quinta-feira, 28 de abril de 2011

EVOLUCIONISMO - "Genismo"


Evolucionismo 

(Eli e Rodrigo)

Imagino que vc se refira a herança de caracteres adquiridos e ao uso e o desuso que não são mecanismos propostos originalmente por Lamarck, mas assumidos por muitos pesquisadores antes e mesmo depois dele, como foi i caso do próprio Darwin. [A teoria original de Lamarck envolvia um processo de complexificação linear e movido por um impulso interno do organismo, às vezes encarado de forma bem finalista e intencional.]

Estes mecanismos ficaram associados à Lamarck por causa da escola de evolutiva, conhecida como Neo-Lamarckismo Americano que enfatizava tais processos em contraposição ao Neo-darwinismo, derivado dos trabalhos e propostas de Weismann e dos biometristas, posteriormente.

O principal problema com essa idéia é a chamada 'barreira de Weismann', o fato de que o tecido reprodutivo (aquele que formará os gametas) é, em geral, rapidamente isolado do resto do corpo (tecidos somáticos). [Note que esse é um problema só para seres multicelulares em que o tecido germinativo é precocemente 'seqüestrado' e bem diferenciado do resto dos tecidos do organismo.]
 
Assim mesmo que houvesse um mecanismo que permitisse que alterações fisiológicas e desenvolvimentais provocadas por exercício ou experiência, de alguma forma, modificassem os genes das células e tecidos em questão, ainda assim, essas alterações teriam que chegar até as gônadas e se infiltrar nos gametas para daí chegar as gerações futuras.

http://www.formspring.me/Evolucionismo/q/1669098899

Hoje sabemos que durante o processo de desenvolvimento ontogenético dos organismos o padrão de diferenciação da maioria dos tecidos não é alcançado e mantido por alterações diretas nas seqüencias do DNA, mas sim por modificações em seus padrões de expressão e silenciamento. 
 
Muito desse controle e regulação gênica se dá através de processos epigenéticos, isto é, que ocorrem 'sobre' os genes (sem troca, inserção ou deleção dos nucleotídeos) apenas marcando quimicamente certas seqüencias o que as torna mais ou menos 'expressáveis' (isto é na forma de RNAs e proteínas), quando não, silenciando-as completamente – como através da metilação de citosinas ou condensação da cromatina, o que impende sua leitura pelo complexo transcricional.
 
Estes padrões epigenéticos podem ser mantidos por essas linhagens celulares através da mitose, com as 'células filhas', mantendo assim as características de diferenciação celular e tecidual.


http://www.formspring.me/Evolucionismo/q/159684291746367123

Adrian Bird (2007). "Perceptions of epigenetics". Nature 447 (7143): 396–398. doi:10.1038/nature05913. PMID 17522671.

Existe uma classe particular destes fenômenos epigenéticos que envolve as chamadas 'epimutações' (alterações casuais nos padrões de marcação que podem alterar os padrões de expressão de genes) chamada de "herança epigenética metaestável", em que estas 'epimutações', podem, eventualmente, passar através das gerações via linhagem meiótica - a que dá origem aos gametas. 
 
Existem alguns estudos que indicam que fatores ambientais como dieta, infecção viral, propagação de elementos genéticos móveis e a exposição a certos compostos químicos podem influenciar essas 'epimutações', permitindo assim que alguns caracteres adquiridos ('codificados' por essas modificações) possam, em casos, especiais passar às próximas gerações, em algumas situações bem particulares.

Existem três problemas com a equiparação desse processo com o modelo de evolução por uso e desuso e herança de caracteres adquiridos (atribuído à Lamarck). 
 
Primeiro, essas alterações epigenéticas teriam que ocorrer em todo o organismo (ou só no tecido reprodutivo) e não em um órgão isolado, pois ainda não existe uma forma de passar alterações específicas de um tecido distante para outro. Claro, no caso de plantas e organismos que possam gerar propágulos, brotos a partir de tecidos somáticos isso poderia ocorrer, mas nestes casos é bem conhecido que a barreira de Weismann é bem 'porosa'. 
 
Segundo, durante as primeiras fases da embriogênese em animais, especialmente em mamíferos existe uma grande deleção de marcas de metilação, o que diminui muito a chance de eventuais epimutações (pelo menos as que são dependentes de padrões de metilação) manterem-se em uma linhagem por muito tempo, ainda que este apagamento e reprogramação de marcas não seja total. 
 
Terceiro, não existe nenhuma vinculação necessária entre essas características epigenéticas 'meta-estavelmente' herdáveis e vantagens adaptativas como aquelas causadas por hipertrofia muscular e aquisição de experiência que são o que, geralmente, vem a mente quando pensamos em 'lamarckismo'. 
 
