sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O MITO E A FILOSOFIA




 Ricardo Ernesto Rose
Jornalista e Licenciado em Filosofia

O conceito de mito
O mito tem várias definições, que variam segundo o autor. Um dos maiores mitólogos do século XX, o romeno Mircea Eliade define assim o mito: “A definição que a mim, pessoalmente me parece a menos perfeita, por ser a mais ampla, é a seguinte: o mito conta uma história sagrada; ele relata um acontecimento ocorrido no tempo primordial, o tempo fabuloso do “princípio”. Em outros temos, o mito narra como, graças à façanha dos Entes Sobrenaturais, uma realidade passou a existir, seja uma realidade total, o Cosmo, ou apenas um fragmento: uma ilha, uma espécie vegetal, um comportamento humano, uma instituição.” (Eliade, 1972). Para o antropólogo Claude Levy-Strauss o mito é a história de um povo, é a identidade primeira e mais profunda de uma coletividade que se quer explicar. O mitólogo e antropólogo americano Joseph Campbell escreve que “o material do mito é material da nossa vida, do nosso corpo, do nosso ambiente; e uma mitologia viva, vital, lida com tudo isso nos termos que se mostram mais adequados à natureza do conhecimento da época.” (Campbell, 1993).

Nesta frase de Campbell já temos alguma indicação sobre como devemos encarar os mitos: uma mitologia, ou seja, o estudo dos mitos lida com os mitos nos termos que se mostram mais adequados ao conhecimento de uma época – de sua própria época. Exemplo dessa maneira diferente de encarar o mito ao longo da história é que há 250 anos, em um período fortemente influenciado pelo movimento iluminista, os mitos eram pouco valorizados e estudados. Todavia, cerca de cento e poucos anos mais tarde, com o nascimento da sociologia, antropologia e etnografia, vemos que o interesse pelo assunto aumentou, dando-se uma verdadeira corrida às regiões mais afastadas à época, ainda habitadas por culturas originais – como a costa leste da América do Norte, a Oceania, aÁfrica e a América do Sul – para que pudessem ser pesquisados e registrados os mitos destas culturas ditas selvagens. James Frazer, Franz Boas, Bronislaw Malinowsky, Claude Levy-Strauss e Margareth Mead, entre outros, foram os grandes pesquisadores deste período. Seus textos estão disponíveis e serão de grande ajuda para todo estudioso que deseja obter uma compreensão do conceito do mito.

Do que expusemos até o momento concluímos que devemos fugir das explicações simplistas do mito, como: “ficções construídas para aplacar o medo dos homens primitivos perante os fenômenos naturais”, “narrativas pré-científicas para explicar o mundo”, “lendas desenvolvidas pelos sacerdotes para dominar o povo”. Estas definições, apesar de tendenciosas, não deixam de ter um fundo de verdade, mas não mostram uma profundidade de análise.

Origens da filosofia e sua relação com o mito

Mircea Eliade, em sua obra “História das Crenças e das Idéias Religiosas” nos dá uma boa indicação do porque do desenvolvimento da filosofia na Antiga Grécia. Segundo Eliade, a religião grega sempre foi um politeísmo, no qual os deuses tinham comportamento parecido aos dos homens; os mesmos desejos, impulsos e emoções, com a diferença de que eram imortais. A religião grega, pelas suas características, nunca chegou a ser uma religião estritamente normativa e ligada a um povo específico (os gregos também dividiam muitos deuses com outros povos), como o foram a religião egípcia e a judaica.

