sábado, 25 de dezembro de 2010

ESQUEMA GEOMÉTRICO NA PINTURA QUINHENTISTA

Vaticano premeia tese de doutoramento portuguesa

2010-12-17
Luís Alberto Casimiro
Luís Alberto Casimiro
O docente de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) Luís Alberto Casimiro recebeu ontem um prémio do Vaticano pela sua tese de doutoramento sobre «A anunciação do Senhor na pintura Quinhentista Portuguesa».

O prémio anual da «Pontificie Accademie in Mariologia 2010» foi entregue pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, numa sessão pública das Academias Pontifícias, realizada na cidade do Vaticano.

A tese de doutoramento, num total de 2.144 páginas dividida em dois volumes, “trata, de forma inédita, o tema da Anunciação na pintura portuguesa, na primeira metade do século 16”, refere a FLUP, na apresentação do prémio.


Na tese, defendida em 2005, “o autor procura comprovar a existência de um esquema geométrico de composição que esteve na génese estrutural das pinturas, o qual terá sido utilizado, também, com a finalidade de reforçar a mensagem subjacente ao tema”, salienta fonte da faculdade. “Para tal, propõe a aplicação do que designou por ‘Método Geométrico’, como complemento do ‘Método Iconográfico e Iconológico’, desenvolvido por Erwin Panofsky”, acrescenta.

No início do trabalho, Luís Alberto Casimiro esclarece as questões teológicas mais importantes que se prendem com o tema da Anunciação, analisando a perícope (passagem que se lê nas missas solenes) do Evangelho de S. Lucas e as suas relações com certas passagens do Antigo Testamento.

Método Geométrico

Luís Alberto Casimiro
É natural de Vilar Formoso, frequentou o curso de Engenharia Electrotécnica e de Computadores, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e licenciou-se em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da mesma instituição. Actualmente, é professor auxiliar convidado da FLUP e regente das disciplinas de Iconografia, História da Pintura em Portugal, História da Arte e Cultura I e História Urbana.
Para explicar o «Método Geométrico», efectua um estudo sobre a perspectiva linear, as suas origens e as respectivas leis internas, apresentando e analisando os tratados mais importantes do Renascimento relacionados com a perspectiva.

O autor desenvolveu um estudo sobre os rectângulos, usados como “marco” das pinturas, e as regras geométricas que permitem definir, no seu interior, um conjunto variado de linhas de força e de espaços privilegiados, tal como eram entendidos na época.

A utilização desta metodologia sobre as 50 pinturas portuguesas da Anunciação da primeira metade do século XVI “veio comprovar o conhecimento das leis da perspectiva por parte dos pintores bem como a tese da existência de um esquema geométrico de composição”.

“Trata-se, pois, de uma obra de grande valor para a Historiografia da Arte Portuguesa, não só pelo facto de analisar exaustivamente a iconografia da Anunciação, mas porque introduz, nesse estudo, a vertente geométrica, numa dimensão nunca antes ensaiada”, realça a FLUP.

Fonte
CiênciaHoje - Portugal

http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=46525&op=all

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

NAPOLEÃO BONAPARTE - Exposição

Exposição revela cantradições na biografia de Napoleão Bonaparte

Alguns o consideram um herói político, outros acreditam que fosse, acima de tudo, um guerreiro desumano. Mostra em Bonn trata dos ambíguos aspectos desse personagem histórico.


