quinta-feira, 24 de março de 2011

CRIANÇAS E JOVENS DE RUA REINTEGRADOS À SOCIEDADE


Programa reintegra
crianças
e jovens de rua à sociedade

Beatriz Amendola


Equipe multidisciplinar do Programa Equilíbrio, do IPq, reintegra crianças à sociedade
Na cidade de São Paulo, há mais de 1.800 crianças e adolescentes moradores de rua, segundo dados de 2007 da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Com a proposta de auxiliar os jovens nessa situação a se reintegrarem ao ambiente sócio-familiar, foi desenvolvido o Programa Equilíbrio, do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), em atividade desde 2007.

Coordenado pela professora Sandra Scivolleto, o programa atende a crianças e adolescentes encaminhados pela Vara da Infância, por abrigos ou Centros de Referência da Criança e do Adolescente (Creca). “A proposta é agilizar o processo de reintegração e fazer com que o jovem tenha autonomia para conseguir se sustentar e arrumar um lugar para morar, caso não seja possível a integração familiar”, declara Sandra. Na maioria dos casos, há histórico de violência doméstica e uso de drogas.

As origens do programa remontam a 2005, quando o então subprefeito da Sé (Centro de São Paulo), Andrea Matarazzo, passou a encaminhar ao IPq adolescentes que se encontravam em situações de vulnerabilidade, vivendo em ruas ou abrigos na região central de São Paulo. A partir daí, entendendo como funciona o serviço de proteção ao menor, foi montada uma estrutura que pudesse reestruturar a vida desses adolescentes e reintegrá-los ao convívio social. Mais tarde, em setembro de 2007, essa estrutura seria implementada oficialmente como o Programa Equilíbrio, a partir de um decreto municipal assinado pelo prefeito Gilberto Kassab.

Tratamento
Os atendimentos, realizados no Centro Esportivo Raul Tabajara (Cert), na Barra Funda (Zona Oeste de São Paulo), são prestados por uma equipe multidisciplinar, composta por psicólogos, educadores físicos, pediatras, terapeutas familiares, fonoaudiólogos e fisoioterapeutas — o que traduz o objetivo de cuidar da saúde dos jovens como um todo, sem se retringir à questão mental. Há ainda atividades lúdicas, como oficinas de arte-terapia e música, que os ajudam a desenvolver a criatividade.



O processo tem início logo que a criança ou adolescente chega ao programa, com uma avaliação feita por profissionais da equipe ao longo de até quatro semanas. A partir disso, é construída uma proposta de atendimento personalizado, voltada às necessidades específicas daquela criança. Para cada uma, há um “gerente de caso”, responsável por acompanhá-la durante o tratamento, que pode durar até dois anos, e fazer adaptações de acordo com o seu progresso.

Paralelamente, o Programa procura desenvolver um trabalho também com suas famílias. Assim que o jovem é recebido, é feita uma tentativa de localizar e contatar seus parentes. Uma vez o contato feito, a família é convidada a ir ao Programa e ser avaliada por uma equipe de terapeutas e assistentes sociais. Dessa forma, os familiares também recebem o atendimento necessário e são encaminhados para os serviços de apoio, que envolvem moradia, saúde, trabalho e justiça. “Por meio de suporte dado à família, pretende-se melhorar as condições para, numa fase posterior, iniciarmos o processo de reintegração da criança”, conta a professora Sandra.

Segundo ela, desde 2007 o Equilíbrio já atendeu 435 jovens. E desses, 164 já foram reintegrados a suas famílias. Hoje, há cerca de 160 ainda em tratamento, sendo realizados mais de mil atendimentos mensais — o mais novo entre os atendidos tem 13 anos de idade e o mais velho, 20.

