sábado, 12 de setembro de 2009

TRIBUTO À LUZ DO MESTRE MASUDA GOGA

TRIBUTO À LUZ DO MESTRE
MASUDA GOGA
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Vinte e oito de maio.
Escrevo no calendário:
Dia do Haicaísta.

José Lira

*MESTRE MASUDA GOGA

Acabo de receber a mais triste notícia.

É com profunda dor no coração que venho informar a
todos que o Mestre Masuda Goga faleceu hoje.

Paulo Franchetti 
Masuda (1911-2008) foi agricultor, comerciante,
jornalista, escritor, haicaísta e pintor. Foi um dos
fundadores do Grêmio Haicai Ipê. Por sua longevidade,
testemunhou a alvorada do haicai brasileiro e sua lenta
evolução, desde Jorge Fonseca Jr. e Guilherme de Almeida
até os tempos da internet. Um pouco de sua vida pode
ser conferido aqui:

http://www.kakinet. com/caqui/ goga.shtml

Tenho certeza de que viveu uma vida plena. Impressionava-
me que se referisse à sua existência inteira como um
grande sonho, e que afirmasse passar os dias sonhando.
Ultimamente, andava sonhando com uma viagem ao
redor do mundo. Como criança, sonhava em vir ao Brasil.
Talvez seja tudo parte do mesmo sonho, que nunca acabou.

Em sonho fugaz
passei oito décadas da vida --
Outono fenece.
Goga
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

ainda o céu azul
desse outono que se vai
adeus Mestre Goga
.
josé Marins
*
notícia realmente triste.
(vai) mais que um haicaísta, um ser humano
especial demais.

Carlos Martins
*
O Mestre morreu?
Não... É só mais uma estrofe
do renga da vida.

Celso Pestana
*

O fim do outono
Não encontro suas palavras
Goga em silêncio
Rodrigo Vieira Ribeiro
*

Murcham as flores
no velório – outra já
brota no túmulo

O rio Goga
carreia quase tudo -
detritos e flores

ACQ
*

se olhar bem o céu
verá um olhinho apertado
rindo entre as nuvens
*
mestres não morrem
alçam a escada gloriosos
ao pódio da luz

*

Olha o passarinho...
fugiu da gaiola apertada
pra bicar as estrelas

*
Agricultor, haicaista
jardineiro das palavras
- Goga, alvorada em nós

*
O sonho eterno
no vôo pleno entoado
jorra em fonte de haicai
*
O céu hoje em festa
abre-se radiante
- Viva Goga poeta !
*
Canta a natureza
livre qual passarinho
samurai no Brasil
*

Pássaros e flores,
poetas de poucas palavras,
celebram o silêncio

*
A lua minguante
dá o refrão pra chegada
do haicaísta sonhador.

*
Pedregulhos arredados
deixam a terra livre
florada de cafezais

*
Pensador de haicai
ara o sentir, lava a alma
- síntese realiza
Ade - Radeir

Amigos da Haikai-L:

paisagem de outono
marca o kigo da passagem
de Masuda Goga

passou por aqui
deixou árvores e pássaros
Mestre Masuda Goga

Anibal Beça

***

chega o vento forte
as plântulas do carvalho
pendem para os lados

rosa clement

***
O incenso que queima
esconde a foto do mestre --
Entardecer de outono.
.
Teruko Oda

***

enquanto garatujo na aula
conteúdo forma mestres
a morte escreve o último
haigogakai

sandra mara corazza/ufrgs

***

Estação Outono -
a natureza celebra
Mestre do Haicai.

sergio matsumura

***

até logo
Mestre Masuda Goga-
fim do outono

quintella dacosta

***

Só muda de plano
o mestre Masuda Goga -
Outono fenece.

~
Encontro de outono
pra festa do centenário -
Goga e Nempuku.


vai-se o Mestre Goga,
por trilhas de haicai e sonhos -
Final de outono

Benedita Azevedo

***

Mestre não morre
sobe glorioso a escada
nos anéis da luz.

*

se olhar o céu
verá um olhinho apertado
rindo nas nuvens.

*
olha o passarinho...
fugiu da gaiola estreita
pára, à bicar estrelas.
               
*
viver sonhando
em vôo pleno na terra
- vórtice de haicais.