São quase 400 peças, divididas em 12 capítulos – pinturas de grande formato, esculturas, desenhos, documentos, medalhas, armas, móveis, ferramentas: peças emprestadas de instituições de 17 países. Além disso, o visitante tem à sua disposição um material adicional de 40 páginas e um pesado catálogo de 400 páginas.
O peso da exposição Europa, Traum und Trauma (Europa, sonho e trauma), no museu Bundeskunsthalle de Bonn, faz jus à relevância de seu tema: Napoleão Bonaparte e seu regime, os efeitos de sua política e as formas como esta foi abordada pela arte.
"Estado moderno e eficiente"
A mostra oferece um amplo panorama entre a guerra e a arte, o militarismo e a modernidade, o Iluminismo e a propaganda. Ela é fruto de um projeto franco-alemão, que tem como patronos a premiê alemã Angela Merkel e o presidente francês Nicolas Sarkozy.
O império de Napoleão, aprendemos na exposição, é considerado um exemplo clássico de um Estado moderno e eficiente, no qual o progresso técnico exercia um papel importante: infraestrutura, construção de estradas, correios e telegrafia atingiam naquela época um novo estágio de desenvolvimento.
Mas Napoleão, acima de tudo, outorgou o Código Civil dos Franceses (Code Civil des Français), primeiro compêndio legal estabelecido e respeitado em uma nação, válido até hoje na França e exemplo para Constituições de diversos outros países. Este é um lado da moeda.
Europa: campo de batalha
O outro lado, hediondo, mostra Napoleão como defensor de um Estado policial, um soberano do medo, cuja máquina militar semeou a guerra e a destruição por toda a Europa.
Empacotamento dos quadros confiscados em Viena, em obra de Benjamin Zix (1772-1811)Bildunterschrift: Empacotamento dos quadros confiscados em Viena, em obra de Benjamin Zix (1772-1811)
Seu sonho de dominar o mundo custou a vida de 3 milhões de europeus, e 10 milhões ficaram feridos nos campos de batalha e nos países destruídos. Essa é a experiência coletiva de toda uma geração, diz Bénédicte Savoy, curadora da mostra. "Guerra, extermínio, medo, frio, ferimentos, essa é a herança europeia, uma lembrança comum, que queremos mostrar aqui de qualquer forma", completa.
Napoleão, com sua máquina militar, a Grande Armée, passou por cima de toda a Europa. Para a invasão da Rússia, em 1812, ele reuniu o maior Exército que a Europa vira até então, formado por 600 mil homens. A maioria morreu, apenas poucos voltaram do gélido inverno russo. O número de vítimas foi tamanho que até no ano de 2002 foram descobertas, nos arredores de Vilnius, capital da Lituânia, valas comuns com cadáveres dos tempos napoleônicos.
Na exposição em Bonn, há imagens contemporâneas que documentam a guerra e a morte, bem como o sofrimento nos campos de batalha e nos hospitais de guerra, além de mostras da retirada deprimente de um Exército abatido, desenhos médicos de feridas horrendas, malas com utensílios para amputação de órgãos, próteses e instrumentos cirúrgicos, que deixam entrever parte do que foi o horror nos campos de batalha.
Roubo da memória cultural
Por outro lado, Napoleão era um incentivador das artes, um mecenas que instrumentalizava sem pudores os artistas em prol do culto à própria personalidade, fazendo com que esses cultivassem sua imagem em pinturas de grande formato.
Christian Wilhelm von Faber du Faur (1780–1857): horrores da guerra nos arredores de SmorgonyBildunterschrift: Christian Wilhelm von Faber du Faur (1780–1857): horrores da guerra nos arredores de Smorgony
Paris só pôde se transformar, no início do século 19, em uma meca das artes e da ciência devido à extensa apropriação de objetos oriundos de bibliotecas, arquivos e coleções de arte: estátuas de Roma, pinturas de Viena, caixas cheias de livros de Berlim, obras de arte valiosas tomadas de igrejas e mosteiros – troféus confiscados e meticulosamente listados por comissões a serviço de Napoleão, enviados a Paris como carga, em nome da fama do imperador e general.
Gravuras, pinturas e documentos servem de testemunho de tudo isso na exposição. Bénédicte Savoy explica: "A ideia era transformar Paris em um lugar central da memória, que deveria congregar todos os arquivos da Europa. O plano era também criar uma espécie de museu universal, suprir as lacunas já existentes nas coleções e torná-las as maiores e mais belas". A restituição das peças a seus países de origem foi um processo difícil, salienta a curadora.
Fascínio Bonaparte
Napoleão fascinou muitos de seus contemporâneos, entre o quais Friedrich Hölderlin, Ludwig van Beethoven, Alexander von Humboldt e Friedrich Hegel. Eles eram representantes de uma geração "eletrizada" por Bonaparte, diz Bénédicte Savoy.
A fascinação persiste até hoje: no fim da mostra, há uma escultura intitulada Terminator Napoleon, de Jonathan Meese. O irreverente artista plástico alemão concebeu uma mistura fetiches arcaicos, personagens de quadrinhos e um monstro fortemente armado, com um pênis gigante.
Autora: Cornelia Rabitz (sv)
Revisão: Augusto Valente

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Cultura | 20.12.2010


O RETORNO DE "GUERRA" E "PAZ" DE PORTINARI

O retorno de “Guerra e Paz”
Painéis de Candido Portinari retornam ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro 54 anos depois de serem apresentados pela primeira e única vez no Brasil, antes de seguirem para a sede das Nações Unidas, em Nova York

O retorno de “Guerra" e "Paz”


– Os painéis “Guerra” e “Paz”, de Candido Portinari, voltam ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro, onde foram apresentados há 54 anos pela primeira e única vez no Brasil, antes de serem embarcados para os Estados Unidos.