O programa está atualmente em fase de replicação. Com o objetivo de expandir o atendimento para outras regiões da cidade, equipes que já atuam no Programa de Proteção à Criança nas áreas de educação, saúde e assistência social serão treinadas e capacitadas para trabalhar com o método empregado pelo Programa Equilíbrio. Há ainda planos de criar uma equipe volante, para dar suporte a abrigos e escolas m casos mais difíceis.    
                                                            
Mais informações: www.fm.usp.br/programaequilibrio
 Fonte:
Agência USP de Notícias
 
Beatriz Amendola, do USP Online
beatriz.amendola@usp.br

COMO FUNCIONA A CIA



 Caroline Wilbert 
- traduzido por HowStuffWorks Brasil

Introdução


Selo HowStuffWorks
Neste artigo, vamos conhecer a história da CIA e os escândalos que a agitaram através das décadas. Vamos ver como a organização está estruturada, quem a supervisiona e que tipo de verificações e balanços acontecem. Também saberemos como os espiões fazem seus trabalhos. 

CIA quer dizer Agência Central de Inteligência. Sua principal missão declarada é coletar, avaliar e distribuir inteligência estrangeira para assistir o presidente e os criadores de política sêniores do governo dos Estados Unidos na tomada de decisões sobre segurança nacional. A CIA também pode se engajar em ações secretas, a pedido do presidente. Ela não faz política. Não é permitido espionar as atividades domésticas dos americanos ou participar de assassinatos - apesar de já ter sido acusada de fazer os dois. 


Foto cedida pela CIA
Como outros quadros do governo dos EUA, a CIA tem um sistema de verificação e equilíbrio. A CIA se reporta tanto ao poder executivo como ao poder legislativo. Durante a história da CIA, a quantidade de supervisão tem tido fluxo e refluxo. No lado executivo, a CIA deve responder a três grupos: ao Conselho de Segurança Nacional, ao Comitê Consultivo de Inteligência Estrangeira do Presidente e ao Comitê de Superintendência da Inteligência. 

O Conselho de Segurança Nacional (NSC) é constituído pelo Presidente, Vice-Presidente, Secretário de Estado e Secretário de Defesa. "O NSC aconselha o Presidente sobre assuntos domésticos, estrangeiros e militares relacionados à segurança nacional e fornece orientação, revisão e direcionamento sobre como a CIA reune inteligência", de acordo com o site da CIA. O Comitê Consultivo de Inteligência Estrangeira do Presidente é composto de pessoas do setor privado que estudam quão bem a CIA vem atuando e a eficácia de sua estrutura. O Comitê de Superintendência da Inteligência deve assegurar que a coleta de informação seja feita adequadamente e que a reunião de todas essas informações seja legal. 

No lado legislativo, a CIA trabalha primordialmente com o Comitê de Seleção Permanente da Câmara em Inteligência e Comitê de Seleção do Senado em Inteligência. Esses dois comitês, juntamente com os comitês de Relações Exteriores, de Negócios Exteriores e de Serviços Armados, autorizam e supervisionam os programas da CIA. Os comitês de verbas reservam fundos para a a CIA e para todas as atividades governamentais dos EUA. 



Foto cedida pela CIA

Quartel General da CIA - o Centro George Bush para Inteligência em Langley, Virgínia

Falando de fundos, a verba da CIA é secreta e a agência tem permissão para manter seu pessoal, estrutura organizacional, salários e uma quantidade de funcionários em segredo sob um decreto de 1949. Veja o que nós sabemos: em 1997, a verba total para a inteligência do governo dos EUA e as atividades relacionadas à inteligência (das quais a CIA é uma parte) era de US$ 26,6 bilhões. Aquele foi o primeiro ano que o número foi levado a público. Em 1998, a verba era de US$ 26,7 bilhões. As verbas da inteligência para todos os outros anos continuaram confidenciais. No quadro de funcionários de linha de frente, a CIA emprega cerca de 20 mil pessoas. 

