Astronomia em Crescente 2009 Em 2009 celebra-se o Ano Internacional da Astronomia e o Ano de Darwin. Como não poderia deixar de ser o NUCLIO - Núcleo Interactivo de Astronomia, com o apoio do Centro de Interpretação Ambiental da Ponta do Sal e da Câmara Municipal de Cascais tem um programa especial para celebrar os 400 anos das observação de Galileu Galilei e os 150 anos da publicação da Origem das Espécies de Charles Darwin. Cada mês será dedicado a um tema relacionado com as importantes descobertas destes dois cientistas que para sempre mudaram a nossa forma de ver o Universo. Esta actividade, que normalmente decorre no Sábado próximo da fase de Quarto-Crescente da Lua, a partir das 21h30, é constituída por uma apresentação sobre um tema astronómico e, caso as condições meteorológicas o permitam, por uma sessão de observação nocturna com telescópios. Em 2009, as datas e temas da "Astronomia em Crescente" serão: 10 de Janeiro - "A Festa de Galileu", por João Fernandes (Comissário Nacional para o Ano Internacional da Astronomia em Portugal) Sessão especial para o lançamento das comemorações do Ano Internacional da Astronomia 2009
7 de Março - "Roubaram os anéis de Saturno", por Grom Matthies (UAA, NUCLIO) 4 de Abril - "O Telescópio de Galileu em Portugal", por Henrique Leitão (CIUHCT, Universidade de Lisboa) 16 de Maio - "Mercúrio: um grande mistério em embalagem reduzida", por José Saraiva (CERENA, IST) 27 de Junho - "Eddington e o eclipse de 1919 na Ilha do Príncipe", por Paulo Crawford (CAAUL, FCUL) 18 de Julho - "Parabéns Apollo - Os 40 anos da Missão Apollo e a exploração da Lua", por José Saraiva (CERENA, IST) Atenção: Excepcionalmente esta palestra terá lugar na Praia dos Pescadores em Cascais às 20h45. 26 de Setembro - "O Ciclo Solar 24", por Mário Ramos (NUCLIO) 24 de Outubro - "A Lua, as crateras e o gelo", por José Saraiva (CERENA, IST) 28 de Novembro - "Sob o signo de Galileu: evolução no passado, novos horizontes no presente e perseverança no futuro da Astronomia", por José Afonso (OAL/FCUL) 19 de Dezembro - "Via Láctea – De Galileu até Gaia", por André Moitinho (SIM-IDL/FCUL) A actividade tem inicio às 21:30 no Centro de Interpretação Ambiental da Ponta do Sal, na Estrada Marginal, São Pedro do Estoril. Mais informações pelos telefones 214 815 924 ou 960 356 909. ResumosRoubaram os anéis de SaturnoGrom Matthies (UAA, NUCLIO) Não é particularmente frequente haver notícias vindas do sexto planeta a contar do Sol. Este ano, porém, Saturno apresenta-se aos telescópios terrestres de uma forma muito invulgar, isto é, aparentemente sem os seus famosos anéis. A palestra aproveita esta oportunidade e convida para uma viagem deslumbrante por Saturno, os seus anéis e satélites. Uma coisa é certa, se este pilar do nosso quintal no Universo não foi notícia, deveria ter sido! As observações telescópicas de Galileu, entre 1609 e 1611, lançaram a Europa num profundo debate científico e cultural. Como foram esses acontecimentos conhecidos em Portugal? Quando se fizeram os primeiros telescópios no nosso país? Que tipo de debates se deram entre nós? Nesta palestra olharemos com algum cuidado para estes assuntos, mostrando o impacto que tiveram na história científica do nosso país. Curiosamente, como se mostrará, Portugal participou muito estreitamente nestes acontecimentos, tendo desempenhado um papel fundamental na divulgação do telescópio e das novidades celestes. Trata-se de uma página fascinante da história científica do nosso país que convém conhecer um pouco melhor. Mercúrio: um grande mistério em embalagem reduzida José Saraiva (CERENA/IST) Mercúrio é ainda, dos planetas telúricos do Sistema Solar, o menos conhecido. Apesar das suas pequenas dimensões (o seu diâmetro é menor do que o de alguns satélites dos planetas gigantes), possui algumas características que o distinguem, nomeadamente a elevada densidade e o campo magnético. Até há poucos anos, o nosso conhecimento sobre a superfície do planeta mais próximo do Sol limitava-se à relativamente pequena parte observada pela Mariner 10, na década de 70. Nesta altura existe outra sonda a investigar Mercúrio, a MESSENGER, que já efectuou algumas passagens próximas e se prepara para entrar em órbita do planeta em 2011. Os dados recolhidos até agora já permitem concluir que a evolução geológica de Mercúrio é mais complexa do que se pensava e se julgava possível para um objecto de tão pequenas dimensões. A única conclusão possível é que, mais uma vez, temos mais perguntas do que respostas… Algumas delas encontrarão sem dúvida respostas quando tivermos mais dados disponíveis; podemos porém estar seguros de que novas questões se levantarão de imediato – sempre foi assim a ciência, e a planetologia é um exemplo claro desse processo. Eddington e o eclipse de 1919 na ilha do Príncipe Paulo Crawford (CAAUL/FCUL) O grande triunfo da Teoria da Relatividade Geral teve lugar após a observação do encurvamento