sábado, 19 de fevereiro de 2011

1473 - NASCE NICOLAU COPÉRNICO

Calendário Histórico

Em 19 de fevereiro de 1473 nasce Nicolau Copérnico, que descreveu o sistema heliocêntrico, segundo o qual o Sol é o centro do sistema solar e a sucessão de dias e noites deve-se à rotação da Terra sobre o próprio eixo.

Não foi fácil para o papa Gregório 16 pegar na pena para admitir um grande erro de seus antecessores. A verdade era evidente demais e não podia continuar sendo negada.

De revolutionibus orbium coelestium libri VI (Das Revoluções dos Mundos Celestes) havia sido publicado no ano da morte de Copérnico, e quase 300 anos depois, em 1835, foi retirado pelo Papa do index de obras blasfemas da Biblioteca do Vaticano. Nicolau Copérnico tentava provar em seu livro a teoria de que o Sol era o centro do sistema solar.

Natural de Torum, hoje território polonês, Copérnico ficou órfão cedo, sendo criado por um tio. Em 1491, ingressou na Universidade de Cracóvia para cursar Medicina. Também estudou Filosofia, Matemática e Astronomia e se interessou pelo Humanismo.

Viajou para a Itália em 1497 para aprender os clássicos gregos e o Direito Canônico em Bolonha. Voltou à Polônia em 1501 e ordenou-se padre, mas permaneceu pouco tempo no país, como cônego da Catedral de Frauenburg.

Observação dos corpos celestes
Em 1506, construiu um pequeno observatório e começou a estudar o movimento dos corpos celestes. A partir dessas observações, escreveu o Pequeno Comentário sobre as Hipóteses de Constituição do Movimento Celeste, que só se tornou público em 1530, apesar de ter sido escrito muito antes, por volta de 1507.

Copérnico demorou a divulgá-lo por receio da reação da Igreja Católica, a qual respeitava e temia. De volta à Itália, frequentou as universidades de Pádua e Ferrara. Em Bolonha, aprofundou suas observações astronômicas.

Em 1543, pouco antes de morrer, na cidade de Frauenburg (hoje Polônia) apresentou o sistema cosmológico com os princípios do heliocentrismo na obra Das Revoluções dos Mundos Celestes. Ao afirmar que a Terra se move em torno do Sol, refutou o sistema de Ptolomeu e a idéia que o homem da época fazia de si mesmo: feito à imagem e semelhança de Deus e, portanto, centro do Universo.

Embora não seja criador do heliocentrismo (defendido poucos anos antes por Nicolau de Cusa e, na Antiguidade, por Aristarco de Samos), Copérnico foi o autor do primeiro tratado de astronomia heliocêntrica capaz de rivalizar com o Almagesto de Ptolomeu, que vinha regendo a astronomia há quase 14 séculos, com o aval da Igreja Católica.

Temor da reação da Igreja
Copérnico demonstrou o duplo movimento dos planetas, em torno de si mesmos e em torno do Sol, concepção que seria fortalecida pelas observações de Galileu Galilei no século seguinte, e permitiria a emancipação da cosmologia em relação à teologia. Para ele, o movimento dos planetas era circular e uniforme.

Em 1609, Johannes Kepler descobriu as órbitas planetárias elípticas. Temendo represálias por parte da Igreja Católica, na época abalada pela Reforma Protestante, Copérnico relutou em publicar seu trabalho, só o permitindo após os apelos de um discípulo, o matemático Rethicus.

Tentando amortecer o impacto que causaria, o livro foi dedicado ao papa Paulo 3º e continha um prefácio afirmando que ele não apresentava nada de novo e servia apenas para facilitar o uso das tábuas planetárias.
Isso colocou em dúvida por muitos anos a reputação de Copérnico, mas Kepler, em 1609, descobriu que o prefácio provavelmente não foi visto pelo matemático.