História da CIA
Os Estados Unidos sempre estiveram engajados em atividades de inteligência estrangeira. A ação secreta ajudou os patriotas a vencerem a Guerra Revolucionária Americana (guerra pela independência). Mas as primeiras agências formais e organizadas não existiam antes dos anos 1880, quando o Escritório da Inteligência Naval e a Divisão de Inteligência Militar do Exército foram criados. Por volta da Primeira Guerra Mundial, a Divisão de Investigação (a precursora do FBI) assumiu as obrigações de reunir inteligência. A estrutura da inteligência continuou através de várias reestruturações. Por exemplo, o Escritório de Serviços Estratégicos, conhecido como OSS (Office of Strategic Services), foi estabelecido em 1942 e abolido em 1945. 



Foto cedida pela Naval Historical Center

O U.S.S. Arizona, queimado após o bombardeio de Pearl Harbor. Esse ataque foi uma das maiores falhas da inteligência e contribuiu para a criação da CIA.

Após a Segunda Guerra Mundial, os líderes se empenharam em melhorar a inteligência nacional. O bombardeio de Pearl Harbor, que levou os Estados Unidos à Segunda Guerra Mundial, foi considerado a principal falha da inteligência. 
Em 1947, o Presidente Harry Truman assinou o Ato de Segurança Nacional, que criou a CIA. O ato também criou o cargo de diretor de inteligência central, que teve três diferentes funções: principal conselheiro do presidente em questões de segurança, chefe de toda a comunidade de inteligência dos EUA e chefe da CIA, uma das agências dentro da comunidade de inteligência. Essa estrutura foi revista em 2004, com a Reforma da Inteligência e o Ato de Prevenção do Terrorismo, quando se criou o cargo de diretor da inteligência nacional para supervisionar a comunidade de inteligência. Agora, o diretor da CIA se reporta ao diretor da inteligência nacional.




Foto cedida pela Força Aérea dos EUA
General Michael V. Hayden, USAF, diretor da CIA a partir de 30 de maio de 2006
Dois anos depois, o Congresso aprovou o Ato da Agência Central de Inteligência, que permite à CIA manter suas verbas e funcionários secretos. Por muitos anos, a principal missão da agência era proteger os Estados Unidos contra o comunismo e a União Soviética durante a Guerra Fria. Atualmente, a agência tem um trabalho bem mais complexo: proteger os Estados Unidos das ameaças terroristas de todo o globo terrestre. 
Estrutura da CIA
A CIA está dividida em quatro equipes diferentes, cada uma com suas responsabilidades: 

Serviço Secreto Nacional (National Clandestine Service)
É nele que atuam os chamados "espiões". Os funcionários do NCS saem do país sob disfarce para coletar inteligência estrangeira. Eles recrutam agentes para coletar o que chamam de "inteligência humana". Que tipo de pessoa trabalha para o Serviço Secreto Nacional? Os funcionários do NCS geralmente são pessoas com bom nível educacional, que conhecem outros idiomas, gostam de trabalhar com pessoas de todo o mundo e podem se adaptar a qualquer situação, incluindo as perigosas. A maioria das pessoas, incluindo seus familiares e amigos, jamais vai saber exatamente o que os funcionários do Serviço Secreto fazem. Mais tarde, vamos ver como os espiões ficam encobertos e também conhecer alguns de seus equipamentos eletrônicos legais.

Diretório de Ciência e Tecnologia
As pessoas nessa equipe coletam inteligência pública ou de fonte aberta. A inteligência pública é a informação que aparece na TV, no rádio, em revistas ou em jornais. Eles também usam fotografia eletrônica e de satélite. Essa equipe atrai as pessoas que gostam de ciência e engenharia.

Diretório de Inteligência
Toda a informação reunida pelas duas equipes é entregue ao Diretório de Inteligência. Os membros dessa equipe interpretam a informação e fazem relatórios sobre ela. Os membros do Diretório de Inteligência devem ter excelentes habilidades analíticas e de escrita, estar confortáveis em apresentar informações para grupos e ter a capacidade de lidar com a pressão de prazos.