Os gregos nunca tiveram um Livro dos Mortos ou um Decálogo. Todavia, os relatos dos bardos – entre eles os mais famosos Homero e Hesíodo – influenciaram a cultura grega da mesma forma. Não através da criação de leis, impedimentos e sanções, mas através de exemplos da vida dos deuses e dos heróis, a Paidéia, que foram incorporados à cultura grega – da poesia às tragédias, da escultura à filosofia. O historiador Werner Jaeger escreve: “O testemunho mais remoto da antiga cultura aristocrática helênica é Homero, se com esse nome designamos as duas epopéias: a Ilíada e a Odisséia. Para nós, é ao mesmo tempo a fonte histórica da vida daqueles dias e a expressão poética imutável de seus ideais” (Jaeger, 2003). Referindo-se a Hesíodo, Jaeger escreve: “O poema de Hesíodo permite-nos conhecer com clareza o tesouro espiritual que os camponeses beócios possuíam, independentemente de Homero. Na grande massa das sagas da Teogonia encontramos muitos temas antiqüíssimos, já conhecidos de Homero, mas também muitos outros que nele não apareceram.” (Jaeger, 2003). Este o arcabouço cultural da Antiga Grécia. As narrações dos dois poetas eram transmitidas de uma geração à outra, terminando por serem fixadas por escrito em torno do século VIII a.C.

Por volta do século VIII a.C. a população na península grega começa a crescer, forma-se as cidades-Estado e aumenta o comércio ultramarino. Estabelecem-se as primeiras colônias de mercadores gregos na Jônia – região hoje ocupada pela Turquia – e na Magna Grécia, a Eléia – região onde hoje se o sul da Itália.
O comércio a agricultura, a navegação, a construção de canais e de pontes, o contato com outros povos, fizeram com que se formasse nestas colônias gregas uma elite intelectual e econômica, que dominava os mais importantes conhecimentos da época: matemática, astronomia, geometria, línguas estrangeiras, escrita e religiões de outros povos.

No plano intelectual, toda esta vasta gama de conhecimentos fez com que jônios e eleatas passassem a encarar o universo de uma maneira diferente. No plano religioso, ainda conheciam as narrativas míticas de Homero e Hesíodo, as registravam e passavam para as gerações posteriores. Mas aos poucos, estas narrativas foram perdendo seu caráter mítico-religioso e mantiveram apenas sua função política de manutenção das tradições cívicas e das instituições das cidades-Estado.

Dentre esta elite altamente intelectualizada da Jônia e da Eléia, com acesso a todas as novas idéias que circulavam na região do Mediterrâneo à época (já que viviam em cidades cosmopolitas ligadas ao comércio) surge um novo grupo de homens: os filósofos. Estes foram os primeiros a não se utilizarem mais do mito para explicar o mundo e seu surgimento, representando provavelmente o primeiro movimento de laicização da cosmogonia, de tentativa de explicação da origem do universo através de meios racionais – evidentemente limitados pelos conhecimentos práticos (científicos?) da época. Estes pensadores, mais tarde conhecidos como pré-socráticos, apresentaram diversas hipóteses para apontar o elemento do qual todo o universo é constituído. As hipóteses variavam da água (Thales de Mileto na Jônia, considerado o primeiro filósofo), para o infinito (Anaximandro de Mileto, introdutor da filosofia na Grécia continental), até os números (Pitágoras de Samos, filósofo da escola eleata).

Todos os pensadores pré-socráticos tentam explicar o fundamento último do universo e, em termos atuais, poderiam também ser chamados de primeiros cientistas. Fato mais importante neste estudo é ressaltar a importância do surgimento da filosofia, como primeira tentativa de explicar o mundo à parte do posicionamento definitivo e por vezes impositivo das religiões. Aí, neste momento, tem origem a filosofia e todas as ciências que surgiram posteriormente.
Os pensadores pré-socráticos – e mesmo pensadores posteriores – não estão definitivamente livres do mito. Em sua linguagem e na construção de suas idéias ainda são utilizados termos oriundos do pensamento mítico. Em muitos relatos ainda há aparição de deuses (a deusa que aparece a Parmênides) ou referência a eles.

Diferença entre mito e filosofia

O mito é um relato que oferece uma explicação definitiva; o mito não precisa de justificativa. Ao contrário, é o mito que justifica uma sociedade, uma cultura, um costume, como vimos acima.
Da maneira como é elaborado, o mito não é para ser criticado ou discutido. Da mesma forma, ele não precisa ser apresentado através de argumentações – ele simplesmente é comunicado à comunidade por aqueles que se consideram os arautos das Musas ou dos Deuses. Vale aqui lembrar que quando uma religião se apropria do mito; este fica sujeito à crítica e precisa apresentar justificativas.
Como exemplo perfeito disto tome-se o mito da Criação e de Adão e Eva. O relato é mais antigo do que o judaísmo. Daí foi incorporado na religião e desde então precisa justificar­se, já que faz parte de um "plano" efetivo de Deus para com a humanidade, segundo o discurso religioso.