Somente em 1687, Isaac Newton conseguiu provar, através da física, que o movimento dos planetas em torno do Sol é consequência do fenômeno gravitacional.
Jens Teschke (rw)

 Amor
Fonte
DW.WORLD.DE
DEUSTCHE WELLE
Destaque - Brasil
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,301115,00.html?maca=bra-newsletter_br_Destaques-2362-html-nl
Sejam felizes todos os seres. 
Vivam em paz todos os seres. 
Sejam abençoados todos os seres.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

VIDA ALIENÍGENA ERRANTE




Segundo um novo estudo, planetas semelhantes à Terra com núcleos tumultuados podem suportar vida, mesmo que não tenham estrelas. 

Os pesquisadores apelidaram esses mundos de “planetas Steppenwolf” [Steppenwolf é o nome de uma banda de rock cujo sucesso foi a canção “Born to be Wild”, em português, “nascido para ser selvagem”], porque toda a vida neste habitat estranho existiria como um lobo solitário vagando pelas estepes da galáxia, e porque eles nasceram para ser selvagens.

Esses planetas foram expulsos de seus sistemas solares, o que aparentemente é comum em todo o cosmos. A água líquida é geralmente considerada um pré-requisito para a vida, e eles poderiam abrigar oceanos de água líquida, desde que o núcleo do planeta fosse aquecido e a água estivesse enterrada sob uma camada protetora de gelo. 

Um planeta 3,5 vezes o tamanho da Terra, com composição semelhante à Terra e idade mais ou menos parecida, poderia, teoricamente, manter um oceano líquido subglacial. Se ele tiver cerca de 10 vezes mais água do que a Terra ou uma atmosfera muito espessa, só precisaria ter cerca de 0,3 vezes o tamanho da Terra; isso é um pouco maior do que Marte e menor que Vênus.

Assim como a Terra, o planeta Steppenwolf precisaria de um manto para manter o calor geotérmico, sustentando pelo menos um pouco da água na forma líquida. Isso é diferente das forças de maré que mantêm os oceanos do satélite Europa líquidos, de modo que o planeta poderia existir sozinho, sem estrelas ou planetas vizinhos para mantê-lo aquecido.

Há um monte de fatores desconhecidos, incluindo as funções de convecção e condução em transferência de calor. Porém, a teoria continua sendo interessante: esse tipo de planeta poderia ser uma maneira de espalhar a vida por todo o universo. Os cientistas ressaltam que, se eles cruzarem nossa vizinhança, seremos capazes de vê-los através de telescópios poderosos. Quem sabe esse é um bom começo.

 Amor
Fonte
[POPSCI
http://hypescience.com/planetas-que-escaparam-de-seus-sistemas-poderiam-abrigar-vida-alienigena/
Sejam felizes todos os seres. 
Vivam em paz todos os seres. 
Sejam abençoados todos os seres.

O MENINO QUE TIROU A SEDE DE MEIO MILHÃO DE AFRICANOS :

 

                     SEMENTES ESTELARES EM AÇÃO NA TERRA !

                             ESTE É O CAMINHO DA ASCENSÃO !!!

MESTRA NADA NOS DIZ QUE, SEM QUE O SAIBA, RYAN FAZ PARTE DO PROJETO 'CARAVANA DO ARCO-ÍRIS',  INSTAURADO NA TERRA DESDE A DÉCADA DE 90, QUE, TENDO SIDO CUIDADOSAMENTE ESTUDADO PELOS MESTRES E SERES DE LUZ, VEM SENDO SUSSURRADO AOS JOVENS SEMENTES ESTELARES QUANTO AQUILO QUE FAZ PARTE DA SUA PROGRAMAÇÃO DE VIDA, TRAÇADA ANTES DO NASCIMENTO.

TAMBÉM NOS REVELA QUE ESTE PROJETO ESTÁ INICIANDO A ABRIR AS COMPORTAS DE UMA IMENSA CORRENTEZA DE BENEFÍCIOS QUE ESTÃO SENDO AUTORIZADOS PELO GOVERNO DIVINO , EM PROL DA NOVA ERA DA TERRA, EM CICLO DE REGENERAÇÃO.

