ano para estudar com Ludwig Wittgenstein, mas este morreu dantes da chegada de Feyerabend ao Reino Unido, pelo que escolheu a Karl Popper como supervisor, na London School of Economics. Ao acabar a bolsa regressou a Viena , onde traduziu ao alemão A sociedade aberta e seus inimigos, de Popper. Em 1955 transladou-se à Universidade de Bristol . Publicou diversos artigos nos que se detectam claras influências do racionalismo popperiano. 

Em 1959 se nacionalizó estadounidense. Começou a escrever artigos nos que fazia uma revisão crítica do empirismo. Introduziu em sua filosofia o conceito de inconmensurabilidad (ainda que o termo em si foi fixado posteriormente), que também encontramos em Wittgenstein e Kuhn, para se referir a teorias científicas disjuntas, isto é, aquelas cujos universos conceptuais são totalmente incompatíveis e intraducibles entre si.

Para finais dos 60 seus artigos começam a revelar seu giro para uma espécie de pluralismo teórico segundo o qual o melhor mecanismo para o progresso passa por introduzir o maior número possível de hipótese alternativas, tal como publicou em um longo artigo em 1970 (Contra o método). Feyerabend planeou com Imre Lakatos, amigo seu, uma colaboração em forma de um livro de debate que chamar-se-ia For and against method (A favor e contra o método). Ainda que a morte de Lakatos acabou com o projecto conjunto, Feyerabend publicou sua parte como seu primeiro livro baixo o título Tratado contra o método (1975).

Em seus seguintes livros Ciência em uma sociedade aberta (1978), Ciência como uma arte (1987) e Adeus à razão (1987), puntualizó e desenvolveu sua epistemología. Estes significaram um claro respaldo ao relativismo, chegando a afirmar que em realidade a ciência sofre mudanças, mas não progresso. Morreu em consequência de um tumor cerebral para o que não existia tratamento eficaz. Seu autobiografía Matando o tempo publicou-se a título póstumo em 1995 .


Título: Adeus à razão
Autor: Paul Feyerabend
Número de páginas: 399
Formato: 16 x 23 cm
Preço: R 56
ISBN: 978-85-393-0045-7

Os livros da Fundação Editora da Unesp 
podem ser adquiridos pelo telefone 11 3107-2623 
ou pelos sites: www.editoraunesp.com.br ou www.livrariaunesp.com.br
Feyerabend apoia-se em Soren Kierkegaard e em diversos filósofos: românticos e existencialistas para negar a racionalidad do mundo, ou mais bem a existência de uma Razão abstrata dominante. A ciência é como a arte no sentido de que não há um "progresso" nem uma "verdade" senão simples mudanças de estilo. Proclama as virtudes do pluralismo cultural. As ideias ocidentais não são as melhores nem também não o ideal ao que deve aspirar a humanidade. Em seu livro Adeus à Razão, 1987 Cap. 3-7,[1] adverte que não se podem desprezar como inúteis sistemas de crenças como a astrología ou a medicina alternativa, aos que atribui um status equiparable ao da ciência.

 















Foto: retrato de Paul Feyerabend no início nos anos 90; f
onte, banco de dados da Folha de S. Paulo.

Paul K. Feyerabend
(Viena, 1924 - Zurique, 1994)
Filósofo e crítico das ciências austríaco. Ao lado de Karl Popper e Thomas Kuhn, é considerado um dos principais renovadores da história das ciências, no século XX. Atacou duramente a pretensão de neutralidade das pesquisas científicas, cujo sucesso entendia como decorrente de fatores políticos e retóricos, ao invés de um suposto progresso do conhecimento objetivo do mundo. Autor de Contra o Método (1975) e Farewell to Reason (Adeus à Razão, 1987).


“A diferença entre ciência e metodologia é óbvio fato da história, indica, portanto, insuficiência da metodologia e, talvez, também das 'leis da razão'. Com efeito, o que se afigura 'fugidio', 'caótico', 'oportunista', quando posto em paralelo com tais leis tem importantíssima função no desenvolvimento daquelas mesmas teorias que hoje encaramos como partes essenciais de nosso conhecimento acerca da natureza. (...) Sem 'caos', não há conhecimento. Sem freqüente renúncia à razão, não há progresso. Idéias que hoje constituem a base da ciência só existem porque houve coisas como o preconceito, a vaidade, a paixão; porque essas coisas se opõem à razão; e porque foi permitido que tivessem trânsito. Temos, portanto, de concluir que, mesmo no campo da ciência, não se deve e não se pode permitir que a razão seja exclusiva, devendo ela, freqüentes vezes, ser posta de parte ou eliminada em prol de outras entidades.

Não há uma só regra que seja válida em todas as circunstâncias, nem uma instância a que se possa apelar em todas as situações” (FEYERABEND, P. Contra o Método , cap. XV, p. 279)

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