Diretório de Apoio
Essa equipe fornece apoio para o resto da organização e lida com coisas como contratação e treinamento. "O Diretório de Apoio atrai pessoas especialistas em um campo, como um artista ou funcionário de finanças, ou generalistas, com muitos talentos diferentes", de acordo com o site da CIA.
A seguir, vamos ver os escândalos pelo qual a CIA passou e aprender mais sobre os espiões.

 Fonte:
HowStuffWorks Brasil
 
traduzido por HowStuffWorks Brasil
http://pessoas.hsw.uol.com.br/cia.htm

OTAN - O QUE É - COMO FUNCIONA



Como funciona a OTAN 
(Organização do Tratado do Atlântico Norte)
               por Marshall Brain -
traduzido por HowStuffWorks Brasil
Foto cedida pela OTAN
Bandeira e símbolo da OTAN


1.  Introdução




A OTAN é uma organização da qual você ouve falar o tempo todo.
O que é OTAN, de onde veio e o que faz? 
Se você já se perguntou sobre essa poderosa organização, este artigo o ajudará a saber mais sobre uma importante peça do cenário político mundial. Você terá uma visão geral da OTAN e seus propósitos, assim como uma série de links para obter mais informações.
2. O que é OTAN? 

O que é OTAN?




Foto cedida pela OTAN
Cerimônia de hasteamento da bandeira da OTAN no Place des Invalides, Paris, França, 1953
A OTAN é um acrônimo para Organização do Tratado do Atlântico Norte. É uma aliança de países que trabalham juntos para implementar o Tratado do Atlântico Norte. Os signatários originais do Tratado do Atlântico Norte, em 1949, e, por esse motivo, os membros originais da OTAN, eram:
  • Bélgica
  • Canadá
  • Dinamarca
  • França
  • Islândia
  • Itália
  • Luxemburgo
  • Países Baixos
  • Noruega
  • Portugal
  • Reino Unido
  • Estados Unidos




Foto cedida pela OTAN
Sede da OTAN, Bruxelas, Bélgica
 
A Grécia e a Turquia uniram-se à OTAN em 1952. A Alemanha Ocidental uniu-se em 1955 (criando o Pacto de Varsóvia). A Espanha ingressou em 1982. Em 1999, a Polônia, a República Tcheca e a Hungria foram convidadas a ingressar na OTAN. Havia 19 países membros.



O Pacto de Varsóvia
O Pacto de Varsóvia foi um tratado, semelhante ao da OTAN, assinado em 1955. Os países membros eram a União Soviética, Albânia, Bulgária, Tchecoslováquia, Alemanha Oriental, Hungria, Polônia e Romênia. O fim do Pacto de Varsóvia foi em 1991.
3. 
O Tratado do Atlântico Norte