A filosofia é uma narrativa que não oferece uma explicação definitiva, já que a discussão é própria da filosofia. Existem sistemas filosóficos que se pretendiam definitivos; que pretendiam oferecer uma explicação definitiva da realidade. Talvez seja por isso que quase se transformaram em seitas.
Outro aspecto é que a filosofia sempre precisa se justificar. O próprio ato de filosofar já implica a apresentação de uma justificativa daquilo que vai ser dito. Por ser um processo baseado na experiência e/ou no raciocínio lógico, a filosofia sempre está sujeita a criticas.
 Fonte :CONSCIENCIA.ORG

terça-feira, 10 de agosto de 2010

COMPUTADOR DECIFRA ARTE

 Os computadores começam a entender a arteOs computadores começam a entender a arte

Pesquisadores espanhóis e alemães desenvolveram algoritmos matemáticos que podem tirar conclusões sobre o estilo artístico de uma pintura. A reprodução é de um quadro de Egon Schiele (1917).[Imagem: Egon Schiele/Reprodução


































Os computadores já podem detectar com precisão a composição de cores de uma imagem e fazer algumas medições estéticas - alguns pesquisadores já afirmam ter programas capazes de detectar padrões da beleza feminina.
Mas será que os computadores já são capazes de compreender a arte e diferenciar uma pintura artisticamente relevante de um monte de rabiscos de um pintor principiante?

Tendências da arte
Uma equipe de pesquisadores espanhóis e alemães afirma estar a caminho disso. Eles desenvolveram algoritmos matemáticos que podem tirar conclusões sobre o estilo artístico de uma pintura.
"Nunca será possível determinar matematicamente com precisão um período artístico e nem a reação humana a uma obra de arte, mas nós podemos detectar tendências," explica Miquel Feixas, um dos autores do estudo, publicado na revista Computers and Graphics.

Os pesquisadores da Universidade de Girona e do Instituto Max Planck demonstraram que determinados algoritmos de visão artificial permitem que um computador seja programado para "entender" uma imagem e diferenciar entre estilos artísticos com base em informações pictóricas de baixo nível.

Medidas da estética
Informações pictóricas de baixo nível incluem aspectos como a densidade das pinceladas, o tipo de tinta e de tela e a composição da paleta de cores.

O estudo mostra que o cálculo da "ordem" da imagem - a análise dos pixels e da distribuição de cores, assim como da composição e da diversidade de cores - pode representar determinadas medições estéticas.
Não é o suficiente para enquadrar automaticamente uma pintura em um determinado período histórico, mas é o bastante para auxiliar em programas de computador dedicados à análise, classificação e busca em bancos de dados de imagens e coleções digitalizadas de museus.
Os pesquisadores vão partir agora para desenvolver programas especialistas nesse tipo de busca e em sistemas para uso em quiosques interativos, auxiliando os usuários de museus e galerias de arte.

Beleza, ordem e complexidade
O ser humano usa também informações de médio e de alto níveis para compreender a arte.
As informações de nível intermediário diferenciam entre determinados objetos e cenas que aparecem em uma imagem, bem como como o tipo de pintura (paisagem, retrato, natureza morta etc.). Informações de alto nível levam em conta o contexto histórico e o conhecimento que se detém sobre os artistas e as tendências artísticas.

Os primeiros trabalhos que procuravam sistematizar a compreensão da arte, foram feitos em 1933, quando o matemático George D. Birkhoff tentou formalizar a noção de beleza por meio de uma medição estética definida como a relação entre a ordem e a complexidade.

Depois disso, o filósofo Max Bense converteu essa noção em uma medida de informação baseada na entropia (desordem ou diversidade). Segundo ele, o processo criativo é um processo seletivo ( "criar é selecionar") dentro de uma gama de elementos (uma paleta de cores, sons, fonemas, etc.).
Segundo Bense, o processo criativo pode ser visto como um canal para a transmissão de informações entre a paleta de cores e o artista e os objetos ou características de uma imagem. Este conceito é largamente utilizado para analisar a composição e a atenção visual - o destaque ou a projeção - de uma pintura.

