quinta-feira, 10 de junho de 2010

O MEIO DIVINO - TEILHARD de CHARDIN

O MEIO DIVINO 

- Pierre Teilhard de Chardin

 
"Não esqueçamos que a alma humana por mais criada à parte que a nossa filosofia a imagina, é inseparável, no seu nascimento e na sua maturação, do Universo onde nasceu. Em cada alma Deus ama e salva parcialmente o Mundo inteiro, resumido nesta alma dum modo particular e incomunicável".

"O Mundo, pelos nossos esforços de espiritualização individual, acumula lentamente, a partir de toda a matéria, o que fará dele a Jerusalém celeste ou a Terra nova. Pela nossa colaboração que ele suscita, Cristo consuma-se, atinge a sua plenitude, a partir de toda a criatura".

"Imaginávamos talvez que a Criação acabara já há muito. Erro. Ela continua cada vez mais ativa, e nas zonas mais elevadas do Mundo. E é para o acabar que nós servimos, mesmo por meio do trabalho mais humilde das nossas mãos. É este, em suma, o sentido e o valor dos nossos atos. Em virtude da interligação Matéria-Alma-Cristo, façamos o que fizermos, nós levamos a Deus uma porção do ser que ele deseja. Mediante cada uma das nossas obras, nós trabalhamos muito parcelarmente mas realmente na construção do Pleroma, isto é, contribuímos um pouco para o acabamento de Cristo".

"Cada uma das nossas obras, pela repercussão mais ou menos distante e direta que tem sobre o Mundo espiritual, concorre para perfazer Cristo na sua totalidade mística. Oxalá chegue o tempo em que os Homens, bem conscientes da estreita ligação que associa todos os movimentos deste Mundo no único trabalho da Encarnação, não possam entregar-se a nenhuma das suas tarefas sem as iluminar com esta idéia distinta, a saber, que o seu trabalho, por mais elementar que seja, é recebido e utilizado por um Centro divino do Universo!"

"As forças de diminuição são as nossas verdadeiras passividades. O seu número é imenso, as suas formas infinitamente variáveis, a sua influência contínua. Em certo sentido, é de pouca importância o escaparem-se-nos as coisas, porque podemos sempre imaginar que elas nos voltarão às mãos. O terrível para nós é o escaparmos nós às coisas por uma diminuição interior e irreversível. Humanamente falando, as passividades de diminuição internas formam o resíduo mais negro e mais desesperadamente inutilizável dos nossos anos".

"Tomada no seu sentido mais alto de generalidade, a doutrina da Cruz é aquela a que adere todo o homem persuadido de que, perante a imensa agitação humana, se abre um caminho em direção a uma saída, e que este caminho é a subir. A vida tem um termo: portanto exige uma direção de marcha, que de fato se encontra orientada para a mais elevada espiritualização por meio do maior esforço".

"Deus revela-se em toda a parte aos nossos tateios, como um meio universal, por ser o ponto último onde convergem todas as realidades. Cada elemento do Mundo, seja ele qual for, só subsiste, hic et nunc (aqui e agora), à maneira de um cone cujas geratrizes se unissem (no termo da sua perfeição individual e no termo da perfeição geral do Mundo que as contém) em Deus que as atrai".

"A camada humana da Terra está inteira 
e perpetuamente sob o influxo organizador de Cristo encarnado".
"O progresso do Universo, e especialmente do Universo humano, não é uma concorrência feita a Deus, nem um esbanjar vão das energias que ele nos deu. Quanto mais o Homem for grande, tanto maior a Humanidade será unida, consciente e senhora da sua força, – quanto mais bela for a Criação, tanto mais a adoração será perfeita, tanto mais Cristo encontrará, para acrescentamentos místicos, um Corpo digno de ressurreição". 
 
 Fonte :http://teilharddechardin.blogspot.com/2009/09/trechos-de-o-meio-divino-pierre.html

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