O Tratado do Atlântico Norte

O Tratado do Atlântico Norte foi escrito e assinado em 1949.
Surgiu em decorrência da força crescente da União Soviética após a Segunda Guerra Mundial (que terminou em 1945). Logo após a guerra, a União Soviética consolidou-se sob o comunismo e reforçou seus exércitos. Ao mesmo tempo, a Europa estava exausta e fraca. Os Estados Unidos implementaram o Plano Marshall, em 1948, para ajudar a reconstruir a Europa, mas os países europeus não teriam forças para lutar contra os soviéticos. Os Estados Unidos e o Canadá precisariam ter a força necessária para agir contra qualquer ataque da União Soviética.
O Tratado do Atlântico Norte foi escrito para unir os Estados Unidos, o Canadá e a Europa no caso de os soviéticos atacarem qualquer um deles. O tratado afirma que, nesse caso, todos os países que assinaram o tratado responderiam ao ataque juntos. Dessa forma, essa atitude provocaria uma reação bastante grande.
O próprio tratado não é muito longo - clique aqui para ler (em inglês). A principal parte do tratado é o Artigo 5, que diz:
    As Partes concordam que um ataque armado contra uma ou mais delas na Europa ou na América do Norte será considerado um ataque a todas e, conseqüentemente, concordam que, se houver um ataque armado, cada uma, no exercício do direito de legítima defesa, individual ou coletiva, reconhecido pelo artigo 51 da Carta das Nações Unidas, prestará assistência à Parte ou Partes atacadas, praticando, imediata e individualmente e de acordo com as Partes restantes, a ação que considerar necessária, incluindo o uso da força armada para restabelecer e manter a segurança na região do Atlântico Norte.
O Artigo 9 relata como as decisões serão tomadas pela OTAN:
    As Partes estabelecem pela presente disposição um Conselho, no qual cada uma delas deverá ser representada para examinar as questões relativas à aplicação do Tratado. O Conselho será organizado de forma que possa atender rapidamente a qualquer momento.
Veja Quem é quem na OTAN? (em inglês) para saber mais sobre as autoridades e os representantes que participam das tomadas de decisão da OTAN.
A OTAN possui uma variedade de bases, aeródromos e sistemas de mísseis na Europa para responder em caso de ataque.



Foto cedida pela OTAN
Frota aérea da OTAN:
Avião do AWACS (Airborne Warning and Control System - Sistema de Controle e Advertência Aéreo)
 
As forças da OTAN são representadas pela guarnição militar de todos os países membros e supervisionadas pelo Comandante Supremo Aliado (atualmente o general norte-americano John Bantz Craddock). 

A OTAN hoje
Após o colapso da União Soviética e do Pacto de Varsóvia no início da década de 90, a missão original da OTAN foi cumprida. Por essa razão, a OTAN permaneceu se redefinindo ao longo do tempo. Os esforços da OTAN, na Iugoslávia, no final dos anos 90, foram uma iniciativa da organização para manter a paz na Europa.
Governo
O governo é como um gigantesco polvo, cheio de tentáculos.
Conheça os serviços públicos e a face secreta do governo.
Como funcionou a KGB A KGB foi a maior e mais temida agência de espionagem do mundo. Conheça a história desse órgão de segurança que formou junto com o Partido Comunista e o Exército Vermelho a tríade do poder na União Soviética.

Como funciona o choque de civilizações Ela afirma que as religiões tomaram o lugar das ideologias e que os conflitos no mundo contemporâneo serão choques de civilizações. Saiba mais sobre essa polêmica tese do cientista político Samuel Huntington.

O que é aristocracia Saiba o que é aristocracia e quais são as ideias filosóficas que fundamentam essa forma de governo.

O que é primeiro-ministro Entenda o que é um primeiro-ministro e quais são suas principais atribuições como chefe de governo.


Todos os artigos sobre governo
 Fonte:
COMO TUDO FUNCIONA
 

GAUGUIN, EM BUSCA DO PARAÍSO


Gauguin, em Busca do Paraíso 
 
Depois de ter fracassado a sua aliança com Van Gogh em Arles, no sul da França, na tentativa de fundar um microcosmo de artistas voltado inteiramente para extrair do clima e do sol generoso a matéria-prima para as suas obras, Paul Gauguin retomou o seu projeto de reencontrar o mundo primitivo nas sociedades esquecidas nos trópicos. A sua intenção era de ir beber diretamente na sua seiva para poder povoar com novas figuras e paisagens os seus quadros, dirigindo-se então para o Taiti, minúsculo arquipélago perdido nas imensidões do Oceano Pacífico. 