Fonte: INOVAÇÃO Tecnológica
Redação do Site Inovação Tecnológica - 04/01/2010
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/

NEURÔNIOS E SINAPSES QUALIFICADAS



Neurônios e sinapses quantificados
Pesquisa investiga a relação entre o número de neurônios, de sinapses e o tamanho do gânglio cervical superior e suas adaptações estruturais em mamíferos (divulgação)


Especiais

Neurônios e sinapses quantificados

3/8/2010

Por Alex Sander Alcântara 

Agência FAPESP – O gânglio cervical superior, localizado profundamente no início do pescoço, é um componente importante do sistema nervoso autônomo simpático. Seus neurônios inervam os vasos sanguíneos do cérebro, além de glândulas da cabeça e do pescoço, e participam ainda da inervação do coração.

Distúrbios no desenvolvimento do gânglio cervical superior podem provocar problemas como a síndrome de Horner (ou paralisia óculo-simpática), cujos principais sintomas são queda da pálpebra superior, constrição da pupila e transpiração diminuída em um dos lados da face. Estudos recentes apontam para uma relação direta de problemas no gânglio com os acidentes vasculares cerebrais hemorrágicos.

Uma pesquisa realizada na Universidade de São Paulo (USP), com participação de cientistas das universidades Nottingham e College London, no Reino Unido, investigou os padrões de desenvolvimento do sistema nervoso autônomo – representado pelo gânglio cervical superior – em três espécies de mamíferos: ratos, cavalos e capivaras.

O trabalho teve resultados publicados na revista Cell and Tissue Research. De acordo com Antonio Augusto Coppi, responsável pelo Laboratório de Estereologia Estocástica e Anatomia Química (LSSCA) do Departamento de Cirurgia da Faculdade de MedicinaVeterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, o objetivo da pesquisa foi investigar a relação entre o número de neurônios, sinapses (comunicação entre os dois ou mais neurônios) e o tamanho do gânglio cervical superior, além de avaliar como esses parâmetros se adaptam conjuntamente às diferenças de pesos corporais.

“Queríamos avaliar se há alguma relação entre a massa corpórea e o número de neurônios e de sinapses e o tamanho do gânglio durante o desenvolvimento, ou seja, se um animal com cerca de 400 quilos, como o cavalo, apresenta mais neurônios e mais sinapses, quando comparado aos de ratos, por exemplo, cujo peso corpóreo é 2 mil vezes mais leve”, disse à Agência FAPESP .

O trabalho, intitulado “Inervação dos vasos cerebrais de roedores durante o desenvolvimento pós-natal: possíveis modelos para o estudo do acidente vascular cerebral (AVC)”, teve apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular.
Segundo Coppi, trata-se do resultado de mais de seis anos de estudos, incluindo três pós-doutoramentos realizados na Inglaterra, além de teses orientadas pelo professor.

“Associamos e combinamos os mais modernos métodos de microscopia tridimensional a laser, microscopia eletrônica de transmissão – que é a única técnica de microscopia que permite identificar sinapses acuradamente – a ensaios químicos e imuno-histoquímicos, analisados por estatística espacial e estocástica. Infelizmente, muitos pesquisadores ainda insistem na quantificação de sinapses usando microscopia de luz e densitometria”, disse.

“Os dados disponíveis na literatura eram referentes ao estudo do gânglio superior cervical em ratos, mas não em grandes animais. No caso das capivaras, os pesquisadores não tinham acesso por se tratar de animal silvestre. Mas um dos dados inéditos é que quantificamos por estereologia tridimensional o número de sinapses que existem nesse gânglio e a convergência do número de sinapses para cada neurônio”, afirmou.
Segundo o estudo, no sistema nervoso autônomo de grandes animais predominam as sinapses do tipo axodendrítica (98%) – membrana pós-sináptica em um dendrito –  em relação às sinapses axossomáticas (2%) – membrana no corpo celular. “Isso se deve ao fato de que os neurônios autonômicos de grandes animais têm dendritos ramificados (arborização complexa), o que facilita o contato sináptico do tipo axodendrítico”, explicou.