ELA NOS AVISA EXATAMENTE AGORA QUE ESTA PROGRAMAÇÃO. QUE VEM SENDO DEBATIDA, IMPLANTADA, SEDIMENTADA E REGISTRADA EM ATAS DAS REUNIÕES DO PARLAMENTO ESPIRITUAL DA TERRA, COMPOSTO POR TODA A GRANDE FRATERNIDADE BRANCA UNIVERSAL E MILHARES DE SERES LIGADOS A VÁRIOS ÂMBITOS INTERGALÁCTICOS, VAI SER, A CADA DIA, MAIS VISÍVEL À HUMANIDADE QUE CONTINUARÁ AINDA A VIVER  NA TERRA  EM INÍCIO DE REGENERAÇÃO COLETIVA.


                                          Leia na íntegra e veja a história de Ryan em:
                                            http://rosane-avozdoraiorubi.blogspot.com

                                                          Rosa vermelhaRosa vermelhaRosa vermelhaRosa vermelhaRosa vermelhaRosa vermelhaRosa vermelhaRosa vermelha

 Amor


Fonte:
                                            http://rosane-avozdoraiorubi.blogspot.com

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Dori'

Doriana Tamburini

 para bcc: mim ז

05511 34939499 / 9197 8641
toda 6ª feira às 21:00 co m chat ao vivo!

SKYPE doriana.tamburini24
MSN doriana24raiosx@hotmail.com

Sejam felizes todos os seres. 
Vivam em paz todos os seres. 
Sejam abençoados todos os seres.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A ARTE DE PINA BAUSCH

Documentário de Wim Wenders celebra a arte de Pina Bausch

"PINA", homenagem em 3D do cineasta à coreógrafa, estreia com sucesso no Festival de Berlim. Morte de Pina Bausch, em 2009, quase fez Wenders desistir de projeto de longa data.


"Pina, eu não vejo você nos meus sonhos. Quando você vai vir me visitar?", diz a voz de uma das dançarinas da companhia Tanztheater Wuppertal no filme PINA, enquanto a câmera enfoca seu rosto e sua reação às próprias palavras.
O comentário dos integrantes sobre o trabalho, o relacionamento pessoal, o legado e as saudades da coreógrafa Pina Bausch (1940-2009) é um dos elementos recorrentes no documentário dirigido por Wim Wenders, estreado mundialmente neste domingo (13/02), no Festival Internacional de Cinema de Berlim.

Durante um bom tempo, os dois amigos vinham trabalhando num grande projeto: Wenders registraria em 3D os ensaios do Tanztheater Wuppertal, num road movie transcontinental. Até que, em 30 de junho de 2009, "aconteceu o inimaginável" – nas palavras do cineasta: Pina Bausch faleceu inesperadamente.
Toda a estrutura montada para a produção perdeu a validade e a razão de ser, a primeira reação foi o cancelamento sumário do projeto. Porém, passado um tempo de luto e reflexão, Wenders decidiu que era possível transfigurar a ideia original numa homenagem: não mais um filme com e sobre, mas sim para a artista.

Dançarinos da Tanztheater Wuppertal em imagem do documentário sobre Pina Bausch 
Bildunterschrift: Dançarinos da Tanztheater Wuppertal
em imagem do documentário sobre Pina Bausch

Desejo de eternidade
É possível transportar para a tela – que seja em 3D – a magia do palco de dança, sobretudo a de um teatro-dança tão singular quanto o de Pina Bausch? Que a questão fique em aberto. Certo é que, pelo menos em um sentido, Wenders consegue ressuscitar o poder da coreógrafa.

Poucos minutos filme adentro, depois que se apresentaram os elementos de que ele será tecido – cenas filmadas no teatro e em locação, os pungentes depoimentos dos participantes, material de arquivo, Pina viva, no palco e nos ensaios, suas parcas, porém intensas palavras – tão logo essa trama se revela, um pensamento passa pela cabeça do espectador sensibilizado: "Sei que não é possível, mas quem dera que o filme nunca acabasse..."