*
nasce no Oriente
floresce nos cafezais
- amante de Ipê e Caqui.

*

o sonho da terra
repleta de passarinhos
se completa em Goga.

*
o sol de outono
tem mais um raio agora
quentinho no coração.

*
o fio de água
serpenteia mais cantando:
- Goga, meu navegante!

*
pintou novidade
lá na roça o arvoredo
nem se abana ao vento.

*
a tigela de barro
cheia de ervas,sementes
- espera como sempre.

*
o chá perfumado
na mesa de renda branca
desenha o silêncio.

*
a chuva fininha
entoava o retorno
do pó de estrela.

*
pousa o pó da terra
para no céu o pó da estrela
cantata de outono.

*
Ipê-amarelo
plantado à décadas floresce
no infinito jardim.

*
por um momento
as cerejeiras rosadas
vibram no silêncio.

*
galhos desfolham
festejam tempo e o Homem
- dores, nunca mais.
*
sai o professor
fica o grêmio em cascata
- novos afluentes.

*
Ele veio de longe
com alma de samurai
- o bom jardineiro.

*
o sonho da terra,
cobrir-se de rochas humanas
- fontes de haicais .
*
o céu hoje em festa
abre-se radiante
Viva Goga poeta.
*
bico-de-lacre,
viu grupo de olhos pendentes
- ais de saudade.
*
canta a natureza
nas flores coroando o corpo
- Viva samurai do Brasil!
*
pássaros e flores
poetas de poucas palavras
celebram o silêncio.
                          
*
a lua minguante
dá o refrão pra chegada
ao sonhador haicaísta.

*
jardineiro poeta
ara gente, terra aplaina
- sementes à novas floradas.
 *
              
fecha-se a caderneta
branca , ao Sol oferecida
- Vigésima quinta hora.

Ade  - Radeir      
***

chega o vento forte
as plântulas do carvalho
pendem para os lados

rosa clemente

***

Murcham as flores
no velório – outra já
brota na túmulo

O rio Goga
carreia quase tudo –
detritos e flores

OCQ

***

O incenso que queima
esconde a foto do mestre –
Entardecer de outono

Teruko Oda
.
***

Paz & Bem
Adeir
                                                      

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

TIRADENTES




TIRADENTES

Ele sonhou com um Brasil livre
de todas as escravidões impostas pelos homens.

Fez da liberdade a sua bandeira,
ousando tê-la, “ainda que tardia”.

No silêncio das frias madrugadas
ouviu e fez ouvir planos audaciosos
que se apoiavam na força dos que
– à semelhança dele –
queriam uma pátria verdadeiramente livre.

Pagou caro o seu sonho.
A traição.
O abandono.
A aceitação do doloroso fardo de todos.
A sentença.
A humilhação que se seguiu.
A morte.

Depois, no passar inevitável do tempo,
a glória de haver dado um passo decisivo,
a homenagem que ecoa
pelos largos espaços das Minas Gerais.

E, à solidão do mártir que a tudo suportou,
nada se pôde acrescentar em vida,
ainda que se vislumbrasse
(como se crê quando a causa é verdadeira)
que o futuro dos tempos conheceria a justiça
e haveria de chama-lo HERÓI!
(Do meu livro "Cantando o amor o ano inteiro" - Paulinas, 1986)


domingo, 6 de setembro de 2009

Li#i - Lixia - Lechia


Li#i - Lixia - Lechia 
 
 Alberto André Delpino de Mendonça
*

Com os chineses aprendi as estórias dos dragões
e da palavra: o ideograma, a entonação, o gesto,
o teatro itinerante das eternas canções,
o torso dos mandarins e o pessegueiro branco.
O canto dos rouxinóis num fundo calmo.
A ponte sobre o rio e as ternas lembranças
de um andarilho só, de uma criança,
de um ancião cansado e uma jovem mulher.
O charão esboçado em mil nuanças
desenha em cada traço monstros delicados
que a chávena retém e o chá sustenta.
Liei, lixia, lechia, a árvore, a flor,
o fruto , a casca, a polpa, a semente.
Somente os conheci recentemente,
Na madurez . Que pena!
*

PARABÉNS DR.ALBERTO – AMEI !!!  RADEIR