O gânglio cervical superior de grande mamíferos apresenta, em média, 5.473 vezes mais sinapses do que o gânglio de pequenos mamíferos, como os ratos, de acordo com a pesquisa. Outro dado intrigante é que a capivara tem 25% mais sinapses do que o cavalo, mostrando claramente que, ao menos entre essas duas espécies, o número de sinapses não está correlacionado ao peso corpóreo.

“Esperávamos que o cavalo tivesse mais sinapses, por ser bem maior. Além disso, a capivara também tem neurônios maiores (volume) do que o cavalo. Mas ainda não temos explicação para esses achados”, disse Coppi.

Na capivara, o estudo identificou neurônios com dois núcleos (binucleados), diferentemente do encontrado em ratos ou cavalos. “Não existe uma hipótese concreta no caso desses binucleados, mas a literatura explica que células binucleadas podem funcionar como uma reserva. Para atender a um aumento na demanda funcional e, neste caso, cada célula poderia se dividir originando duas outras”, sugeriu.

Total de sinapses
O gânglio cervical superior é formado por vários componentes, como neurônios, tecidos conjuntivos e vasos sanguíneos. Ao analisar qual componente cresce mais com o aumento do peso corporal, os pesquisadores verificaram curiosamente que era o tecido conjuntivo, e não o componente neural.

“O tecido conjuntivo do cavalo – quando comparado ao do rato – aumentou em quase 900%, por exemplo. Ele funciona como estrutura de sustentação, como se fosse um arcabouço para o gânglio”, disse Coppi.
Outro dado interessante, segundo o estereologista, é que ocorreu um aumento de 60% no número total de fibras mielínicas, devido à necessidade de condução mais rápida do impulso nervoso para a periferia do corpo mais desenvolvido desses grandes animais. Quanto ao número de sinapses para cada neurônio, os grandes animais (capivaras e cavalos) têm em média 48% mais sinapses quando comparados ao rato.
Nas próximas etapas da pesquisa, o grupo liderado pelo professor da FMVZ-USP investigará o que ocorre com as sinapses de uma mesma espécie de mamífero durante o desenvolvimento pós-natal.

“Quando o animal se torna idoso, será que o número de sinapses diminui ou aumenta? Se houver uma diminuição do número de sinapses do gânglio, isso poderá comprometer a inervação dos vasos cerebrais, causando uma maior propensão a acidentes vasculares cerebrais?”, questionou.

“O estudo aponta novas direções para linhas de investigação científica, com enfoque na neuroplasticidade do sistema nervoso autônomo e implicações nos acidentes vasculares cerebrais do tipo hemorrágico, os quais podem ser consequência de distúrbios da inervação simpática da parede dos vasos sanguíneos cerebrais”, disse Coppi.

O artigo Stereological and allometric studies on neurons and axo-dendritic synapses in the superior cervical ganglia of rats, capybaras and horses, de Antonio Augusto Coppi e outros, pode ser lido em www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20596877
Mais informações sobre a pesquisa: www2.fmvz.usp.br/lssca e guto@usp.br ou (11) 3091-1214.
 Fonte:
   Agência FAPESP 

Mozart Sinfonia Concertante K.364 III: Presto_Hilary Hahn



Ai que delícia dançar ao som deste movimento melódico!
Sejam felizes todos os seres.
Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

Mozart: Sinfonia Concerto K. 364 part 2



Belísima execução desta Obra maravilhosa de Mozart, 
devolve instantâneamente a Alegria de viver!
.

Mozart: Sinfonia Concerto K. 364 part 1



Ah, aos primeiros acordes,
meu corpo e mente despertam 
instantâneamente.

Mozart é o meu médico-Mestre, 
meu remédio mágico .
de todas as horas 
Sejam felizes todos os seres.
Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

CÉREBRO INDEPENDENTE DO CORPO



Cientistas trabalham para tornar o cérebro independente dos limites do corp
Ainda há muito a ser decifrado sobre o cérebro, mas a ciência avança.