dos raios luminosos, durante o eclipse de 29 de Maio de 1919, realizada por Arthur Stanley Eddington (1882-1944) na ilha do Príncipe e Andrew Crommelin no Sobral, Brasil. Quando em Novembro desse ano é anunciado em Londres que estas medidas confirmavam as previsões da teoria da Relatividade Geral, Einstein é aclamado como o génio que destronou Newton. Einstein, torna-se de um dia para o outro, aos olhos da opinião pública, no maior e mais famoso cientista de sempre, com a popularidade de uma estrela de cinema, cujas opiniões científicas, políticas ou morais passam a ser escutadas com respeito e admiração. Se a recepção da teoria da relatividade, nas suas versões restrita e geral, tem recebido grande atenção da parte da comunidade internacional de historiadores da ciência, o caso português tem sido pouco estudado no contexto internacional. No plano nacional, este tópico tem recebido atenção principalmente no que respeita à recepção da teoria por parte da comunidade de matemáticos. Nesta palestra darei a conhecer algumas contribuições recentes que apresentam uma outra faceta desta história. Com efeito, o impacto da observação do eclipse de 1919 e de outras actividades associadas à apropriação da “nova física” no nosso país, particularmente junto da comunidade astronómica portuguesa, está especialmente associado aos astrónomos do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL) e à preparação da expedição britânica à ilha do Príncipe. É essa nova leitura da História que apresento nesta comunicação. Quarenta anos depois das missões Apollo, que trouxeram para a Terra amostras de rochas e solo lunar, todas as questões sobre a história geológica da Lua estão resolvidas. Todas? Não. De facto, muitas resistem ainda à curiosidade dos cientistas... Apesar das pistas encontradas nas rochas lunares (e que levaram à consagração da teoria do impacto gigante para a origem do nosso satélite), há ainda muitos mistérios por resolver, e muitas perguntas por colocar. O regresso à Lua, que se tem vindo a dar aos poucos, vai oferecer a ocasião de perceber melhor o que se passou por lá (crosta primitiva, formação dos mares, vulcanismo, crateras e mais crateras...), e o que tem a Lua a oferecer aos seres humanos e à sua vontade e necessidade de explorar o Sistema Solar. O Ciclo Solar 24 Mário Ramos (NUCLIO) Em Março de 2006 a NASA anunciava a chegada oficial do mínimo solar. Mausumi Dikpati do National Center for Atmospheric Research (NCAR) apresentava um modelo de previsão para o ciclo solar 24 que apontava no sentido de este ser um dos mais intensos dos últimos 200 anos. Dois meses mais tarde, David Hathway, físico solar da NASA, apresentava evidências para que, afinal, o ciclo 24 fosse menos intenso do que o anterior. No entanto, ambos partilhavam a ideia que colocava o máximo solar cerca de 2012. Em Maio deste ano, após uma prolongada e total ausência de manchas solares, a NASA corrigiu as previsões para o Ciclo 24, baixando a sua intensidade e colocando o máximo em 2013/2014. Teimosamente, o Sol continua sem sinais de actividade. A Lua, as crateras e o gelo José Saraiva (CERENA/IST) Muito se tem falado nos últimos tempos da existência de gelo na Lua. A substância, a tão comum água da Terra, representa um importante factor na eventual exploração da Lua nas próximas décadas. Saber onde é que ela está e em que quantidades será determinante para a localização de uma futura base lunar. No dia 9 de Outubro ocorre o impacto da sonda LCROSS na superfície da Lua; esta missão atingirá uma cratera onde se supõe que existe água congelada, e desta forma tentará responder às questões que ainda se colocam sobre esta, à primeira vista, estranha relação. Foi também revelada recentemente a possível presença de água na Lua, mas noutra forma completamente diferente: na estrutura de alguns minerais. Embora esta água não se apresente numa forma directamente utilizável, a sua existência relança o debate sobre as condições de formação e a própria evolução do nosso satélite. Sob o signo de Galileu: evolução no passado, novos horizontes no presente e perseverança no futuro da Astronomia José Afonso (CAAUL/OAL/FCUL) Galileu, com os seus métodos de estudo e a aplicação do telescópio ao estudo dos céus, marca uma mudança radical na Ciência. Nos 400 anos que se seguem o estudo dos céus progride a uma velocidade alucinante, e estamos hoje no limiar de uma nova revolução no conhecimento. Armados com telescópios e instrumentos que jamais passaram no imaginário de Galileu, antecipamos, para os próximos anos, a observação do nascimento da primeira luz do Universo, a transição da "Idade das Trevas" para a "Idade da Luz". Nesta conferência discutirei como a Astronomia se dirige, ainda e sempre sob o signo de Galileu, para a revelação que marcará uma época. |
Sejam felizes todos os seres.
Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.
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