E nisso PINA reproduz o sentimento que provocavam as tortuosas e avassaladoras Tanzabende da homenageada: o desejo de que o espetáculo nunca tivesse fim, que conseguisse vencer as fronteiras do tempo, assim como explodia o espaço do palco, as possibilidades dos corpos humanos. O anseio de que esse prazer artístico doloroso e desmedido fosse eterno.

Ou talvez quem esteja falando seja a infantil vontade de que Pina não tivesse morrido – de que gente como ela nunca morresse! Ou, quem sabe, se trate uma questão de sobrevivência: "Dance, dance senão estamos perdidos", ouvimos sua voz dizer, a certa altura do filme.
Cena das filmagens de Bildunterschrift: Cena das filmagens de "PINA"

Sonhos de dança
Se as aparições de Pina Bausch em pessoa são o elemento mais dilacerante do documentário, nas obras filmadas em técnica tridimensional a artista está tão viva como ao criá-las, quase 40 anos atrás. De sua enorme produção foram selecionados trechos de A sagração da primavera (1975), Café Müller (1978), Vollmond (Lua cheia – 2006) e Kontakthof (Pátio de contatos).

Este último oferece a Wim Wenders a oportunidade de explorar a absoluta mobilidade temporal e espacial própria à sétima arte. Pois Kontakthof existiu em três versões: a original, de 1978, dançada pela trupe do Tanztheater, inclusive a própria criadora; a de 2000, com leigos de terceira idade; e a de 2008, com estudantes entre 14 e 18 anos. (Os trabalhos de ensaio dessa última versão foram, aliás, registrados por Anne Linsel no documentário Tanzträume [Sonhos de dança], lançado na Berlinale 2010.)

A montagem enfatiza o específico e o imutável em cada uma dessas encenações: é um senhor que em meio a uma volta se torna adolescente; é a menina que, ao levantar a cabeleira loura, tem 40 e tantos anos. São raros e preciosos momentos em que o cineasta se faz notar como tal, embora sempre reverencioso para com o objeto e sujeito do filme: a obra bauschiana.

***
Bildunterschrift: Wim Wenders e Pina Bausch juntos em 2008
3D or not 3D?

Neste terceiro round histórico da luta da cinematografia estereoscópica por um nicho permanente no mercado (os outros dois rounds foram na década de 50 e no final da de 70), PINA constitui um marco, segundo seus realizadores: trata-se tanto do primeiro filme de autor quanto do primeiro de dança a utilizar a técnica.

3D or not 3D, that is the question... mas uma questão que também não precisa ser respondida já. A justaposição com a metragem de arquivo de Café Müller, por exemplo, deixa óbvio onde o espectador de 2011 sai ganhando: a sensação de profundidade e a definição são infinitamente superiores, captam-se detalhes de textura da pele, cabelos, o suor dos corpos; por vezes tem-se a sensação de estar em meio aos dançarinos, dá quase para sentir o cheiro deles.

Entretanto, nos deslocamentos rápidos diante de fundo escuro, a cinematografia 3D também mostra suas (atuais) limitações, pois esses movimentos parecem pouco naturais, entrecortados. A impressão de perspectiva nem sempre é verossímil, por momentos as pessoas parecem figuras de papelão recortadas diante de um fundo. Talvez a técnica ainda precise amadurecer.

Cartaz do filme 
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift:  Cartaz do filme

A quarta dimensão
Seja como for, a sensibilidade e empatia do documentarista com seu tema fica provada em minúcias como o registro sonoro de A sagração da primavera. Wenders faz ouvir, quase em pé de igualdade com a poderosa partitura de Igor Stravinsky, os ruídos no palco, os passos, o roçar de peles e tecidos, e, acima de tudo, as respirações.

Assim, após um clímax orquestral extenuante, o que se ouve, no lugar da pausa musical, é o resfolegar estertorado dos dançarinos. Um "detalhe" que aproxima, sim, o cine-espectador da experiência teatral. Mas que principalmente o lembra de que não se trata "só de dança", membros se movendo ao som da música, atléticos supermarionetes. Trata-se de uma arte que amorosamente expõe e examina seres humanos em estados extremos, suas fragilidades e paixões.