 O neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis

Nos centros de pesquisa de ponta, os cientistas trabalham para fazer ligações diretas do cérebro a artefatos robóticos. O neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis é um deles.
Suplemento Especial
| Revolução Genômica
Miguel Nicolelis
Neurocientista desvenda linguagem do cérebro 
e transcende limitações do corpo
© Marcia Minillo
Nicolelis: DNA é instrumento para estudar o cérebro e ampliar seu alcance
Abril 2008
Miguel Nicolelis guarda com carinho a memória dos jogos de futebol e brincadeiras no parque paulistano do Ibirapuera quando menino. No dia 11 de março ele voltou ao Ibirapuera, desta vez como neurocientista consagrado, para apresentar a palestra “Genes, circuitos e comportamentos: navegando na fronteira da neurociência”. Ao longo de 1 hora, o professor da Universidade Duke, nos Estados Unidos, recapitulou as contribuições de sua carreira à neurociência, contou como a genética é uma das ferramentas que o ajudam a entender circuitos neurais e os comportamentos que se baseiam neles e incitou a platéia a imaginar-se em outro planeta sem sair do lugar. 

A pesquisa desenvolvida por Nicolelis está na linha de frente da neurofisiologia atual. Suas técnicas, que permitem medir a atividade elétrica de centenas de neurônios, vêm mostrando que o cérebro é capaz de uma enorme plasticidade na associação entre visão e movimento – o sistema visomotor. Ele verificou também que o aprendizado é capaz de alterar os circuitos cerebrais associados a esse sistema.

Orquestra A idéia não é nova. Em 1949, o psicólogo canadense Donald Hebb  publicou Organização do comportamento, segundo Nicolelis um dos livros mais citados e menos lidos da neurociência – é presença quase obrigatória em listas de referências bibliográficas de trabalhos da área, mas as citações se referem sempre a um mesmo parágrafo sobre a “lei do aprendizado”. Mas a contribuição de Hebb foi imensamente maior. “Ele foi o primeiro a declarar que não existe a ditadura do neurônio único”, conta Nicolelis. O que existem são circuitos. Como Hebb não tinha provas experimentais de suas teorias, porém, a publicação não teve impacto imediato. “Ele criou uma nova era sem que ninguém percebesse”, diz o neurocientista brasileiro.

Hebb plantou a idéia de que sonhar, lembrar, ouvir, falar, prever o futuro, mexer-se – tudo depende de um conjunto de neurônios que  atuam como uma orquestra, não uma coleção difusa de células. “Funciona como uma democracia: todos os neurônios votam mas cada voto vale pouco.”

Mesmo assim, entre os anos 1950 e 1970 todos os pesquisadores da área ainda investigavam o funcionamento do cérebro registrando a atividade elétrica das células cerebrais uma a uma. Nicolelis explica as limitações do método: “Era como ir à ópera e só ouvir a voz da Maria Callas, ou tentar entender a Amazônia olhando uma única folha de cada vez”. Hebb argumentava que era preciso ouvir mais vozes e deixou várias perguntas por serem respondidas. Qual é o número mínimo de neurônios necessários para realizar uma ação? São sempre as mesmas células para cada atividade? Quais fatores influenciam a dinâmica desse sistema? Quais são os parâmetros que os regem? Será que uma população de neurônios pode realizar múltiplas tarefas ao mesmo tempo?

Há quase 20 anos Nicolelis deu um passo essencial para responder  a essas perguntas. Durante um pós-doutorado, que iniciou em 1989 nos Estados Unidos, desenvolveu uma técnica para monitorar populações de até 500 neurônios de uma só vez em tempo real. Ele implanta no cérebro de animais centenas de eletrodos que não interferem nas atividades normais e por anos passam a fazer parte do organismo. Enquanto isso pesquisadores registram sua atividade neural. 