As obras ficarão expostas no teatro entre os dias 22 e 30 de dezembro, com entrada franca. Em janeiro de 2011, seguirão para o Palácio Gustavo Capanema, também no Rio de Janeiro, onde serão submetidas a um processo de restauração em um ateliê aberto, que poderá ser acompanhado pelo público até maio de 2011.
Com a presença do presidente da República, a exposição será inaugurada no dia 21 de dezembro, para convidados. A partir do dia 22, a visitação estará aberta ao público em seis sessões diárias, no palco do Teatro Municipal, com duração de duas horas.

Durante a visitação, o público terá a oportunidade de assistir a um filme sobre Portinari e o processo de construção dos painéis, além de uma projeção com a seleção de 180 estudos preparatórios que o artista realizou durante a realização das obras. Em seguida, poderá ver, no palco do Teatro Municipal, os murais originais que medem, aproximadamente, 14 metros de altura por 10 metros de largura e pesam 2,8 toneladas.

Os painéis estiveram no Municipal em 1956, na primeira e única vez que o público brasileiro e o próprio pintor tiveram a oportunidade de vê-los, antes de seguirem para a sede das Organizações das Nações Unidas (ONU), em Nova York, como presente do governo brasileiro.

Na época, os EUA não permitiram a visita de Portinari à inauguração dos murais devido às ligações do artista com o Partido Comunista.

Com a realização de uma grande reforma no edifício sede das Nações Unidas entre 2010 a 2013, o Projeto Portinari, que cuida do legado do artista, conseguiu a guarda dos painéis até 2013 para restaurá-la e promover sua exposição no Brasil.

“O sentimento solidário, de revolta e denúncia contra a violência e as injustiças, é uma das características fundamentais das obras de Portinari. Esse foco na exclusão é sintetizado nos monumentais painéis Guerra e Paz, onde o excluído é toda a espécie humana, submetida ao flagelo da guerra e excluída da paz”, disse o filho do artista, fundador e diretor do www.portinari.org.br/ Projeto Portinari, João Candido Portinari, em www.agencia.fapesp.br/materia/12986/entrevistas/portinari-na-internet-e-para-todos.htm entrevista à Agência Faspep.

Após a restauração e a exibição dos painéis no Rio de Janeiro, o Projeto Portinari planeja uma exposição em São Paulo, para meados de julho de 2011, que será o ponto de partida para uma série de exposições pelo Brasil e no exterior, ainda em fase de planejamento. Em agosto de 2013, as obras voltarão à ONU.

Os painéis também ilustram o b>www.fapesp.br/publicacoes/relat2009.pdf
Relatório de Atividades FAPESP 2009 e integraram uma b>
http://www.agencia.fapesp.br/materia/12937/especiais/exposicao-traz-25-momentos-de-portinari.htm
exposição com reproduções de 25 obras de Portinari realizada de 20 de outubro a 30 de novembro de 2010 na sede da Fundação, em São Paulo.

Serviço: Exposição Guerra e Paz, de Portinari
Theatro Municipal do Rio de Janeiro
Dias 22, 23, 26, 27, 28, 29 e 30 de dezembro de 2010
Sessões: 10h, 12h, 14h, 16h, 18h e 20h
Entrada franca

Ateliê aberto
Palácio Gustavo de Capanema
De 1 de fevereiro a 20 de maio de 2011
Horário: 3ª a 6ª das 10 às 17h
Entrada franca

Agendamento de grupos escolares
A partir de 17 de janeiro de 2011
Tel (21) 8337-1732
e-mail: educativo@portinari.org.br




Agência FAPESP
http://www.agencia.fapesp.br/materia/13210/o-retorno-de-guerra-e-paz-.htm