"Amor" era uma palavra frequente no vocabulário da coreógrafa, ao lidar com seus intérpretes, como eles próprios contam. Palavra tornada perigosa, de tão desgastada, mas que nesse caso ganha sentido novo e palpável. Amor é a quarta dimensão, que torna tão grandiosa essa homenagem cine-coreográfica dos amigos e colaboradores de Pina Bausch. A qual, asseguram, esteve presente com eles durante toda a filmagem.

Autoria: Augusto Valente
Revisão: Alexandre Schossler


 DW.

A AMIZADE - Khalil Gibran



AMIZADE
Seu amigo é a resposta às suas necessidades. 


Ele é o campo que pode acelerar cosecháis com amor e gratidão.


"E ele é o seu conselho e sua casa.
Para você, vai até ele com fome e sede de buscar a paz.
Quando o seu amigo falar com você, francamente, não tenha medo
seu próprio "não" ou prejudicar o "sim". 


E quando ele está calado, não interromper o seu coração para ouvir o seu coração;   porque, sem palavras, na amizade, todos os pensamentos, todos os
 desejos, todas as expectativas nascem e são partilhados com alegria espontânea. 


Quando você separa-se de um amigo, não sofrem, porque o que mais amamos
 é claro na sua ausência, como a montanha é
 clara da planície para a montanha. 


E não deixe mais finalidade na amizade para o aprofundamento do espírito.
Para o amor que procura apenas para esclarecer o seu próprio mistério,
 
não é amor, mas uma rede, e quão inútil é pescado. 


E deixá-lo ser o melhor para o seu amigo. Se ele tem que
 
conhecer o refluxo da vossa maré, que também conhece o seu crescimento.
Por que amigo é aquele que procuram matar as horas?
Procure vezes mais tempo para viver. 


Porque ele é preencher sua necessidade, não vosso vazio. 


E na doçura da amizade, que haja risos e prazeres compartilhados.
Pois no orvalho de pequenas coisas do coração
 
encontra sua manhã e é atualizada.

 
Khalil Gibran 



Enviado por: "Juan Marin Alcaraz" 
moriajoan@yahoo.es moriajoan  
Seg Fev 14, 2011 02:05 

FERNANDO PESSOA - O POETA


Vivo sempre no presente. 
O futuro, não o conheço. 
O passado, já o não o tenho. 

Pesa-me um como a possibilidade de tudo, 

o outro como a realidade de nada. 

Não tenho esperança nem saudades…

que posso presumir da minha vida de amanhã,
Senão que será o que não presumo, 

o que não quero, o que me acontece de fora, 

Até através da minha vontade…

não quero mais da vida do que senti-la perder-se
Nestas tardes imprevistas 


Fernando Pessoa 



 .
. Um conhecimento contemplativo de Deus:

Traçadas as coordenadas principais, 
a nível do pensamento religioso de Fernando Pessoa, 
pondo, para já, de parte a longa teorização 
e defesa do Neopaganismo português, 
atentemos nalguns textos reveladores daquilo 
que podemos considerar ser o seu percurso poético /religioso, 
na busca do Conhecimento ou Gnose:

Por volta de 1912, tinha o poeta então 24 anos, 
e no mesmo ano em que publicava na «Águia» 
os seus primeiros artigos sobre a moderna poesia portuguesa, 
surge-nos um texto belíssimo intitulado «PRECE» que passo a transcrever: 

Prece:
«Senhor, que és o céu e a terra,
e que és a vida e a morte! 

O sol és tu e a lua és tu e o vento és tu! 
Tu és os nossos corpos e as nossas almas 
e o nosso amor és tu também. 
Onde nada está tu habitas e onde tudo estás - 
(o teu templo) - eis o teu corpo.

Dá-me alma para te servir e alma para te amar. 
Dá-me vista para te ver sempre no céu e na terra,
ouvidos para te ouvir no vento e no mar, 
e mãos para trabalhar em teu nome.