Este processo poderia apenas acrescentar mais variação herdável, juntando-se a produzida por mutações nas seqüencias de DNA das células germinativas e, possivelmente, enviesar o processo desenvolvimental, caso as epimutações fossem em sua maioria de um tipo específico.

Alguns cientistas, entretanto, especulam que algumas respostas adaptativas transgeracionais poderiam ter evoluído por mecanismos normais de seleção natural (ou, quem sabe, por seleção de espécies ou multi-níveis) que valeriam-se dessa capacidade do ambiente influenciar a hereditariedade via epigenética, mas estas sugestões são muito especulativas ainda. 
 
A principal questão é que dado as características do processo de reprodução, desenvolvimento ontogenético e da própria herança epigenética meta-estável ainda não é clara a significância evolutiva, a longo prazo, deste fenômeno, especialmente, em relação a evolução adaptativa.

 Fonte:
"Genismo"

[Genismo] Lamarckismo e Epigenetic

 

[Genismo] Lamarckismo e Epigenetic

http://www.formspring.me/Evolucionismo/q/186708617666271964  

Sejam felizes todos os seres  Vivam em paz todos os seres

quarta-feira, 27 de abril de 2011

FAUSTO: MITO TRANSCONTINENTAL



Livro organizado por pesquisadores da USP reúne 30 ensaios que relacionam a lenda de Fausto, como mito central da modernidade, à conquista, colonização e desenvolvimento do Novo Mundo (Eugène Delacroix, Méphistophélès apparaissant à Faust)
Especiais

Mito transcontinental

Por Fábio de Castro

– Considerada um mito central da modernidade, a lenda de Fausto remete à tragédia de um homem de ciências desiludido com as limitações do conhecimento de sua época. A fim de superá-las, ele faz um pacto com o demônio Mefistófeles, que lhe insufla a paixão pela técnica e pelo progresso e lhe dá acesso ilimitado ao saber e aos prazeres do mundo.
Baseada na história do médico e alquimista alemão Johannes Georg Faust (1480-1540), a lenda foi imortalizada em diversas manifestações literárias a partir do século 16 – sendo a mais famosa e influente a obra de Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), no século 19.

As inúmeras interpretações do mito de Fausto e suas relações com a descoberta do Novo Mundo, sua conquista, colonização e desenvolvimento são o tema central do livro Fausto e a América Latina, publicado com apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Publicação.

A obra, que reúne 30 ensaios de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, foi organizada por Helmut Galle e Marcus Mazzari, respectivamente professores dos departamentos de Letras Modernas e de Teoria Literária e Literatura Comparada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com Galle, o livro é resultado de um simpósio homônimo realizado em 2008 sob sua coordenação, com apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Organização de Reunião Científica e/ou Tecnológica. Na ocasião, a publicação da primeira parte de Fausto, de Goethe, completava 200 anos.

“Na Alemanha, surgiram diversas interpretações recentes do mito de Fausto, que ainda eram pouco conhecidas no Brasil. Por outro lado, havia muitos pesquisadores latino-americanos trabalhando sobre a temática das relações entre Fausto e América Latina. Além de comemorar o bicentenário do livro de Goethe, o simpósio teve o objetivo de reunir e intercambiar toda essa pesquisa contemporânea”, disse Galle à Agência FAPESP.

O diálogo promovido no evento e refletido no livro teve um caráter essencialmente interdisciplinar, reunindo diferentes abordagens a partir da teoria literária, da literatura comparada, estudos germânicos, literaturas em língua portuguesa e espanhola, sociologia, história e filosofia.

“Os textos acabam indo além das interpretações do Fausto enquanto texto literário. Eles ampliam o debate para diversos outros aspectos do conhecimento sobre a cultura latino-americana, a modernidade europeia e suas múltiplas conexões”, afirmou Galle.

Um dos vários aspectos abordados é a figura de Fausto como símbolo do desenvolvimento da civilização. No século 19 e nas primeiras décadas do século 20, Fausto, como personagem criado por Goethe, foi considerado a encarnação do homem moderno, em seu desejo ilimitado – e nunca satisfeito – de desenvolvimento e conhecimento.

“Tudo isso foi simbolizado no Fausto como algo positivo. O próprio drama de Goethe foi considerado como símbolo do progresso e da civilização, tanto por positivistas no século 19, como por marxistas no século 20. Fausto aparecia, então, como o mito da modernidade, do homem que se libera e submete a natureza hostil”, disse.