A Lenda de Gauguin


  Gauguin crucificando-se pela arte

  

Três taitianos 
 
Um das mais insistentes lendas que corriam a respeito de Paul Gauguin, afirmada ainda mais pela novela The Moon and Sixpence (Um gosto e seis vinténs, 1919) de Somerset Maugham, era a do homem de classe média, pai de numerosa prole, um corretor honesto e profissionalmente estabelecido que, num repente, larga tudo e dedica-se à sua recém-descoberta vocação de pintor, dedicando-se a ela com "o fanatismo e a ferocidade de um apóstolo". Ele fora atingido por tal raio inspirador, o da decisão de tornar-se um artista, no dia em que visitou a exposição dos




impressionistas realizada no atelier do fotógrafo Nadal na rua Daunou em Paris, entre 15 de abril e 15 de maio de 1874.

Autodidata assumido, Paul Gauguin empenhou o resto dos seus dias para satisfazer o gênio com que, desde então, foi possuído. Porém o tal gesto, quase que um tresloucado, foi mais uma versão romântica do que realmente ocorreu com ele. 

Uma Avó das Arábias






  Flora Tristan, avó de Gauguin

 Gauguin, em verdade, herdara um temperamento destemido e aventureiro que vinha da sua avó, Flora Tristan, uma escritora feminista e libertária, que nascera no Peru e que privara com líderes socialistas na Inglaterra e na França até morrer precocemente em 1844. Além disso, foi determinante para sua ruptura completa com o modo de vida pequeno-burguês que levava a sua crescente amizade com o pintor Camille Pissarro, um dos mais significativos ativistas da escola impressionista. Aproximação que ele fez questão de estreitar desde 1873, e mais ativamente a partir de 1878. 


Seguramente essa idéia de ir procurar em ilhas remotas, longe das coisas européias civilizadas, a "essência primitiva" de um arte perdida - algo assim como um Rousseau aplicado à estética da pintura - veio-lhe daquele pintor, ele mesmo um homem nascido na ilha caribenha de Santo Tomás, em 1830. 

Pissarro ainda ensinou-lhe outra coisa. Sendo enfático nisso: a arte é exigente. Ela requer uma devoção integral. Não havia hipótese de Gauguin vir a conciliar seu emprego de corretor da bolsa e outras atividades bancárias com o ofício de pintor. Então, para o desespero de sua esposa Mette, uma sisuda dinamarquesa de fé luterana que lhe dera cinco filhos, ele jogou tudo para o ar para assumir o seu destino. Portanto, foi o amálgama, digamos, da herança genética da avó com a amizade de Pissarro, quem de fato impulsionou-o para uma outra vida. 



Um Outro Gogh Louco 
 
Depois do fracasso dele em Arles, Gauguin retirou-se de volta à Bretanha, onde já andara no passado. Escolheu um lugarejo chamado Pouldu, um minúsculo porto no Atlântico. A sua esperança, visto estar a quase zero, era que Theo van Gogh, o irmão de Vincent (a quem Gauguin conhecia desde quando Theo e Vicent deslumbraram-se pela tela vegetação tropical, inspirada na sua viagem à Martinica em 1887), o gerente da casa de artes do senhor Bousson, vendesse alguma coisa dele. Entrementes, o nome dele passou a circular nos meios literários simbolistas, especialmente junto a Mallarmé, e da nova geração de pintores, como um novo deus das artes, ainda que não reconhecido pelo grande público nem pelo bom sonante. 

Gauguin vibrou com um telegrama que Theo lhe enviara com a promessa de compra de um lote das suas telas. Retornou então a Paris, instalando-se na casa do corretor Claude-Émile Schuffenecker. Hesitava ainda até aquele momento em procurar montar o seu estúdio nos trópicos, em Madagascar ou no Taiti, bem longe da "podre Europa", como ele dizia. 

 Vincent e Teo, os irmãos van Gogh, 
muito ligados a Gauguin
 
E eis que tudo desaba novamente. Theo cai doente. Enlouquecera como o irmão Vicente, que se suicidara. Recolhido à Holanda, morre em janeiro de 1891. O dinheiro que ele imaginara voando para as suas mãos, evaporou-se. Junta então os tostões e decide-se pelo Taiti. 





PaulGauguin
 Fonte:
Cultura e Pensamento