Evolucionismo
(Eli e Rodrigo)
Imagino que vc se refira a herança de caracteres adquiridos e ao uso e o desuso que não são mecanismos propostos originalmente por Lamarck, mas assumidos por muitos pesquisadores antes e mesmo depois dele, como foi i caso do próprio Darwin. [A teoria original de Lamarck envolvia um processo de complexificação linear e movido por um impulso interno do organismo, às vezes encarado de forma bem finalista e intencional.]Estes mecanismos ficaram associados à Lamarck por causa da escola de evolutiva, conhecida como Neo-Lamarckismo Americano que enfatizava tais processos em contraposição ao Neo-darwinismo, derivado dos trabalhos e propostas de Weismann e dos biometristas, posteriormente.
O principal problema com essa idéia é a chamada 'barreira de Weismann', o fato de que o tecido reprodutivo (aquele que formará os gametas) é, em geral, rapidamente isolado do resto do corpo (tecidos somáticos). [Note que esse é um problema só para seres multicelulares em que o tecido germinativo é precocemente 'seqüestrado' e bem diferenciado do resto dos tecidos do organismo.]
Assim mesmo que houvesse um mecanismo que permitisse que alterações fisiológicas e desenvolvimentais provocadas por exercício ou experiência, de alguma forma, modificassem os genes das células e tecidos em questão, ainda assim, essas alterações teriam que chegar até as gônadas e se infiltrar nos gametas para daí chegar as gerações futuras.
http://www.formspring.me/Evolucionismo/q/1669098899
Hoje sabemos que durante o processo de desenvolvimento ontogenético dos organismos o padrão de diferenciação da maioria dos tecidos não é alcançado e mantido por alterações diretas nas seqüencias do DNA, mas sim por modificações em seus padrões de expressão e silenciamento.
http://www.formspring.me/Evolucionismo/q/1669098899
Hoje sabemos que durante o processo de desenvolvimento ontogenético dos organismos o padrão de diferenciação da maioria dos tecidos não é alcançado e mantido por alterações diretas nas seqüencias do DNA, mas sim por modificações em seus padrões de expressão e silenciamento.
Muito desse controle e regulação gênica se dá através de processos epigenéticos, isto é, que ocorrem 'sobre' os genes (sem troca, inserção ou deleção dos nucleotídeos) apenas marcando quimicamente certas seqüencias o que as torna mais ou menos 'expressáveis' (isto é na forma de RNAs e proteínas), quando não, silenciando-as completamente – como através da metilação de citosinas ou condensação da cromatina, o que impende sua leitura pelo complexo transcricional.
Estes padrões epigenéticos podem ser mantidos por essas linhagens celulares através da mitose, com as 'células filhas', mantendo assim as características de diferenciação celular e tecidual.
http://www.formspring.me/Evolucionismo/q/159684291746367123
Adrian Bird (2007). "Perceptions of epigenetics". Nature 447 (7143): 396–398. doi:10.1038/nature05913. PMID 17522671.
Existe uma classe particular destes fenômenos epigenéticos que envolve as chamadas 'epimutações' (alterações casuais nos padrões de marcação que podem alterar os padrões de expressão de genes) chamada de "herança epigenética metaestável", em que estas 'epimutações', podem, eventualmente, passar através das gerações via linhagem meiótica - a que dá origem aos gametas.
http://www.formspring.me/Evolucionismo/q/159684291746367123
Adrian Bird (2007). "Perceptions of epigenetics". Nature 447 (7143): 396–398. doi:10.1038/nature05913. PMID 17522671.
Existe uma classe particular destes fenômenos epigenéticos que envolve as chamadas 'epimutações' (alterações casuais nos padrões de marcação que podem alterar os padrões de expressão de genes) chamada de "herança epigenética metaestável", em que estas 'epimutações', podem, eventualmente, passar através das gerações via linhagem meiótica - a que dá origem aos gametas.
Existem alguns estudos que indicam que fatores ambientais como dieta, infecção viral, propagação de elementos genéticos móveis e a exposição a certos compostos químicos podem influenciar essas 'epimutações', permitindo assim que alguns caracteres adquiridos ('codificados' por essas modificações) possam, em casos, especiais passar às próximas gerações, em algumas situações bem particulares.
Existem três problemas com a equiparação desse processo com o modelo de evolução por uso e desuso e herança de caracteres adquiridos (atribuído à Lamarck).
Existem três problemas com a equiparação desse processo com o modelo de evolução por uso e desuso e herança de caracteres adquiridos (atribuído à Lamarck).
Primeiro, essas alterações epigenéticas teriam que ocorrer em todo o organismo (ou só no tecido reprodutivo) e não em um órgão isolado, pois ainda não existe uma forma de passar alterações específicas de um tecido distante para outro. Claro, no caso de plantas e organismos que possam gerar propágulos, brotos a partir de tecidos somáticos isso poderia ocorrer, mas nestes casos é bem conhecido que a barreira de Weismann é bem 'porosa'.
Segundo, durante as primeiras fases da embriogênese em animais, especialmente em mamíferos existe uma grande deleção de marcas de metilação, o que diminui muito a chance de eventuais epimutações (pelo menos as que são dependentes de padrões de metilação) manterem-se em uma linhagem por muito tempo, ainda que este apagamento e reprogramação de marcas não seja total.
Terceiro, não existe nenhuma vinculação necessária entre essas características epigenéticas 'meta-estavelmente' herdáveis e vantagens adaptativas como aquelas causadas por hipertrofia muscular e aquisição de experiência que são o que, geralmente, vem a mente quando pensamos em 'lamarckismo'.
Este processo poderia apenas acrescentar mais variação herdável, juntando-se a produzida por mutações nas seqüencias de DNA das células germinativas e, possivelmente, enviesar o processo desenvolvimental, caso as epimutações fossem em sua maioria de um tipo específico.
Alguns cientistas, entretanto, especulam que algumas respostas adaptativas transgeracionais poderiam ter evoluído por mecanismos normais de seleção natural (ou, quem sabe, por seleção de espécies ou multi-níveis) que valeriam-se dessa capacidade do ambiente influenciar a hereditariedade via epigenética, mas estas sugestões são muito especulativas ainda.
Alguns cientistas, entretanto, especulam que algumas respostas adaptativas transgeracionais poderiam ter evoluído por mecanismos normais de seleção natural (ou, quem sabe, por seleção de espécies ou multi-níveis) que valeriam-se dessa capacidade do ambiente influenciar a hereditariedade via epigenética, mas estas sugestões são muito especulativas ainda.
A principal questão é que dado as características do processo de reprodução, desenvolvimento ontogenético e da própria herança epigenética meta-estável ainda não é clara a significância evolutiva, a longo prazo, deste fenômeno, especialmente, em relação a evolução adaptativa.
Fonte:
"Genismo"