Mas na Alemanha, principalmente a partir da década de 1960, outras interpretações do mito de Fausto começaram a aparecer. “Começa a aparecer a perspectiva da chamada ‘dialética do esclarecimento’, cujos elementos ambíguos colocavam em dúvida se o próprio Goethe considerava o progresso, simbolizado pelo Fausto, como algo positivo para o homem”, disse.

A época de Goethe, segundo Galle, testemunhou muitas inovações técnicas e o avanço da industrialização. O autor integrou essa realidade à segunda parte do Fausto, lançada em 1832.

A primeira parte, conhecida como Primeiro Fausto, havia sido lançada em 1808, após três décadas de reflexão sobre o tema.
“Além da própria dinâmica da Europa como continente que se moderniza, temos também reflexos desse processo na colonização do Novo Mundo. Na perspectiva da dialética do esclarecimento, alguns autores identificaram versos do Fausto que parecem abordar a colonização, enquanto processo civilizatório, como uma iniciativa violenta, perniciosa, que gera mais destruição que benefícios para o ser humano”, disse.

Drama do conhecimento
O mito fáustico, no entanto, tem muitas outras interpretações e repercussões. “Encontramos reflexos de Fausto na literatura de cordel brasileira e na literatura popular argentina, por exemplo, além de manifestações literárias em outras partes do continente. No livro, temos vários ensaios sobre essas repercussões”, afirmou Galle.

O debate em torno da figura histórica de Fausto não ficou de fora da coletânea de ensaios. De acordo com o professor da USP, o personagem real, contemporâneo dos descobrimentos, aparece em sua primeira manifestação literária – o Faustbuch, no século 16, fazendo uma viagem pelo mundo, com a ajuda de Mefistófeles.

“Embora a obra tenha sido escrita mais de 80 anos depois da descoberta da América, a viagem de Fausto se limita à Europa, Ásia e África. Para alguns intérpretes, o autor do Faustbuch queria evidenciar, pedagogicamente, que só o conhecimento falso é produzido pelo diabo. Isso ficaria óbvio para os leitores, já que em uma viagem por todo o mundo a América deveria aparecer”, disse.

Poucos anos depois do Faustbuch, em 1593, aparece o livro conhecido como Wagnerbuch, no qual o assistente de Fausto, Wagner, faz uma viagem para a América. Galle é o autor de um ensaio sobre o Wagnerbuch.
“Esse livro se baseia em extratos de uma obra de viagem de Bensoni, um italiano que esteve na Venezuela, no Peru e na América Central e criticava duramente as ações da Espanha.

A obra se tornou uma das fontes da chamada ‘legenda negra’, uma posição política do século 16 que contestava a ‘missão divina’ da conquista espanhola, qualificando-a como ‘obra do diabo’”, explicou.

Com diversas versões populares, segundo Galle, a lenda de Fausto se espalhou pela Europa e, em 1604, na Inglaterra, ganhou sua primeira manifestação culta de alto nível com a peça A trágica história de doutor Fausto, de Christopher Marlowe. “Até o século 18, o mito de Fausto teve ainda várias adaptações populares do teatro elisabetano inglês e novas versões alemãs em forma de livro”, disse.

Na segunda metade do século 18, no entanto, vários autores de renome percebem no material do Fausto o paradigma do ser humano moderno, segundo o professor, com destaque para Gotthold Lessing (1729-1781).

“A partir de então, Fausto se torna também o drama do conhecimento. É nesse contexto que aparece a primeira parte do Fausto de Goethe, publicada em 1808. Muito antes disso ele já trabalhava no texto, cuja segunda parte continuou aprimorando até 1832”, disse.

Depois da profundidade atingida por Goethe, poucos poetas se aventuraram a lidar com o mito de Fausto. Mas, segundo Galle, a ópera passou a tratar o tema de forma recorrente. A partir do início do século 20, diversos modernistas retomaram o personagem, incluindo Fernando Pessoa (1888-1935), Paul Valéry (1871-1945), Gertrud Stein (1874-1946) e Thomas Mann (1875-1955).
 Fonte:
Agência FAPESP
  
Fausto e a América Latina 
Organizadores: Helmut Galle e Marcus Mazzari 
Lançamento: 2010- Preço: R$ 45- Páginas: 560

segunda-feira, 25 de abril de 2011

3 year old Jonathan conducting to the 4th movement of Beethoven's 5th Sy...


Adorei seu presente de Páscoa, meu Poeta JoséMarins!

É uma regência encantadora - E nessa alegria eu queria ver
todas as crianças do mundo ensaiando com o Jonathan
- que bela criança!
E...
Sejam felizes todos os seres.
Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.