Cidade: Ponte de Lima
De simples espaços decorativos para desafios à criatividade, os jardins do festival de Ponte de Lima transformaram a vila minhota. Até finais de outubro, poderá escolher o seu preferido
para ver as 11 imagens )
15:30 Terça feira, 31 de Mai de 2011 |
Quando recebeu a candidatura, Eva Barbosa nem queria acreditar. Logo recordou as palavras do jardineiro, proferidas no ano anterior: "Agora só falta plantarmos árvores de pernas para o ar!" Essa era a proposta, afinal, do Jardim das Avestruzes o preferido do público em 2007.
Estávamos nas primeiras edições do Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima (FIJPL), iniciado em 2005, e cada projeto constituía um bicho-de-setecabeças para a equipa camarária responsável pela sua execução.
A imaginação não tinha limites.
"Tivemos desafios enormes.
Ficamos viciados no trabalho",
conta a coordenadora.
A aprendizagem tem sido uma constante do festival. E a sétima edição, sob o tema A Floresta no Jardim, com inaugurada no passado dia 27, não é exceção.
Existem tubos de plástico a imitar lianas, livros pop-up a irromper da vegetação, casas de madeira fumegantes ou pegadas de lince ibérico, gravadas de um exemplar do zoo. Soluções engenhosas a exigir grande dedicação de serralheiros, carpinteiros e jardineiros.
De mangas arregaçadas e gotas de suor a correr pela testa, um deles confirma: "Há sempre alguma ansiedade para ver o que vai surgir de novo e como poderemos dar a volta aos problemas. Mas é muito gratificante, o festival projeta o nome de Ponte de Lima."
PRIMEIRO ESTRANHA-SE, DEPOIS ENTRANHA-SE
Na margem sul do rio Lima, onde era uma tradicional quinta minhota, situada entre as duas pontes centrais da localidade, nasceu o FIJPL. Uma viagem ao festival de Chaumont-sur-Loire, em França, pelo executivo camarário de Ponte de Lima, foi decisiva para a importação do conceito. "Eles recebiam cerca de 300 mil pessoas por ano e viviam à custa daquilo", diz Victor Mendes, presidente da câmara.
Na margem sul do rio Lima, onde era uma tradicional quinta minhota, situada entre as duas pontes centrais da localidade, nasceu o FIJPL. Uma viagem ao festival de Chaumont-sur-Loire, em França, pelo executivo camarário de Ponte de Lima, foi decisiva para a importação do conceito. "Eles recebiam cerca de 300 mil pessoas por ano e viviam à custa daquilo", diz Victor Mendes, presidente da câmara.
O receio de as candidaturas não corresponderem ao conceito pretendido jardins com uma ligação às artes, em função de um tema dissiparam-se rapidamente ao abrirem as propostas.
Contudo, apesar da adesão, o público português reagiu ao festival com estranheza. "Estavam à espera de jardins mais convencionais", lembra Eva, "hoje já compreendem este lado mais artístico". Vê-se pelo número de visitantes, 100 mil em 2010.
A população também começou por um acolhimento frio. "Pensavam que seria um buraco financeiro. Mas, além do retorno económico que obtém, é quase autossuficiente", afirma o autarca.
A mensagem de conservação e de valorização paisagística implícita no certame conquistou muitos adeptos ao longo dos anos.
Ponte de Lima é agora um exportador de jardins, já que outras localidades podem candidatar-se a acolher nos seus espaços públicos alguns dos projetos exibidos durante o certame. Foi o caso de Serpa, Ourense, Vigo e Kamptal, na Áustria.
"É uma maneira
de divulgarmos o festival",
defende Eva Barbosa.
E de prolongarem a vida
de criações muito especiais.
INSPIRAÇÃO MADURA
Os temas, com uma ligação a problemáticas atuais veja-se 2011, Ano Internacional da Floresta são suficientemente abertos para deixarem a imaginação correr. O concurso decorre ao mesmo tempo que o festival vão abrir agora as candidaturas para 2012. A 31 de outubro, data da sua conclusão, termina também o prazo para a receção das propostas. No mês seguinte, um júri composto por arquitetos paisagistas, artistas e engenheiros agrónomos faz a análise e seleção dos projetos.