E fez mais. O neurocientista instalado na Duke desde 1994 desvendou a linguagem dos neurônios e conseguiu transformar impulsos elétricos em comandos entendidos por computadores. Essa interface cérebro-máquina, que mostra uma imagem dinâmica de toda a população do circuito neuronal, surgiu como uma maneira de testar hipóteses para chegar às respostas que Hebb procurava. As descobertas deram origem, em 1995, a um artigo na prestigiosa revista Science, no qual Nicolelis analisou populações de neurônios e revelou um funcionamento inverso do que ao olhar  um neurônio de cada vez. “Foi um rebuliço”, lembra. Ele também estava criando uma nova era, mas dessa vez a comunidade científica percebeu.

A linguagem dos neurônios é mais uma no repertório lingüístico de Nicolelis. Ele lê uma imagem com inúmeros quadrados coloridos que ilustram a atividade de 50 neurônios de um camundongo por 10 segundos. “Aqui ele dormiu, depois entrou em sono profundo... aqui acordou”, aponta. Os eletrodos monitoravam a região do cérebro responsável por completar o ciclo vigília-sono. “Olhando um neurônio de cada vez seria impossível reconstruir essa dinâmica.”

Trabalho de equipe 
Com essas técnicas, Nicolelis já pode escrever uma continuação para o livro de Hebb, onde descreveria em detalhe a dinâmica dos circuitos neurais e decodificaria a linguagem cerebral que gera comportamentos.

A compreensão de como funcionam esses circuitos, que Hebb baseava sobretudo na intuição, já está refinada o suficiente para distinguir como o cérebro lida com situações diferentes. Nicolelis mostra – mais uma vez com os inúmeros quadrados coloridos – a atividade de dezenas de neurônios de camundongos enquanto eles sabem que vão ganhar água açucarada, depois bebem a água e registram a memória da experiência. Em outro momento, os pesquisadores frustraram a expectativa e ofereceram quinino, que tem gosto amargo em vez de adocicado. Depois da experiência os roedores também formaram uma memória, desta vez um alerta: “Não volte a tomar isso”. De maneira geral o padrão de atividade cerebral é semelhante, mas segundo Nicolelis os detalhes são diferentes. Basta aos especialistas analisar a atividade do cérebro dos camundongos para distinguir entre expectativa, aporte sensorial, memória e experiência em si.

Para demonstrar a capacidade que o cérebro de camundongos tem de adaptar-se a novas situações, os pesquisadores desenvolveram uma roda que gira a uma aceleração cada vez maior, batizada de Rotarod. Para não perder o equilíbrio, o roedor precisa constantemente alterar o próprio ritmo de corrida. “O camundongo, que não é corintiano nem nada, ao longo de 1 dia aprende a calcular as mudanças em aceleração”, conta o pesquisador palmeirense. Durante todo o tempo, eletrodos acompanham a ação do cérebro: alguns neurônios não tomam parte no desafio, outros começam a disparar mais e mais impulsos elétricos até acertar o ritmo  e outros exageram nas descargas elétricas, mas depois reduzem. Mais do que demonstrar a plasticidade, o experimento detalha como o cérebro vence os desafios. “O que não se sabia”, conta Nicolelis, “porque ninguém até então tinha registrado tantas células ao mesmo tempo, é até que ponto o cérebro do animal pode aprender a calcular a fração de aceleração”.
 1  2 Próxima

Fonte:
http://globonews.globo.com/Jornalismo/
TV CULTURA -
FAPESP -http://revistapesquisa.fapesp.br/

domingo, 8 de agosto de 2010

HIPPIES E FILARMÔNICA JOVEM BÁLTICA


 
Áudios e vídeos sobre o tema
Velhos e novos hippies se encontram em festival anual de He

ÁUDIO: Velhos e novos hippies se encontram em festival anual de Herzberg

 

Veteranos do movimento hippie dos anos 1960 e 1970 ainda se encontram anualmente no Festival Hippie de Herzberg, na cidade de Essen, e é cada vez mais comum encontrar jovens por lá. Ouça a reportagem.



 

ÁUDIO: Filarmônica Jovem Báltica leva ao palco um pouco de cada integrante

Eles já são considerados o som do Norte: a Filarmônica Jovem Báltica reúne músicos talentosos da região do Mar Báltico. Uma orquestra jovem de primeira linha, que trabalha sob a regência do estoniano Kristian Järvi.

 Fonte: DW