Torna-me puro como a água e alto como o céu.
Que não haja lama nas estradas dos meus pensamentos 
nem folhas mortas nas lagoas dos meus propósitos. 
Faz com que eu saiba amar os outros 
como irmãos e servir-te como a um pai.
[...]
Minha vida seja digna da tua presença. 
Meu corpo seja digno da terra, tua cama. 
Minha alma possa aparecer diante de ti 
como um filho que volta ao lar.

Torna-me grande como o Sol,
 para que eu te possa adorar em mim;
e torna-me puro como a lua,
para que eu te possa rezar em mim;
e torna-me claro como o dia 
para que eu te possa ver sempre em mim
e rezar-te e adorar-te.

Senhor, protege-me e ampara-me.
Dá-me que eu me sinta teu. 
Senhor, livra-me de mim.»

Este texto, em que António Quadros encontra,
a meu ver com razão, 
ecos do Hino ao Sol do faraó monoteísta Akhenaton
e afinidades com os cantos de S.Francisco de Assis ,
marca, segundo o mesmo autor, o «1ºmarco de uma longa e árdua peregrinação», revelando 
«toda uma vivência interior de transcendência que reúne a visão do ser humano, entre o animal e o espiritual».

Nele é visível «uma enorme exigência de pureza e de Absoluto, 
um sentimento de adoração, a consciência profunda da vanidade egolátrica, um desejo de entrega e de abandono no divino», 
traduzindo, igualmente,
«o efeito de uma experiência íntima, secreta




Pouco depois desta «Prece», em 1913, tinha então 25 anos,
parece o Poeta ter tido uma primeira experiência de revelação, 
de êxtase quase místico, como afirma Quadros. Trata- - se do poema em 5 partes,

ALÉM-DEUS.

Na 1ªparte,
Olho o Tejo, e de tal arte
Que me esquece olhar olhando,
E súbito isto me bate
De encontro ao devaneando - 

O que é ser rio e correr?
O que é está-lo eu a ver?

Sinto de repente pouco,
Vácuo, o momento, o lugar.
Tudo de repente é oco -
Mesmo o meu estar a pensar.

Tudo 
- e o mundo em seu redor -
Fica mais que exterior.
Perde tudo o ser, ficar,
E do pensar se me some.

Fico sem poder ligar
Ser, idéia, alma de nome
A mim, à terra e aos céus...

E súbito encontro Deus..


 
Na 2ºparte de Além-Deus, 
o poeta procura explicar como tudo se passara: 

PASSOU (título da 2ªparte):

«Passou, fora de Quando,/
De Porquê, e de Passando...»;

na 3ªparte, intitulada A VOZ DE DEUS, 
reconhece na percepção do indizível, 
a fusão total do Eu e do universo 
a partir da audição da voz de Deus:

A VOZ DE DEUS

«Brilha uma voz na noite...
De dentro de Fora ouvi-a .
Ó Universo, eu sou-te..../» 

...
«Cinza de idéia e de nome
Em mim, e a voz:
Ó mundo,
Semente em ti eu sou-me...
Mero eco de mim, me inundo
De ondas de negro lume
Em que pra Deus me afundo.»

Este inundar-se em Deus equivale à QUEDA 
(título do 4ºpoema da série)


A QUEDA .

«Da minha ideia do mundo
Caí...
Vácuo além de profundo,
Se ter Eu nem Ali.»
 
Tal queda/mergulho no inefável,
no indizível é o encontro do Além-Deus . 

«Além-Deus! 
Além Deus! Negra calma ..
Clarão de Desconhecido...
Tudo tem outro sentido, ó alma,
Mesmo o ter-um-sentido
...» 

O 5º e último poema, 
de título de ressonância esotérica ( e surrealista) 
BRAÇO SEM CORPO BRANDINDO UM GLÁDIO ­ 
«é o regresso à realidade quotidiana, lugar da dúvida, 
da interrogação, do espanto, da incapacidade de aferir, 
pela razão humana, aquilo que por instantes envolveu o ser inteiro, 
deixando atrás de si um sentimento de irrealidade» - conclui assim o poema:

«Deus é um grande Intervalo,
Mas entre quê e quê?...

Entre o que digo e o que calo
Existo? 
Quem é que me vê?
Erro-me...»

Fonte
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