Os temas, com uma ligação a problemáticas atuais veja-se 2011, Ano Internacional da Floresta são suficientemente abertos para deixarem a imaginação correr. O concurso decorre ao mesmo tempo que o festival vão abrir agora as candidaturas para 2012. A 31 de outubro, data da sua conclusão, termina também o prazo para a receção das propostas. No mês seguinte, um júri composto por arquitetos paisagistas, artistas e engenheiros agrónomos faz a análise e seleção dos projetos.
Entre outras considerações, têm em conta a abordagem do tema, os materiais a utilizar, a segurança e a resistência dos jardins ao longo de seis meses. Logo em 2006, o primeiro ano em que abriram candidaturas, receberam 19 propostas. Este ano, foram 58 oriundas de 12 países, das quais foram selecionadas 11.
À segunda tentativa, José Torres viu um jardim selecionado: Memórias da Floresta. Engenheiro agrónomo, com empresa ligada ao paisagismo, viu no festival um palco privilegiado do seu trabalho. "Estudei em Ponte de Lima e este evento diz-me muito. É interessante dar o nosso contributo."
A montagem dos jardins começa logo em janeiro, para ficarem concluídos no final de abril.
Nem todos os projetos têm o acompanhamento dos próprios autores, muitos são executados inteiramente por uma equipa camarária, com base nas indicações fornecidas. "Deixamos à consideração dos candidatos. Seja como for, damos todo o apoio", diz Eva Barbosa.
Uma preocupação constante é a reciclagem do material existente de anos anteriores, nem que tenham de fazer alterações ao projeto inicial, com a concordância do autor.
O VOTO DO PÚBLICO
Eva Barbosa aconselha mais de uma visita ao festival, adquirindo o passe anual, de dois euros. "Os jardins modificam-se completamente, passam por diversas etapas ao longo destes seis meses e todas elas são interessantes." Uma tabuleta à entrada indica os autores, a mensagem implícita e os materiais utilizados. "Para grande parte, a mensagem é secundária, o que é uma pena. É fundamental ler para valorizar alguns pormenores."
Eva Barbosa aconselha mais de uma visita ao festival, adquirindo o passe anual, de dois euros. "Os jardins modificam-se completamente, passam por diversas etapas ao longo destes seis meses e todas elas são interessantes." Uma tabuleta à entrada indica os autores, a mensagem implícita e os materiais utilizados. "Para grande parte, a mensagem é secundária, o que é uma pena. É fundamental ler para valorizar alguns pormenores."
A cada visitante é dado um boletim de voto para escolher a sua criação preferida. "É uma maneira de as pessoas ficam mais atentas, vemos famílias inteiras a discutirem o seu voto." O jardim mais votado pelo público no certame mantém-se em exposição por mais um ano.
É o caso de Kaos Suspenso,
o vencedor de 2010, um labirinto de cabos de ferro,
pontuado por plantas e rodeado de espelhos,
feito por portugueses.
A coordenadora do FIJPL aprendeu a não fazer prognósticos, os gostos do público podem ser uma surpresa. "Normalmente preferem jardins com muita cor e que possam usufruir, brincar e tocar." A edição de 2012, subordinada ao tema Jardins p'ra Comer será, por isso, aguardada com expectativa. "Devemos esgotar as plantas comestíveis."
FESTIVAL INTERNACIONAL DE JARDINS DE PONTE DE LIMA
27 Mai-31 Out: Seg-Sex 10h-12h, 13h30-19h, Sáb-Dom 10h-19h
Jul-Ago: Seg-Dom 10h-20h
Entrada: €1 (grátis menores de 12 anos)
Passe anual €2
Fonte:
VISÃO Verde
http://aeiou.visao.pt/sensibilidade-a-flor-da-pele=f605525
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.
Nenhum comentário:
Postar um comentário