Programa reintegra
crianças
e jovens de rua à sociedade
Beatriz Amendola
Na cidade de São Paulo, há mais de 1.800 crianças e adolescentes moradores de rua, segundo dados de 2007 da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Com a proposta de auxiliar os jovens nessa situação a se reintegrarem ao ambiente sócio-familiar, foi desenvolvido o Programa Equilíbrio, do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), em atividade desde 2007.
Coordenado pela professora Sandra Scivolleto, o programa atende a crianças e adolescentes encaminhados pela Vara da Infância, por abrigos ou Centros de Referência da Criança e do Adolescente (Creca). “A proposta é agilizar o processo de reintegração e fazer com que o jovem tenha autonomia para conseguir se sustentar e arrumar um lugar para morar, caso não seja possível a integração familiar”, declara Sandra. Na maioria dos casos, há histórico de violência doméstica e uso de drogas.
As origens do programa remontam a 2005, quando o então subprefeito da Sé (Centro de São Paulo), Andrea Matarazzo, passou a encaminhar ao IPq adolescentes que se encontravam em situações de vulnerabilidade, vivendo em ruas ou abrigos na região central de São Paulo. A partir daí, entendendo como funciona o serviço de proteção ao menor, foi montada uma estrutura que pudesse reestruturar a vida desses adolescentes e reintegrá-los ao convívio social. Mais tarde, em setembro de 2007, essa estrutura seria implementada oficialmente como o Programa Equilíbrio, a partir de um decreto municipal assinado pelo prefeito Gilberto Kassab.
Tratamento
Os atendimentos, realizados no Centro Esportivo Raul Tabajara (Cert), na Barra Funda (Zona Oeste de São Paulo), são prestados por uma equipe multidisciplinar, composta por psicólogos, educadores físicos, pediatras, terapeutas familiares, fonoaudiólogos e fisoioterapeutas — o que traduz o objetivo de cuidar da saúde dos jovens como um todo, sem se retringir à questão mental. Há ainda atividades lúdicas, como oficinas de arte-terapia e música, que os ajudam a desenvolver a criatividade.
Os atendimentos, realizados no Centro Esportivo Raul Tabajara (Cert), na Barra Funda (Zona Oeste de São Paulo), são prestados por uma equipe multidisciplinar, composta por psicólogos, educadores físicos, pediatras, terapeutas familiares, fonoaudiólogos e fisoioterapeutas — o que traduz o objetivo de cuidar da saúde dos jovens como um todo, sem se retringir à questão mental. Há ainda atividades lúdicas, como oficinas de arte-terapia e música, que os ajudam a desenvolver a criatividade.
O processo tem início logo que a criança ou adolescente chega ao programa, com uma avaliação feita por profissionais da equipe ao longo de até quatro semanas. A partir disso, é construída uma proposta de atendimento personalizado, voltada às necessidades específicas daquela criança. Para cada uma, há um “gerente de caso”, responsável por acompanhá-la durante o tratamento, que pode durar até dois anos, e fazer adaptações de acordo com o seu progresso.
Paralelamente, o Programa procura desenvolver um trabalho também com suas famílias. Assim que o jovem é recebido, é feita uma tentativa de localizar e contatar seus parentes. Uma vez o contato feito, a família é convidada a ir ao Programa e ser avaliada por uma equipe de terapeutas e assistentes sociais. Dessa forma, os familiares também recebem o atendimento necessário e são encaminhados para os serviços de apoio, que envolvem moradia, saúde, trabalho e justiça. “Por meio de suporte dado à família, pretende-se melhorar as condições para, numa fase posterior, iniciarmos o processo de reintegração da criança”, conta a professora Sandra.
Segundo ela, desde 2007 o Equilíbrio já atendeu 435 jovens. E desses, 164 já foram reintegrados a suas famílias. Hoje, há cerca de 160 ainda em tratamento, sendo realizados mais de mil atendimentos mensais — o mais novo entre os atendidos tem 13 anos de idade e o mais velho, 20.
O programa está atualmente em fase de replicação. Com o objetivo de expandir o atendimento para outras regiões da cidade, equipes que já atuam no Programa de Proteção à Criança nas áreas de educação, saúde e assistência social serão treinadas e capacitadas para trabalhar com o método empregado pelo Programa Equilíbrio. Há ainda planos de criar uma equipe volante, para dar suporte a abrigos e escolas m casos mais difíceis.
Mais informações: www.fm.usp.br/programaequilibrio
Fonte:
Agência USP de Notícias
Beatriz Amendola, do USP Online
beatriz.amendola@usp.br
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